terça-feira, 7 de abril de 2009

Matrix rodando em Windows - vídeo

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UNE e UBES apoiam fim do vestibular e cobram assistência estudantil

A luta pelo fim do vestibular, travada pelas entidades estudantis e outras vinculadas à educação, ganhou novo impulso. UNE e UBES se opõem ao vestibular por considerá-lo elitista, uma barreira sócio econômica e injusto, posto que numa única oportunidade coloca em xeque o futuro do estudante. Os estudantes cobram uma avaliação única que avance na instituição de um sistema nacional. O MEC planeja que o ENEM seja a prova nacional, que valerá para todas as universidades federais que aderirem, e os estudantes poderão ingressar na universidade compatível com a classificação obtida.

Pelo fim das cotas para a Globo

por Odair Rodrigues*
A revista Época, que pertence às empresas Globo, estampa como matéria de capa da edição 568 o longo título “Cotas: Reservar vagas na universidade para negros, índios ou pobres é uma solução – ou cria mais problemas?”. Na página 82, o mesmo título é precedido da seguinte pergunta “Cotas para quê?”.
O artigo assinado por Leandro Loyola, Nelito Fernandes, Margarida Telles e Francine Lima desenvolvem um texto preconceituoso, cheio de distorções históricas, geopolíticas, étnicas, culturais e racistas para justificar o ódio de classe declarado, indisfarçavelmente, desde a chamada da capa.


Em defesa de poucos


Os autores do texto não escondem em nome de quem estão falando. Contam, logo no primeiro parágrafo, a história de um engenheiro que estudou no Colégio Santo Agostinho, segundo os autores, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, cuja mensalidade para o ensino médio está entre R$1000,00 e R$1500,00, sem contar o preço de material, transporte e alimentação. O rapaz reclama que “sua vaga” em uma universidade pública foi “perdida” para cotistas. Tomam o particular como geral e assumem declaradamente a defesa exclusiva dos poucos que podem pagar mensalidades escolares maiores que rendimentos de famílias inteiras.


Mentindo sobre o horror


Um dos pontos mais execráveis da matéria, na página 84, é afirmar que “o Brasil não conhece formas mais radicais e violentas de racismo” isso é tão absurdo quanto afirmar formas suaves de tortura, estupro, assassinato, sequestro e segregação sofrida pelos negros e índios ao longo da história brasileira. Fazem uma análise histórica rasteira, como se o passado não influenciasse na realidade do presente. Erram grosseiramente ao afirmar que o Brasil nunca teve leis segregacionistas nem conflitos raciais.


A globo parece concorrer com a Folha de São Paulo que cunhou o infeliz neologismo” ditabranda” sobre a Ditadura Militar de 1968. Fingem desconhecer perguntas básicas para qualquer aluno do ensino médio de escola púbica: qual origem das favelas? E dos quilombolas que lutam para ter sua terra reconhecida? Por que as mulheres negras são discriminadas triplamente de norte a sul desse país? Quantos negros são editores de jornalismo, donos de banco, de montadoras, juízes, médicos, generais, ministros?O escritor romântico, deputado e escravista José de Alencar, em textos reunidos no livro Cartas a Favor da Escravidão - Editora Hedra, 2008 – foi mais honesto que os jornalistas globais ao afirmar que os negros foram os agentes da riqueza brasileira, fato não citado em nenhum momento no artigo racista da revista Época.


Geopolítica serrista


Usando dados geopolíticos aparentemente colhidos nos livros distribuídos pela Secretaria de Educação de São Paulo, associam grosseiramente o genocídio ocorrido em Ruanda, a violência étnica na Índia entre outros absurdos para apresentar as políticas públicas de cotas nas universidades como geradoras de racismo. Ou seja, não há racismo violento mas haverá se essa política continuar sendo aplicada no Brasil. Resta perguntar quem será o agente dessa ameaça.


Ataque às entidades populares


A matéria que se estende por oito páginas, além da capa, ataca entidades organizadas que reivindicam cotas para negros, índios e outras comunidades carentes. Há propaganda do projeto de autoria do Senador Marcos Perillo do PSDB/GO, que descaracteriza a política de cotas e usam a fala do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) para dar amparo legal contra as políticas públicas de reparação social.Nenhum parlamentar a favor das cotas foi entrevistado. As falas de representantes das entidades são sempre acompanhadas de comentário pejorativos. Não contentes, demonstram indignação pela organização popular.


