quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estudantes Secundaristas do Colégio Garrastazu Médici fazem exposição sobre Marighella e querem mudar o nome da escola


Eis uma grande história: estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, fizeram uma exposição sobre o conterrâneo Marighella. Batizaram-na “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”.
No vídeo, a professora de sociologia Maria Carmen mostra o trabalho de seus alunos.
“Seu livro foi uma base e uma inspiração para este trabalho”, ela disse a Mário Magalhães, comovendo-o. (Clique aqui para ler sobre a obra “Marighella – o Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo”)
Há um movimento para mudar o nome do estabelecimento para Carlos Marighella. Médici era o ditador cujo governo torturava e matava seres humanos. Foi no seu mandato que ao menos 29 agentes da ditadura, armados até os dentes, assassinaram Marighella, desarmado.
A professora Carmen e seus alunos orgulham a Bahia e o Brasil. Quem mantém um colégio com tal nome se iguala a qualquer fanático que, na Alemanha, pretenda erguer uma escola chamada Adolf Hitler.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Não penso, logo relincho - Carta Capital

Um pequeno glossário com a lista dos principais clichês repetidos pelas redes sociais para justificar, no discurso, um mundo de violência e exclusão
por Matheus Pichonelli publicado 26/11/2013 15:09, última modificação 26/11/2013 15:34 
 
Dizem que uma mentira repetida à exaustão se transforma em verdade. Pura mentira. Uma mentira repetida à exaustão é só uma mentira, que descamba para o clichê, que descamba para o discurso. E o discurso, quando mal calibrado, é o terreno para legitimar ofensas, preconceitos, perseguições e exclusões ao longo da História. Nem sempre é resultado da má fé. Por estranho que pareça, é na maioria das vezes fruto da indigência mental – uma indigência mental que assola as escolas, a imprensa, as tribunas, as mesas de bares, as redes sociais. Com os anos, a liberdade dos leitores para se manifestar sobre qualquer assunto e o exercício de moderação de comentários nos levam a reconhecer um clichê pelo cheiro. Listamos alguns deles abaixo com um apelo humanitário: ao replicar, você não está sendo original; está apenas repetindo uma fórmula pronta sem precisar pensar sobre tema algum. E um clichê repetido à exaustão, vale lembrar, não é debate. É apenas relincho*.

“Negros tem preconceitos contra eles mesmos”
Tentativa clássica de terceirizar o próprio racismo, é a frase mais falada das redes sociais durante o Dia da Consciência Negra. É propagada justamente por quem mais precisa colocar a mão na consciência em datas como esta: pessoas que nunca tomaram enquadro na rua nem foram preteridas em entrevistas de emprego sem motivos aparentes. O discurso é recorrente na boca de quem jamais se questionou por que a maioria da população brasileira não circula em ambientes frequentados pela elite financeira e intelectual do País, como universidades, centros culturais, restaurantes, shows e centros de compra. Tem a sua variação homofóbica aplicada durante a Parada Gay. O sujeito tende a imaginar que Dia Branco e Dia Hétero são equivalentes porque ignora os processos históricos de dominação e exclusão de seu próprio país.

“Não precisamos de consciência preta, parda ou branca. Precisamos de consciência humana”
Eis uma verdade fatiada que deixa algumas perguntas no contrapé: o manifestante a exigir direitos iguais não é gente? O que mais se busca, nessas datas, se não a consciência humana? Ou ela seria necessária, com ou sem feriado, caso a cor da pele (ou o gênero ou a sexualidade) não fosse, ainda hoje, fatores de exclusão e agressão?

“Heteros morrem mais do que homossexuais. Portanto, somos mais vulneráveis”
É o mesmo que medir o volume de um açude com uma régua escolar. Crimes como homicídio, latrocínio, roubo ou furto têm causas diversas: rouba-se ou mata-se por uma carteira, por ciúmes, por fome, por motivo fútil, por futebol, mas não necessariamente por causa da orientação sexual da vítima. O argumento é utilizado por quem nunca se perguntou por que ninguém acorda em um belo dia e decide estourar uma barra de ferro na cabeça de alguém só porque este alguém gosta e anda de mãos dadas com alguém do sexo oposto. O crime motivado por ódio contra heterossexuais é tão plausível quanto ser engolido por uma jaguatirica em plena Avenida Paulista.

“Estamos criando uma ditadura gay (ou racial) no Brasil. O que essas pessoas querem é privilégio”
Frase utilizada por quem jamais imaginou a seguinte cena: o sujeito acorda, vê na tevê sempre os mesmos apresentadores, sempre as mesmas pautas, sempre as mesmas gracinhas. No caminho do trabalho, ouve ofensas de pedestres, motoristas e para constantemente em uma mesma blitz que em tese serviria para todos. Mostra documento, RG. Ouve risada às suas costas. Precisa o tempo todo provar que trabalha e paga imposto (além, é claro, de trabalhar e pagar imposto). Chega ao trabalho e é recebido com deferência: “oi boneca”; “oi negão”; “veio sem camisa hoje (quando usa camisa preta)?”. Quando joga futebol, vê a torcida imitando um macaco, jogando bananas ao campo, ou imitando gazelas. E engasga toda vez que vira as costas e se descobre alvo de algum comentário. Um dia diz: “apenas parem”. E ouve como resposta que ele tem preconceito contra a própria condição ou está em busca de privilégio. Resultado: precisamos de um novo glossário sobre privilégios.

“A mulher deve se dar o valor”
Repetida tanto por homens como mulheres, é a confissão do recalque, em um caso, e da incompetência, no outro: o homem recorre ao mantra para terceirizar a culpa de não controlar seus próprios instintos; a mulher, por pura assimilação dos mandamentos do pai, do marido e dos irmãos. Nos dois casos o interlocutor acredita que, ao não se dar o valor, a menina assume por sua conta e risco toda e qualquer violência contra sua pretensão. Para se vestir como quer, andar como quer, dizer e fazer o que quer com quem bem quiser, ouvirá, na melhor das hipóteses, que não é a moça certa para casar; na pior, que foi ela quem provocou a agressão.

