terça-feira, 21 de maio de 2013

Eu Não Quero Voltar Sozinho e a Sociologia



Realista, humano, delicado. Embora inúmeros adjetivos possam ser atribuídos ao filme, a história parte do velho clichê do amor adolescente. O curta-metragem de 2010, dirigido por Daniel Ribeiro acabou censurado no Acre, depois de ser exibido em escolas dentro do projeto Cine Educação. Os políticos da região, pressionados por líderes religiosos locais, conseguiram proibir sua exibição nas escolas, erroneamente alegando que o curta fazia parte do Kit Anti-homofobia, um material didático preparado pelo Ministério da Educação e que também acabou proibido.
A deficiência visual do protagonista, embora seja um tema socialmente sensível, passa despercebido depois que se revela o fato de que Léo se apaixona pelo colega Gabriel, que corresponde ao afeto com um beijo.
Toda a problemática do curta gira em torno da sua abordagem do tema da homossexualidade, embora seja sincera e realista. Quem está em sala de aula percebe que a história contada no filme é um relato bastante fiel daquilo que presenciamos em termos de namoro por parte dos alunos, de qualquer orientação sexual.
O que torna o filme tão “chocante”, por assim dizer, é a questão do beijo entre os meninos. Um verdadeiro tabu. À alguns anos, na novela América, os personagens Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro) se revelaram homossexuais e a cena do beijo, apesar de gravada, jamais foi ao ar, devido ao fato de que este é uma imagem ainda chocante para as famílias brasileiras, apesar da frequente erotização das novelas. O beijo gay masculino choca mais do que um concurso nos domingos à tarde para escolher a “nova loira do Tchan”, onde as performances são aferidas exclusivamente pela capacidade de sincronizar o movimento de nádegas colossais ao som de música de estética duvidosa e conteúdo extremamente machista.

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