Fim das cotas de publicidade para a Globo


A revista que veicula essa matéria tem duas propagandas do Governo Federal em espaço nobre de suas páginas. A empresa que a edita recebe uma parcela considerável das cotas de publicidade pública, portanto com dinheiro de negros, negras e pobres atacados pela matéria. As empresas Globo preferem dar destaque ao ridículo “dia internacional da guerra de travesseiros” à abrir debate sobre a Conferência Nacional de Comunicação. Silencia sobre a atual legislação, não cumprida, sobre cotas de produção de audiovisual regional, a função social da comunicação, o direito de acesso à informação plural, as irregularidades de ser detentora de rádio, televisão, tv a cabo, conteúdo de internet e jornais impressos.À Globo não interessa discutir as cotas que verdadeiramente interessam. Por isso propomos o fim das cotas de publicidade pública para esta e qualquer outra empresa de comunicação até a realização da Conferência Nacional de Comunicação, precedidas das respectivas conferências regionais e estaduais.


Uma questão de Classe


A categoria de povo não é abstrata; é formada por sujeitos sociais, econômicos, culturais e linguísticos. Não é a caricatura pasteurizada divulgada pelos civitas, frias, marinhos, mesquitas e seus mercenários da palavra. Nós, os negros, índios e pobres atacados em sua história pelas organizações Globo, através da matéria publicada na Época, não devemos abrir mão da parcela considerável de riqueza produzida no país.Nós, não podemos nos silenciar diante das aberrações escritas por mercenários a serviço de uma classe social que preconiza o caos e o ódio a cada direito conquistado com luta. É uma questão de classe e não étnica que está em jogo.


Audiência Pública pela Democratização da Comunicação

Dia 27 de abril de 2009, às 9 hs da manhã, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, ocorrerá uma Audiência Pública sobre Controle da Internet e Democratização dos Meios de Comunicação.O evento é promovido pela Comissão Paranaense Pró-Conferência Nacional de Comunicação e diversas entidades, além de representantes do Vermelho no Estado.

*Odair Rodrigues, Lingüista, professor e fotógrafo.

Chávez elogia discurso de Obama contra armas nucleares

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, elogiou, nesta terça-feira (7), a proposta feita por seu homólogo norte-americano, Barack Obama, de combater a proliferação de armas nucleares.
"Obama disse que o século passado foi de conflitos, e que o atual deve ser de paz. Foi uma boa afirmação", disse Chávez, que concedeu uma entrevista coletiva em Tóquio, no último dia de sua visita oficial ao Japão, onde assinou acordos de cooperação na área de energia no valor de US$ 33,5 bilhões. "Agora eu me atrevo a estender a Obama a mão e dizer a ele que venha para este lado, o dos que desejam de verdade um mundo em paz, dos que amam de verdade a humanidade", afirmou Chávez. Segundo o mandatário, o fato de "o único país que atacou outro com bombas atômicas" ter lançado um chamado para um mundo sem armas nucleares "é estimulante". O presidente fez referência ao ataque norte-americano às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que foram surpreendidas em agosto de 1945 com o lançamento de duas bombas nucleares, as primeiras e únicas utilizadas em guerra. "O governo de (George W.) Bush era regido pela loucura, a irracionalidade, a imoralidade. O governo de Obama dá alguns sinais positivos que é preciso reconhecer", comparou o venezuelano.No domingo, durante um discurso em Praga, na República Tcheca, onde participou de uma reunião entre Estados Unidos e União Europeia, Obama afirmou que seu país deveria assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e pediu à comunidade internacional que incentive políticas de desarmamento. Chávez também elogiou a atitude dos Estados Unidos de "se desculparem pela utilização das bombas sobre o Japão, no final da Segunda Guerra Mundial". Questionado sobre o lançamento de um foguete feito pela Coreia do Norte também no domingo, ele disse compartilhar da posição russa, segundo a qual "é preciso ter paciência e prudência" para tratar da questão, que é discutida pelo Conselho de Segurança da ONU. O mandatário também garantiu não ter "preconceitos" em relação ao governo de Obama. Ele disse que, por ora, está "apenas observando" a atuação da Casa Branca sob a nova direção, e admitiu que "tudo é possível, inclusive vínculos mais estreitos e diálogos" com Washington. "Isso não seria possível, por exemplo, com o governo de George W. Bush, que tentou acabar com o socialismo na Venezuela e em Cuba", afirmou Chávez. O mandatário disse ainda que o socialismo é a "solução" para os males do mundo, e sustentou que "até Jesus era socialista, pois multiplicava os pães e os peixes, como faz o socialismo", referindo-se ao feriado da Páscoa, no domingo. Encerrada a visita ao Japão, Chávez segue agora para a China, onde deverá assinar acordos de investimentos estimados em US$ 4 bilhões. Este será o quarto país visitado pelo venezuelano em duas semanas, depois de Catar, Irã e Japão.Chávez esteve pela última vez na China há apenas sete meses, com o objetivo de fortalecer a aliança estratégia entre o primeiro produtor de petróleo da América do Sul e o gigante asiático."Há um parto histórico que está fazendo nascer um mundo novo, um novo equilíbrio, uma nova ordem mundial, o mundo pluripolar com o que tanto sonhamos há muito tempo", afirmou Chávez à imprensa ao chegar ao aeroporto de Pequim proveniente de Tóquio."Veio abaixo o poder do império dos Estados Unidos, Mao Tsé Tung acabou tendo razão. Em contrate com o tigre de papel do império, se levantam os novos polos do poder mundial, Pequim, Tóquio e Teerã", afirmou.A respeito de sua visita, afirmou que ela se destina a objetivos concretos em três áreas: fornecer à China um milhão de barris de petróleo diários para 2013, a instalação de refinarias venezuelanas em território chinês e a criação de uma empresa petroleira binacional.