“A Lei Maria da Penha não protege os homens da violência feminina”
Na Lua, é possível que a relação entre gêneros seja equivalente. Na Terra, ainda está para aparecer o homem que apanhou em casa porque foi chamado de gostoso na rua, levou mão na bunda, ouviu assobios ou ruídos com a língua sem pedir a opinião da mulher. Também não há relevância estatística para os homens que tiveram os corpos rasgados e invadidos por grupos de mulheres que dominam as delegacias do País e minimizam os crimes ao perguntar: “Quem mandou tirar a camisa?”.
“Se ela se deixou ser filmada, é porque quis se exibir”. Verdade. Mas não leva em conta um detalhe: existe alguém do outro lado da tela, ou da câmera. Este alguém tem um colchão de conforto a seu favor. Se um dia o vídeo vazar, será carregado nos braços como comedor. Ela, enquanto isso, vai a exibida. A puta. A idiota que se deixou ser flagrada. A vergonha da família. A piada na escola. Parece uma relação bastante equilibrada, não?

“O humor politicamente correto é sacal”
É a mais pura verdade em um mundo no qual o politicamente incorreto serve para manter as posições originais ao riso: ricos rindo de pobres, paulistas ridicularizando nordestinos, brancos ricos fazendo troça de mulatos pobres, machões buscando graça na vulnerabilidade de gays e mulheres. As provocações são brincadeiras saudáveis à medida que a plateia não se identifica com elas: a graça de uma piada sobre português é proporcional à distância do primeiro português daquele salão. Via de regra, a frase é usada por quem jura se ofender quando chamado de girafa branca tanto quanto um negro ao ser chamado de macaco. Só não vale perguntar se o interlocutor já foi chamado de “elemento suspeito”, com tapas e humilhações, pelo simples fato de ser alto como o artiodátilo.

“Bolsa Família incentiva a vagabundagem. Pegar na enxada e trabalhar ninguém quer”
Há duas origens para a sentença. Uma advém da bronca – manifestada, ironicamente, por quem jamais pegou em enxada – por não se encontrar hoje em dia uma boa empregada doméstica pelo mesmo preço e a mesma facilidade. A outra origem é da turma do “pegar o jornal e ler além o horóscopo ninguém quer”; se quisesse, o autor da frase saberia que o Bolsa Empreiteiro (que também dispensa a enxada) consome muito mais o orçamento público do que programa de transferência de renda. Ou que a maioria dos beneficiários de Bolsa Família não só trabalha como é obrigada a vacinar os filhos, manter a regularidade na escola e atravessar as portas de saída do programa. Mas a ojeriza sobre números e fatos é a mesma que consagrou a enxada como símbolo do nojo ao trabalho.

“Na ditadura as coisas funcionavam”
Frase geralmente acolhida por pacientes com síndrome de Estocolmo. Entre 1964 e 1985, a economia crescia para poucos, às custas de endividamento externo e da subserviência a Washington; universalização do ensino e da saúde era piada pronta, ninguém podia escolher os seus representantes, a imprensa não podia criticar os generais e a sensação de segurança e honestidade era construída à base da omissão porque ninguém investigava ninguém. Em todo caso, qualquer desvio identificado era prontamente ofuscado com receitas de bolo na primeira página (os bolos eram de fato melhores).
“Você defende direito de presos porque ele não agrediu ninguém da sua família”. É o sofisma usado geralmente contra quem defende o uso das leis para que a lei seja garantida. Para o sujeito, aplicação de penas e encarceramentos são privilégios bancados às custas dele, o contribuinte. Em sua lógica, o Estado só seria efetivo se garantisse a sua segurança e instituísse a vingança como base constitucional. Assim, a eventual agressão contra um integrante de uma família seria compensada com a agressão a um integrante da família do acusado. O acúmulo de experiência, aperfeiçoamento de leis e instituições, para ele, são licença poética: bons eram os tempos dos linchamentos, dos apedrejamentos públicos, da Lei de Talião. Falta perguntar se o defensor do fuzilamento está disposto a dar a cara a tapa, ou a tiro, quando o filho dirigir bêbado, atropelar, agredir e violentar a família de quem, como ele, defende penas mais duras para crimes inafiançáveis.

“A criminalidade só vai diminuir quando tiver pena de morte no Brasil”
Frase repetida por quem admira o modelo prisional e o corredor da morte dos EUA, o país mais rico do mundo e ao mesmo tempo o mais violento entre as nações desenvolvidas. Lá o crime pode não compensar (em algum lugar compensa?), mas está longe de ser varrido junto com seus meliantes.

“Político deveria ser tratado por médico cubano”
Tradução: “não gosto de política nem de médico cubano”. Pelo raciocínio, todo paciente tratado por cubanos VAI morrer e todo político que precisa de tratamento médico DEVE morrer. Para o autor da frase, bons eram os tempos em que, na falta de médico brasileiro, o melhor é deixar morrer – ou quando as leis eram criadas não pelo Legislativo, mas pelo humor de quem governa na canetada.

“Deveriam fazer testes de medicamento em presidiários, não em animais”
Também conhecida como “não aprendemos nada com a parábola do filho Pródigo que tantas vezes rezamos na catequese”. É citada por quem não aceita tratamento desumano contra os bichos, mas não liga para o tratamento desumano contra humanos. É repetida também por quem se imagina livre de todo pecado e das grandes ironias da vida, como um certo fiscal da prefeitura de São Paulo que um certo dia criticou o direito ao indulto de presidiários e, no outro, estava preso acusado de participação na máfia do ISS. É como dizem: teste de laboratório na cela dos outros (ou do filho dos outros) é refresco.

“Por que você não vai para Cuba?”
Também conhecida como “acabou meu estoque de argumentos. Estou andando na banguela”.
 
 
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/nao-penso-logo-relincho-4941.html

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sistema de cotas: um duro golpe na meritocracia

Como todo bom país capitalista que se preze, no Brasil prevalece o velho mito da meritocracia. Se o sujeito se esforça, vai atrás, possui um dom (divino?) e faz bom uso dele, ele terá, sem sombra de dúvidas, sucesso em sua vida profissional.
A meritocracia é um princípio do liberalismo econômico e serve como base de todo o pensamento do "sonho americano." Os milhões de americanos que estão sem emprego hoje, na verdade, são os únicos culpados por seu fracasso. Não quiseram estudar, não tentaram mudar de vida. A crise econômica não tem nada a ver com isso, em absoluto.
No Brasil, hoje vivemos uma experiência de alguns anos do sistema de cotas para ingresso na universidade pública. Cotas estas reservadas para os negros. Mas, afinal de contas, não somos todos iguais?
Claro, biologicamente somos todos iguais. No entanto, socialmente somos diferentes.
O jovem que mora em uma casa confortável, em um bairro nobre da cidade, que acorda, toma um bom café da manhã, acessa sua rede social e vai para a escola de carona no carro do pai é exatamente igual à aquele que mora numa casa simples, numa periferia, que acorda e tem que fazer café para ele e os irmãos, arrumá-los para pegarem o ônibus e então, finalmente chegar à escola? Obviamente que não.
E, se levarmos em conta a cor da pele destes mesmos jovens, qual deles será branco? Qual deles será negro?
Infelizmente as oportunidades para negros e brancos no Brasil não são as mesmas. A imensa maioria das pessoas que moram nas periferias, nas favelas, etc. são negras. E a quase totalidade das pessoas que residem em bairros nobres são brancas.
A escravidão a qual os negros foram submetidos deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Os negros, que com seu trabalho, ajudaram a construir esta sociedade, não tem acesso aos melhores frutos que ela gera.
Não é por acaso ou mera coincidência que apenas 6% dos estudantes universitários são negros embora 51% da população brasileira não seja branca.
Os defensores da meritocracia torcem o nariz para o sistema de cotas porque isso contraria tudo aquilo que eles sempre defenderam: que a universidade pública seja apenas para os filhos da classe média e branca.
Por tudo isso, as cotas (e toda política de inclusão social) gera medo nas classes dominantes. E por isso, defender as cotas se torna tão importante, porque é um debate afirmativo, de que podemos sim, ser todos iguais.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Como a desigualdade social explica o PS4 de 4k

Um texto de uma frase no blog do Playstation no Brasil desencadeou uma reação em cadeia nas redes sociais: como é possível que um videogame de 400 dólares nos EUA custe R$ 4 mil no Brasil? Nem mesmo a justificativa padrão dos empresários, de que “os impostos são muito altos no Brasil”, é capaz de justificar um preço que é quase o dobro do preço do concorrente direto.
Para começar, é conveniente fazer um cálculo direto, considerando que o valor do console nos EUA já tem embutido em si uma margem razoável de lucro. São 400 dólares no videogame. Normalmente, o governo cobra uma alíquota de 60% na importação sobre o preço original, elevando o valor do produto para US$ 400 + (60% x US$ 400) = US$ 640. Além disso, podemos inserir, sendo muito generosos, um custo de 10% do valor total do produto, já com impostos para serviços de logística: US$ 640 + (10% x US$ 640) = US$ 704.
Atualizando esse número com uma cotação GENEROSA do dólar, que segue instável no Brasil, temos que o custo final de um Playstation 4 no país deveria ser:
US$ 704 x R$ 2,40 = R$ 1689,60.
Vamos arredondar para R$ 1700,00, com custo de transporte e com os impostos cobrados. E daí constatamos que os R$ 2.300,00 adicionais que a Sony vai cobrar no console são APENAS lucro adicional.
Mas por que isso acontece no Brasil? E por que acontece não apenas com vídeo games, mas com eletrônicos em geral, com carros, com casas, com taxas bancárias, com produtos de supermercado e de todas as demais coisas que o brasileiro consome?
É simples: embora as multinacionais tentem justificar seus preços abusivos com a falácia do Custo Brasil (sim, ele realmente atrapalha, mas não é tão determinante assim), a questão é que no Brasil a maioria das empresas internacionais cobra preços abusivos por seus produtos, mesmo que eles tenham sido fabricados aqui. E essa tentativa de maximização de lucros dá certo por um único motivo: há um público específico que compra esses produtos, mesmo que eles custem preços abusivos.

Quem é esse público específico? A parcela dos mais ricos, em um país com extenso históricos de desigualdades sociais. No Brasil, a parcela de 1% dos mais ricos tem 87 vezes a renda da parcela dos 10% mais pobres. O que, a rigor, significa que eles consomem 87 vezes mais. Ou até mais, se considerarmos que nosso sistema tributário, baseado mais na tributação do consumo do que na tributação da renda, tem efeito impulsionador na desigualdade social no país.
Ainda há um agravante: no Brasil, a diferenciação se dá através do consumo. Culturalmente a ideia de ascensão social no Brasil não se baseia na criação de uma poupança interna ou na qualidade de vida das famílias, mas na noção de consumo. O próprio governo federal se aproveitou disso em seus três mandatos, promovendo um modelo de desenvolvimento baseado no incentivo ao consumo.
As empresas sabem disso, e fazem produtos voltados a esse público que quer diferenciação. É o videogame de R$ 4 mil, o carro de R$ 100 mil, e é a eclosão de estabelecimentos “gourmet”, que oferecem produtos bem mais caros apenas porque o público que vai comprar não quer apenas o produto, e sim o status diferenciado que o consumo daquele produto confere. Karl Marx já falava disso há 150 anos atrás, com o nome de “fetiche da mercadoria”.
A questão é que a desigualdade social potencializa isso no Brasil. A diferença entre ricos e pobres ainda é imensa no país e a venda de um produto desejado por alguns que vão comprá-lo por qualquer preço, como um videogame, por conta do fanatismo e do status social, incentiva as empresas a cobrarem preços absurdos em nome do lucro fácil. Façamos uma conta tosca aqui:
Suponhamos que 25% dos potenciais compradores de um PS4 compraria ele por qualquer preço, pelos fatores já elencados. E suponhamos que o custo para a Sony de um PS4 no Brasil seja de R$ 1500,00, já incluindo impostos, custo de transporte e pós-venda.
Se a Sony colocar o preço do PS4 a R$ 2000,00, por exemplo, quantos consoles ela precisaria vender para lucrar R$ 1 milhão?
A resposta é simples: R$ 1 milhão / R$ 500 de lucro por console = 2000 consoles.
Colocando o preço do PS4 a R$ 4000,00, a Sony precisaria vender quantos consoles para lucrar R$ 1 milhão?
Resposta: R$ 1 milhão / R$ 2500 de lucro por console = 400 consoles.
Se você dividir 400 por 2000, vai perceber que a Sony, quando pratica um preço abusivo, precisa vender APENAS 20% dos videogames para ter o mesmo lucro que teria se vendesse o console a um preço justo. E se a empresa sabe que 25% dos potenciais consumidores são fãs, tem dinheiro e vão comprar o Playstation 4 de qualquer jeito, ela prefere praticar o preço abusivo, porque isso vai resultar na maximização dos lucros da empresa, apesar da corrosão da sua imagem.
Ou seja: a desigualdade social e a existência desse grupo privilegiado faz com que seja justificável, para a Sony, praticar preços abusivos no Brasil. Assim como é justificável para a Apple, para as montadoras ou para as incorporadoras imobiliárias. Nos EUA e na Europa, em que a massa de consumidores médios é maior e tem mais noção do custo e da margem de lucro embutida nos produtos, a tentativa de maximização dos lucros pelo aumento dos preços, minimizando a massa consumidora, é um enorme tiro no pé.
No Brasil, por ainda existir uma elite bastante representativa em relação ao universo de potenciais consumidores desse tipo de produto, as empresas praticam preços abusivos. É lógico que outros fatores também contribuem negativamente, como a infraestrutura de transportes do país, predominantemente rodoviária, e a alta carga de impostos. Mas nem de longe explicam a viabilidade de empresas como a Sony praticarem preços abusivos no Brasil e ainda assim lucrarem. O que explica isso, além do fetiche da mercadoria, é a desigualdade social.