'BBB9': preconceitos e desvalorização da condição humana

É de impressionar a capacidade que nossa caixinha mágica tem de expor pessoas ao ridículo, fustigar valores universais como crença e etnia, trazer à tona velhos preconceitos e provocar na audiência a adesão a um tipo de humor de desvalorização da condição humana.

Por Washington Araújo, no Observatório da Imprensa
É o que vem acontecendo com o Big Brother Brasil, já em sua 9ª edição, ao manter confinado um número de pessoas que busca o prêmio maior de R$ 1 milhão e prêmios menores, que incluem uma casa, vários carros, dezenas de celulares, computadores etc., toda essa vitrine de dar água na boca de seus ávidos consumidores, que chegam embalados pelo marketing dos produtos que patrocinam o "programa".

A inovação desta edição (pode até ter começado na edição 2008) é a criação de castigos semanais a serem cumpridos por um ou mais dos participantes. É aqui que está o ponto. Em geral, o escolhido precisa vestir uma roupa especial por um período de tempo que pode chegar a 48 horas, é privado de algum conforto físico e recebe o comando de realizar uma tarefa a cada toque de uma sirene. O que se espera dos "escolhidos"? Ora, que fiquem irritadiços, cansados e prestes a ter um ataque de nervos.

A carga negativa dos "castigados" se volve primeiro para quem os indicou e depois transborda para o grupo. Ou seja, o castigo abre margem para muita discórdia. O BBB é um programa que fatura (e muito) expondo as mazelas da condição humana e é alavancado pelo nível de discórdia que impeça um clima mínimo de civilidade e bom relacionamento social dentro da casa da Globo em Jacarepaguá.

Se fosse índio, me sentiria ofendido

Voltemos aos castigos. Estes são, na maioria das vezes, infames. Vejamos alguns deles:

Um casal deve se vestir de índios (obviamente índios norte-americanos, com modelos, plumas, colares e cores dificilmente encontráveis em qualquer nação indígena no Brasil) e são obrigados a fazer a dança da chuva cada vez que toca o sinal. A maneira como uma longeva tradição indígena é retratada é uma forma pouco sutil de ridicularizar os povos indígenas e passa a mensagem de quão ingênuos (para não dizermos outro adjetivo) estes são.

Não é de hoje que a cultura indígena é objeto de escárnio da auto-proclamada civilização branca. Alguns exemplos? Quando alguém não tem o que fazer numa noite de 3ª ou 5ª feira o que diz que vai fazer? Um programa de índio. Algo muito desinteressante, sem graça que… somente poderia ser feito por um ou mais índios. Quando alguém fala um português sem dominar a gramática e sem muita noção do uso deste ou daquele vocábulo como o sujeito é referido? Ah, ele fala igual a um índio.