Original de: http://www.nerdices.com.br/wordpress/2013/10/17/desigualdade-social-explica-ps4-4k/#ixzz2iLYOVPfb

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Até Quando - Gabriel O Pensador

Não adianta olhar pro céu, com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer
Até quando você vai ficar usando rédea?
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média).
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.

Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!

Refrão

A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante.
A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário!

Refrão

A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.
A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é você.
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar.
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar.
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar.
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar.
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar.
Escola, esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda!
Não! Não!!

Refrão

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando você vai levando?

Karl Marx


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O Protagonismo da Juventude Brasileira

Vídeos da União Nacional dos Estudantes sobre a participação política da juventude no Brasil






Sucesso!!!


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Modo de Produção Comunista

Símbolo do comunismo, a foice e o martelo simbolizam a
aliança entre os trabalhadores rurais e urbanos
O comunismo (do latim communis - comum, universal) é uma ideologia política e socioeconômica, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral. Parte da convicção que a causa dos problemas sociais está na propriedade privada e na sua acumulação. Para a sua instalação, numa primeira fase, a propriedade privada seria estatizada, sendo o Estado gerido por um Partido político que se encarregaria de distribuir de forma igualitária a riqueza gerada por todos. Numa segunda fase, o Estado seria abolido, sendo o poder entregue ao povo.

O seu principal mentor, Karl Marx, postulou que o comunismo seria a fase final na sociedade humana e que isso seria alcançado através de uma revolução proletária. O "comunismo puro", no sentido marxista refere-se a uma sociedade sem classes, sem Estado e livre de opressão, onde as decisões sobre o que produzir e quais as políticas devem prosseguir são tomadas democraticamente, permitindo que cada membro da sociedade possa participar do processo decisório, tanto na esfera política e econômica da vida.

Karl Marx nunca forneceu uma descrição detalhada de como o comunismo poderia funcionar como um sistema econômico (tal foi feito por Lenin), mas subentende-se que uma economia comunista consistiria de propriedade comum dos meios de produção, culminando com a negação do conceito de propriedade privada do capital, que se refere aos meios de produção, na terminologia marxista. No uso moderno, o comunismo é muitas vezes usado para se referir ao Bolchevismo, na Rússia. Como um movimento político, o sistema comunista teve governos, em regra, com uma preocupação de fundo para com o bem-estar do proletariado, segundo o princípio "de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades".

As doutrinas comunistas mais antigas, anteriores à Revolução Industrial, punham toda ênfase nos aspectos distributivistas, colocando a igualdade social, isto é, a abolição das classes e estamentos, como o objetivo supremo. Com Karl Heinrich Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), fundadores do chamado "socialismo científico", a ênfase deslocou-se para a plena satisfação das necessidades humanas, possibilitada pelo desenvolvimento tecnológico: mediante a elevação da produtividade do trabalho humano, a tecnologia proporcionaria ampla abundância de bens, cuja distribuição poderia deixar de ser antagônica, realizando-se a igualdade numa situação de bem-estar geral.

A partir dessa formulação, que teve uma profunda influência sobre o comunismo contemporâneo, a sociedade comunista seria o coroamento de uma longa evolução histórica. Os regimes "anteriores", principalmente o capitalismo e o socialismo, cumpririam o seu papel histórico ao promover o aumento da produtividade e, portanto, as pré-condições da abundância, que caberia ao comunismo transformar em plena realidade. Enquanto o capitalismo desempenha esse papel mediante a emulação da concorrência, o socialismo deveria manter, em certa medida, essa emulação ao repartir os bens ainda escassos "a cada um segundo o seu trabalho". Só o comunismo, que corresponderia ao pleno "reino da liberdade e da abundância", poderia instaurar a repartição segundo o princípio de "a cada um segundo sua necessidade".

Modo de Produção Socialista

Che Guevara, Ministro da Indústria de Cuba, trabalhando
com os operários aos domingos
No mundo, existem dois tipos de sistema político-econômico: o capitalismo e o socialismo. O sistema capitalista vigora desde o século XVIII. No entanto, no século XIX, o capitalismo não estava agradando aos trabalhadores europeus, em razão da condição de exploração em que viviam. Tal fato fez surgir no continente um sentimento de mudança.

A classe proletária pôde enxergar uma solução no socialismo, que figurava como um acervo de ideias que tinha como objetivo a implantação de um modelo de sociedade mais justa, para extinguir a sociedade de classes, na qual os capitalistas exploram os trabalhadores.

A insatisfação e o desejo de mudanças foram reforçados com as ideias de dois grandes pensadores alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, que dispuseram de um conjunto de ideias necessárias para a instauração de uma sociedade plenamente socialista. Tais ideias surgiram após um rigoroso estudo sobre o capitalismo.

A implantação do socialismo ocorreu somente no século XX, mais precisamente em 1917, quando o governo monarquista foi derrubado pela revolução russa, dando origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na segunda metade do século XX o socialismo ganhou outros adeptos, como os países do Leste Europeu, além da China, Cuba e algumas nações africanas e asiáticas. No entanto, com configurações socialistas distintas.
As características do socialismo são completamente diferentes em relação ao capitalismo, a seguir veja os principais aspectos socialistas:

Meios de produção socializados: no socialismo toda estrutura produtiva, como empresas comerciais, indústrias, terras agrícolas, dentre outras, são de propriedade da sociedade e gerenciados pelo Estado. Toda riqueza gerada pelos processos produtivos é igualmente dividida entre todos. 

Inexistência de sociedade dividida em classes: como os meios de produção pertencem à sociedade, existe somente uma classe; a dos proletários. Todos trabalham em conjunto e com o mesmo propósito: melhorar a sociedade. Por isso não existem empregados nem patrões.

Economia planificada e controlada pelo Estado: o Estado realiza o controle de todos os segmentos da economia e é responsável por regular a produção e o estoque, o valor do salário, controle dos preços e etc. Configuração completamente diferente do sistema liberal que vigora no capitalismo, no qual o próprio mercado controla a economia. Dessa forma, não há concorrência e variação dos preços.

Modo de Produção Capitalista

Capitalismo é o sistema sócio-econômico em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital(dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono.
Antes do capitalismo, o sistema predominante era o Feudalismo, cuja riqueza vinha da exploração de terras e também do trabalho dos servos. O progresso e as importantes mudanças na sociedade (novas técnicas agrícolas, urbanização, etc) fizeram com que este sistema se rompesse. Estas mesmas mudanças que contribuíram para a decadência do Feudalismo, cooperaram para o surgimento do capitalismo.
Os proprietários dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a minoria da população e os não-proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dos salários pagos em troca de sua força de trabalho.
Características do Capitalismo
  • Toda mercadoria é destinada para a venda e não para o uso pessoal
  • O trabalhador recebe um salário em troca do seu trabalho
  • Toda negociação é feita com dinheiro
  • O capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já que é dono de tudo (o capital e a propriedade)
Fases do Capitalismo
  • Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se entre os séculos XV e XVIII. É o chamado Mercantilismo. As grandes potências da época (Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França) exploravam novas terras e comercializavam escravos, metais preciosos etc. com a intenção de enriquecer.
  • Capitalismo Industrial: Foi a época da Revolução Industrial.
  • Capitalismo Financeiro: após a segunda guerra, algumas empresas começaram a exportar meios de produção por causa da alta concorrência e do crescimento da indústria.
O capitalismo vem sofrendo modificações desde a Revolução Industrial até hoje. No início do século XX, algumas empresas se uniram para controlar preços e matérias-primas impedindo que outras empresas menores tenham a chance de competir no mercado.
Nessa época várias empresas se fundiram, dando origem as transnacionais (também conhecidas como multinacionais). São elas: Exxon, Texaco, IBM, Microsoft, Nike, etc.
OBS: O nome transnacional expressa melhor a idéia de que essas empresas atuam além de seu país. O termo multinacional nos levava a concluir que a empresa tinha várias nacionalidades. Por esta razão, o termo foi substituído.
A união de grandes empresas trouxe prejuízo para as pequenas empresas que não conseguem competir no mercado nas mesmas condições. Ou acabam sendo “devoradas” pelos gigantes ou conseguem apenas uma parcela muito pequena no mercado.
Visando sempre o lucro e o progresso, grandes empresas passaram a valorizar seus empregados oferecendo-lhes benefícios no intuito de conseguir extrair deles a vontade de trabalhar.
Consequentemente, essa vontade e dedicação ao trabalho levará o empregado a desempenhar o serviço com mais capricho e alegria, contribuindo para o sucesso da empresa.
Infelizmente, muitas empresas não investem em seus operários e muitos deles trabalham sem a menor motivação, apenas fazem o que é preciso para se manterem no emprego e assegurar o bem-estar de sua família.

Modo de Produção Feudal

A Economia Feudal
Dentro do sistema feudal, o comércio passou a ser uma atividade com pouca influência. As práticas rurais tornaram-se atividades de maior riqueza da sociedade feudal.
Toda a produção feudal era destinada a atender o consumo local, ou seja, um sistema econômico de subsistência.
Os trabalhadores do feudo agiam sob um regime de servidão, ficavam presos à terra, não podendo abandoná-las, porém não eram considerados escravos pois recebiam proteção de seus senhores e além disso, possuíam direitos.
As principais obrigações devidas pelos trabalhadores eram:
Corvéia: era o trabalho obrigatório e gratuito realizado pelo servo, no mínimo três vezes por semana, para o senhor feudal, no manso senhorial (território exclusivo do senhor feudal).
Talha: o servo era obrigado a entregar metade da produção realizada em suas terras (manso servil), e essa contribuição era usada nas despesas da segurança do feudo.

A sociedade feudal 
No sistema feudal, a condição social era irreversível, ou seja, o indivíduo que nasciam servos morriam servos, o mesmo valia para as famílias dos senhores feudais.
Sendo assim, a sociedade feudal era formada por estamentos básicos:
Senhores: era a classe formada pelos senhores feudais, que eram os proprietários do feudo. Tinha poder sobre os servos, além de grande influência política local.
Servos: são os trabalhadores do feudo que ficavam presos às suas terras recebendo proteção dos senhores e direito de utilização de terras férteis. Eram totalmente dependentes dos senhores feudais.
Além desses estamentos, podemos considerar outros, como os escravos, população que com o tempo foi extinta devido a proibição eclesiástica de escravizar cristãos. Os vilões, que também trabalhavam para os senhores feudais, mas eram livres, podendo abandonar as terras quando desejassem.
E os ministeriais, que eram os administradores dos feudos, em atenção ao proprietário. Outra pequena população era constituída pelos mercadores e artesões.

As instituições políticas 
Durante o feudalismo, a política ficou sendo administrada pelos senhores feudais, que eram a autoridade única dentro dos feudos, assumindo as funções de administrador, juiz e chefe militar.
A política do sistema feudal estava baseada nas relações de Suserania e Vassalagem.
suserano concedia proteção militar e jurídica e um feudo ao vassalo. Se caso o vassalo morrer sem deixar herdeiros, o suserano poderia se apoderar de suas terras.
vassalo, em troca da proteção e do feudo que recebia do suserano, prestava serviço militar para este soberano. Não era considerado um servo.

Esta relação de Suserania e Vassalagem foi um pacto militar que se formou devido a insegurança que prevalecia neste período, fazendo com que os reis e nobres se sujeitassem a firmar tais relações com o único objetivo: a proteção mutua.

Modo de produção escravista

O modo de produção escravista surgiu na Grécia clássica, e posteriormente, com sua dominação e assimilação por Roma, foi o modo de produção praticado por todo o Império Romano.

Na Grécia Antiga havia a separação das cidades-Estado; já que a Grécia tem um terreno muito recortado, cheio de montanhas e ilhas, isso dificultava a comunicação pelas mesmas. Assim, as cidades-Estado mantinham a mesma cultura, religião e língua, só não havia um governo que dominasse toda a população. Nas cidades-Estado, havia a sua separação por genos, onde um homem era proclamado como pater familias e organizava toda a população que ali vivia. Com o aumento das populações nos genos e o surgimento da propriedade privada, os parentes mais próximos dos chefes dos genos ficaram com as melhores terras, ficando com as piores terras e marginalizados os parentes mais afastados.