Depois dessa exposição caricata e pejorativa para com os valores dos primeiros habitantes das Américas, ainda temos que conviver com a hipocrisia ensinada em muitas das nossas escolas que respeitamos nossos índios, valorizamos seus costumes, admiramos suas crenças. Entendo que o castigo imposto ao casal para dançar dezenas de vezes a dança da chuva, a caráter, é de um ridículo somente superado pelos castigos posteriormente apresentados no mesmo programa.

Se fosse índio me sentiria bastante ofendido e entraria com uma representação na esfera do Judiciário. Provavelmente não daria em nada tal representação, mas ao menos vocalizaria minha dor, embora com muito menor visibilidade que aquela alcançada pelo programa apresentado por Pedro Bial e seus heróis.

Os tropeções da História

Há poucos dias, uma participante foi escolhida para o tal castigo do monstro. A jovem deveria, vestida de galinha (isso mesmo, de galinha), chocar um ovo no jardim sempre que escutasse o som de pintinhos. Isso seria cumprido à risca por 48 horas.

Como seria bom se a azarada selecionada para a performance pudesse dizer em alto e bom som: "Recuso-me a me vestir de galinha porque não sou galinha. Recuso-me a chocar ovos porque não sendo uma galinha não é inerente à minha condição humana. Peço que bolem outra tarefa menos ridicularizante de minha condição de mulher."

Um discurso desses dificilmente — se não, impossível — alguém iria ouvir da boca de uma jovem sequiosa para conquistar o seu sonhado R$ 1.000.000,00. Mas seria um discurso verdadeiro. O castigo traz consigo uma realidade que não quer calar em nosso país: somos machistas e não conseguimos fingir o contrário por muito tempo. Claro que poderia ter sido escolhido um homem para cumprir o castigo. Mas, digam-me, senhores leitores, sendo um homem aquele a escolher quem vai se expor ao ridículo por dois longos dias, será que lhe passaria pela cabeça optar por um homem?

Os preconceitos contra as mulheres vêm de muito longe. Estão em textos sagrados: São Paulo advertia contra as mulheres. Santo Tomás de Aquino afirmava ser a mulher um ser "ocasional" e "acidental". No Livro de Provérbios (11:22), a mulher é redimida enquanto posse do homem: "A mulher virtuosa é a coroa de seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão de seus ossos." Encontram-se em textos dos filósofos: Eurípedes (485-406 a.C.) toma Hipólito como seu alter ego e argumenta, ardoroso, que "a mulher é um flagelo desmedido que posso provar; o pai que a gera e cria estabelece um dote a quem a leve, a quem o livre de tamanha praga!"; já Virgílio (70-19 a.C.) define a mulher como sendo sempre "coisa variável e mutável".

Ninguém menos que o renomado Montaigne (1533-1592) insiste em deixar às mulheres os afazeres domésticos: "A ciência e ocupação mais útil e honrosa para uma mulher é o governo da casa." E depois ele escreveria que o papel da mulher seria o de "sofrer, obedecer, consentir." Enquanto a História avança, Voltaire (1674-1778) invocava um argumento pseudo-biológico para explicar a "inferioridade" da mulher: "o sangue delas é mais aquoso." Risível é a História. Mais risível ainda é nossa predisposição a realçar os tropeções da História. E isso o formato Big Brother Brasil vem fazendo à larga.

A humanidade assemelha-se a um pássaro

E contra estes cânones do pensamento universal não precisaríamos reforçar percepções tão incorretas e injustas sobre a mulher, seu potencial, seus infinitos talentos, sua certeira inteligência e sempre presente intuição — aliás, é corrente adjetivar a intuição como uma faculdade inerente à mulher.

Será que Boninho, o diretor-geral do BBB9, e sua equipe, não poderiam se dar ao castigo (sim, me parece que a esses gênios da raça pesquisar a história seria um trabalho muito longe de algo reputado como prazeroso) de inventar outras formas de entreter o público, mantendo os polpudos patrocínios amealhados com um programa que reforça o que há de mais ridículo na natureza humana, qual seja, criar estereótipos depreciativos da condição humana e reforçar atitudes e comportamentos de rebaixamento da mulher ante o homem?

Nunca é tarde para aprendermos que a humanidade assemelha-se a um pássaro; uma asa é o homem e outra asa é a mulher. Um pássaro não pode alçar vôo sem o equilíbrio das duas asas.

Charge de Paixão para Gazeta do Povo (PR)