Com o aumento das famílias nobres, eram necessários mais terras e mais gente para trabalhar no cultivo dessas terras. Esse problema era resolvido com guerras de conquista: guerreava-se com povos vizinhos, as terras conquistadas eram repartidas entre os nobres, e o povo derrotado era escravizado. Esses escravos eram propriedades do Estado cedidas aos nobres para o trabalho em suas terras. Um cidadão não-estrangeiro também poderia se tornar escravo de alguém, se adquirisse dessa pessoa uma dívida da qual não pudesse pagar.

Assim, o trabalho passou a ser uma exclusividade dos escravos e dos pequenos camponeses. Então, fica evidente a importância que o trabalho escravo tinha para esses povos, já que ele se tornou a base de suas economias. Para se ter uma ideia dessa importância, basta ressaltar que Atenas chegou ao ponto de ter 20.000 cidadãos, 10.000 metecos (como eram chamados os estrangeiros) e 400.000 escravos, uma média de 20 escravos por cidadão1 (levando-se em conta que só eram considerados cidadãos os homens adultos livres).

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Muhammad Ali

Muhammad Ali-Haj, nascido Cassius Marcellus Clay Jr. (Louisville, 17 de janeiro de 1942), é um ex-pugilista norte-americano. Foi eleito "O Desportista do Século" pela revista americana Sports Illustrated em 1999.
Nascido no estado do Kentucky, começou vencendo os Jogos Olímpicos de 19601 . Conquistou o título de campeão dos pesos pesados ao derrotar Sonny Liston em 1964. Perdeu o título em 1967 e foi proibido de atuar por três anos e meio por ter se recusado a lutar no Vietnã. Recuperou o posto ao ser reabilitado, mas logo perdeu para Joe Frazier. Ganhou de novo o título em 1974 ao vencer George Foreman em luta realizada no Zaire (retratada no documentário "Quando éramos Reis"), perdeu-o em 1978 para Leon Spinks e em seguida retomou-o de Spinks. Retirou-se do boxe quando ainda era campeão.Foi o único boxeador que até hoje suportou 12 assaltos com o maxilar quebrado (luta com Ken Norton, em 1973). Converteu-se ao Islamismo (mudando de nome para Muhammad Ali-Haj) e lutou contra o racismo. Muhammad Ali pode ser considerado o primeiro esportista a aliar marketing com política. Exemplo disso foi seu desempenho antes da luta com George Foreman no Zaire. Ali utilizou todo seu conhecimento do pan-africanismo para se colocar como o lutador da África, enquanto Foremam ficou como simbolo da alienação negra americana, episódio este retratado no filme "Quando Éramos Reis", de 1974. Ali entrou para história da década de 60 quando se negou a lutar na Guerra do Vietnã. "Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele?".

Ricos perdem exclusividade e reclamam da classe emergente

Segundo Renato Meirelles, do Data Popular, serviços mais caros e enriquecimento das classes C e D geram desconforto entre os endinheirados

Na última semana, o lançamento do iPhone 5C levantou uma polêmica entre usuários nas redes sociais. Com a Apple dedicando esforços à popularização de seus produtos, houve quem reclamasse que os smartphones da marca, antes restritos a uma minoria privilegiada, virariam “coisa de pobre”.
O aparelho não tem nada de "pobre" – as versões desbloqueadas do aparelho custarão no mínimo US$ 549 (cerca de R$ 1,3 mil), um preço suficientemente impeditivo frente aos principais concorrentes. No entanto, o movimento nas redes fez lembrar o lançamento do Instagram para Android, quando um coro de usuários dizia temer pelas fotos que “infestariam” a rede.
A questão não é a qualidade do produto ou do serviço, mas o status que o uso dessas ferramentas agrega. O fato é que as classes mais altas andam muito incomodadas com o enriquecimento dos chamados emergentes, principalmente porque sentem o peso da perda da “exclusividade”.
Essa é uma das percepções de Renato Meirelles, presidente do Data Popular, consultoria de pesquisas especializada nas classes emergentes. “Não tenho dúvidas que é a perda da exclusividade que está incomodando esses consumidores”, afirma.
Entre 2010 e 2011, segundo dados da pesquisa O Observador , a renda média disponível para as classes C e D aumentou 50%. A renda dos mais pobres cresceu três vezes mais que a renda dos mais ricos nos últimos dez anos. Naturalmente, a maior parte do que era acessível apenas a alguns privilegiados já está ao alcance dos emergentes. “Hoje é comum, por exemplo, empregada e patroa usarem o mesmo perfume. O exclusivo está cada vez mais democrático”, explica.
Para completar, esse crescimento desproporcional da renda coloca os mais ricos em situação ainda mais desfavorável: diante da inflação de serviços, o dinheiro da classes A e B já não comporta grandes gastos. “Agora para o mais rico adquirir o produto ou serviço ‘exclusivo’, vai precisar desembolsar um dinheiro que não tem”, diz Meirelles. “Os mais ricos têm a sensação de que saíram perdendo.”
Erro de avaliação
Na última semana, no C4 (Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor), a consultoria de pesquisas Data Popular exibiu um vídeo em que apresentava entrevistas de cidadãos comuns – de classes A e B – falando sobre o “incômodo” que a popularização dos serviços provocava no seu dia a dia. ”Incomoda ver como as pessoas entram nos aviões carregando coisas absurdas”, diz uma senhora. “Empresas como a CVC acabaram como a nossa boa vida. Viajar de avião não é mais classe A”, afirmou outro rapaz.
Esse grupo, no entanto, muitas vezes ignora que boa parte desses emergentes de fato já são mais ricos que eles. Meirelles destaca que 44% das pessoas que compõe as classes A e B são os primeiros ricos da família.
“São pessoas com histórico de classe C, com jeito de pensar de classe C, mas que têm renda muitas vezes até maior que o 'rico' que reclama”, diz.“Um dono de padaria ou mercadinho de bairro, por exemplo, fatura R$ 100 mil por mês. O engenheiro ou advogado quase nunca tira tudo isso.”
É no histórico que mora a principal diferença. Enquanto no passado o novo rico costumava esconder sua origem, hoje ele se orgulha de sua trajetória e já não tem mais as classes A e B como referência inconteste.
“Quem acha que a aspiração da classe C é ser classe A está enganado”, afirma Meirelles ressaltando que a lógica social das duas classes são inversas. “Enquanto a classe C trabalha na lógica da inclusão, a elite trabalha na lógica exclusividade. Os mais ricos esperavam que esse novo público os tivesse como exemplo de comportamento, mas isso não aconteceu.”
Do aspiracional para o inspiracional
Há um processo de acomodação em curso. Segundo os prognósticos do Data Popular, na próxima década, as classe A e B vão crescer duas vezes mais que a classe C. Com isso, empresas de todo o País estão em busca de novos modelos de operação, de forma a atender eficientemente os novos clientes.
Nesse novo contexto, as aspirações perdem espaço para as inspirações.
“O indivíduo deixa de usar o consumo para mostrar algo que não é, preferindo ferramentas que o façam uma pessoa melhor”, afirma. Mesmo que já estejam significativamente mais próximas dessa nova realidade, as empresas ainda não entenderam completamente quem é esse novo rico – e seus principais comportamentos de consumo.
Para Meirelles, o perfil do novo rico brasileiro está mais alinhado com o que se vê nos Estados Unidos – onde a pauta central é do consumo e da cultura do espetáculo. Esse formato é oposto ao modelo europeu, por exemplo, que valoriza o capital cultural, social e acadêmico.
Por aqui, Meirelles aposta na terceira via.
“Temos esse traço na nossa cultura, de aproveitar todas as experiências e mostrar um caminho com a nossa cara”, diz. “Vejo dois componentes a mais no nosso contexto: a flexibilidade do brasileiro e a vontade de reduzir os pontos de conflito.”

domingo, 15 de setembro de 2013

Modo de Produção Asiático

O chamado modo de produção asiático, que teria início em 2500 a.C., na Idade Antiga (antiguidade), caracteriza os primeiros Estados surgidos na Ásia Oriental, Índia, China e Egito. A agricultura, base da economia desses Estados, era praticada por comunidades de camponeses presos à terra, que não podiam abandonar seu local de trabalho e viviam submetidos a um regime de trabalho compulsório. Na verdade, esses camponeses (ou aldeões) tinham acesso à coletividade das terras de sua comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever de cultivar as terras desta.
Em todas as comunidades deviam tributos e serviços ao Estado ao qual estavam submetidas, representado pelas figuras do imperador, rei ou faraó que se apropriavam do excedente agrícola (produção que supera o consumo imediato), distribuindo-o entre a nobreza, formada por sacerdotes e guerreiros. Lembrando que este "excedente" era, freqüentemente, extorquido mais pelas necessidades da "nobreza" do que por realmente ser um excedente propriamente dito nas comunidades.

Esse Estado todo-poderoso, onde os reis ou imperadores eram considerados verdadeiros deuses, intervinha diretamente no controle da produção. Nos períodos entre as xafariz, era comum o deslocamento de grandes levas de trabalhadores (servos e escravos) para a construção de imensas obras públicas, principalmente canais de irrigação e monumentos.

Esse tipo de poder, também denominado despotismo oriental, marcado pela formação de grandes comunidades agrícolas e pela apropriação dos excedentes de produção, caracteriza a passagem das sociedades sem classes das primitivas comunidades da pré-história (modo de produção primitivo) para as sociedades de classes. Nestas, predominam a servidão entre explorados e exploradores, embora a propriedade privada ainda fosse pouco difundida.

Guardadas as particularidades históricas, pode-se afirmar que os primeiros Estados surgidos no Oriente Próximo (egípcios, babilônios, assírios, fenícios, hebreus, persas) também na América pré-colombiana nas sociedades incas e maias desenvolveram esse tipo de sociedade. Essas sociedades também podem ser consideradas sociedades hidráulicas, pois também dominaram técnicas de drenagem e utilização da força de rios para agricultura.

Por fim, a servidão coletiva era o modo de pagamento para o rei ou faraó pela utilização de suas terras. Outro aspecto que marca o modo de produção "asiático" é a diferenciação social, onde sacerdotes, servos e reis possuem funções sociais diferentes.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Comunismo primitivo

A forma de sociedade do comunismo primitivo existiu durante muitos milênios, na vida de todos os povos da humanidade, tendo sido a mais primitiva etapa de evolução da sociedade.
Foi nesse mesmo período que se iniciou o desenvolvimento da sociedade.
Nessa época, os seres humanos viviam em estado de selvageria. Alimentavam-se de vegetais que encontravam por acaso: legumes, frutas silvestres, raízes etc.

A descoberta do fogo foi de extraordinária importância, pois que permitiu ampliar as fontes de alimentação.
Os primeiros instrumentos utilizados pelos seres humanos foram o machado e as pedras toscas sem polimento.
O emprego da lança com ponta de pedra e, logo depois, a do arco e flecha, permitiu-lhes procurarem novos alimentos, entre eles a carne dos animais.
Paralelamente à procura de alimentos vegetais e à pesca, a caça tornou-se um novo meio de subsistência.
Mais tarde, ocorreu um avanço considerável através da introdução de instrumentos de pedra lascada que permitiram trabalhar a madeira, visando à construção de habitações.
Apesar de o processo de desenvolvimento que elevou, através de milênios, a humanidade de sua existência semi-animal ao nível de seres humanos capazes de construir tecnicamente habitações e fabricar instrumentos de pedra tivesse sido demasiadamente importante, permaneceram os seres humanos sendo extremamente débeis na luta de sobrevivência em face das forças da natureza, o que se expressava, principalmente, no nomadismo, decorrente da precariedade das fontes de alimentação.
Sujeitados ao acaso, não havia nenhuma segurança de encontrarem sempre caça e produtos vegetais.
Ainda era impossível pensar em armazenar reservas.
Os alimentos eram procurados diariamente, não se fazendo nenhuma provisão para os dias futuros.
Em tais condições, as populações não se aglomeravam. Dispersavam-se, visto que o alimento, passível de ser adquirido em um certo território, era insuficiente para sustentar contingentes humanos mais densos.

Posteriormente, os seres humanos passaram a viver em tribos, compostas por clãs. Estas, por sua vez, compreendiam centenas de pessoas, englobando grandes famílias entre si aparentadas.
Não havia propriedade privada dos meios de produção e de distribuição.
A vida econômica do clã ainda era dirigida por todos em comum, coletivamente.
Tanto a caça quanto a pesca, tanto a preparação quanto o consumo de alimentos, tudo se fazia em comum.
Em seu livro intitulado “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Em Conexão com as Pesquisas de Lewis H. Morgan”, Friedrich Engels relata o exemplo dos povos das ilhas do Pacífico, entre os quais 700 pessoas e, certas vezes, tribos inteiras, abrigavam-se sob o mesmo teto, no quadro de uma economia comum.

O comunismo primitivo foi necessário para a sociedade humana, naquela etapa de desenvolvimento.
Em uma vida privada, isolada, dispersiva, teriam sido impossíveis a invenção e o aperfeiçoamento das armas e dos instrumentos primitivos.
Graças somente à vida coletiva, os seres humanos primitivos puderam obter suas primeiras conquistas, em sua luta de sobrevivência em face da natureza.
A união no clã comunista constituiu, nessa época, a sua principal força.

Na sociedade comunista primitiva não existia – e nem poderia existir – a exploração do homem pelo homem.
O trabalho era dividido entre homens e mulheres.
No interior do clã comunista, conviviam membros mais fortes e membros mais fracos, sem que existisse a exploração de uns pelos outros.
Pois, é apenas possível existir exploração quando um ser humano pode produzir meios de existência não só para si mesmo, senão também para os outros. Unicamente, sob tais condições, um indivíduo pode viver à custa do trabalho dos outros.
Entre os seres humanos da sociedade comunista - obrigados a conseguir alimentos para o consumo pessoal de cada dia e incapazes de produzir mais do que o estritamente necessário – não podia haver lugar para a exploração do homem pelo homem.
Durante as guerras, na época do comunismo primitivo, os prisioneiros eram mortos – às vezes comidos vivos por meio de práticas antropofágicas – ou, então, admitidos como membros do clã vencedor.

O comunismo primitivo foi condicionado pelo nível de desenvolvimento das forças produtivas da sociedade de então.
Seria um erro imaginar que os seres humanos primitivos criaram esse regime conscientemente, pois que se formou e se desenvolveu de maneira natural, alheia à vontade e à consciência dos seres humanos primitivos.
Pois, na produção social de sua existência, os seres humanos estabelecem, entre si, relações determinadas, necessárias e independentes de suas vontades.
Essas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento das forças produtivas materiais.
É o que Karl Marx preleciona.

O posterior desenvolvimento das forças produtivas da sociedade primitiva – p.ex. o aperfeiçoamento dos instrumentos existentes e a invenção de outros novos, o aparecimento do pastoreio e da agricultura, o uso de metais -  provocou a mudança das relações de produção até então existentes.
O comunismo primitivo decompôs-se lentamente com o aparecimento de novas necessidades materiais que determinaram a sua substituição por uma sociedade fundada na propriedade privada dos meios de produção e de distribuição, dividida em classes sociais.

DECOMPOSIÇÃO DO COMUNISMO PRIMITIVO

O fator determinante da decomposição do comunismo primitivo foi a domesticação dos animais, a substituição da caça pela criação, o que aconteceu, em primeiro lugar, entre as tribos acampadas nos territórios mais ricos de pasto – principalmente nas regiões dos grandes rios da Ásia Central e da Mesopotâmia, i.e. às margens do Amu Dária, do Sir Dária, do Tigre e do Eufrates.
A criação foi para essas tribos fonte permanente de leite, carne, peles e lã.
As tribos pastoris possuíam dessa forma objetos de uso que faltavam às outras.
Dessa forma, a introdução da criação do gado assinalou a primeira divisão social do trabalho.
Antes dessa primeira etapa, a troca tinha, entre as diversas tribos, um caráter puramente acidental, não desempenhando papel algum na vida das tribos e dos clãs.
A divisão do trabalho entre as tribos pastoris e as outras inaugurou a troca regular entre elas.

Outro avanço no desenvolvimento das forças produtivas foi o aparecimento da agricultura – primeiro a horticultura e, a seguir, o cultivo dos cereais – que criou uma fonte permanente e estável de alimentos vegetais.

A invenção da tecelagem nessa época, permitiu que se confeccionassem tecidos e roupas de lã.

Os seres humanos aprenderam, então, a fundir os metais, o cobre, o zinco e o estanho - a utilização do ferro foi apenas descoberta mais tarde – bem como a fabricar instrumentos, armas e utensílios, a partir da liga que se formava do bronze.

PRIMEIRA DIVISÃO DA SOCIEDADE EM CLASSES

Como vimos pelos fatos expostos, aumentou em grande escala, ao decompor-se o comunismo primitivo, a produção do trabalho, crescendo também o domínio dos seres humanos sobre a natureza e sua segurança em face do futuro.
Essas novas forças produtivas sociais sobrepujaram os limitados quadros do comunismo primitivo.
Como nos esclarece Friedrich Engels, em decorrência do desenvolvimento de todos os ramos da produção – gado, agricultura, serviços manuais – a força do trabalho humano foi-se tornando capaz de criar mais produtos do que os necessários ao sustento de cada produtor.
O desejo de uma produtividade ainda maior levou a que aumentassem, ao mesmo tempo, a soma de trabalho quotidiano que correspondia a cada membro do gens ou do clã, bem como a cada comunidade doméstica ou família isolada.
A ambição estimulou a procura de novas forças de trabalho e as guerras tribais as forneceram.
Os prisioneiros de tais confrontações bélicas foram transformados em escravos.
Ao aumentar a riqueza, extendendo-se o campo da produção, a primeira grande divisão do trabalho determinaria necessariamente a escravidão, por força mesmo das condições históricas, como modo de fazer face a tal produção.
Da primeira divisão social do trabalho nasceu a primeira grande divisão da sociedade em duas classes: senhores e escravos, exploradores e explorados.

Ora, os escravos eram estranhos ao clã e não faziam parte dele.
O desenvolvimento das forças produtivas e o aparecimento da escravidão propiciaram também a introdução da desigualdade entre os membros do clã e, em primeiro lugar, entre o homem e a mulher.
Friedrich Engels assinalou, nesse contexto, que ganhar para comer foi sempre a ocupação do homem, sendo que os meios de produção e de distribuição, necessários para isso eram produzidos por ele e constituíam sua propriedade.
Os rebanhos constituíam seus novos meios de subsistência.
Sua domesticação e seu trato foram obra do homem. Por esse motivo, o gado lhe pertencia, assim como as mercadorias e os escravos que recebia em troca do gado.
Portanto, todo o lucro que, então, a produção produzia pertencia-lhe.
A mulher também desfrutava das utilidades, mas já não tinha nenhuma participação na sua propriedade.

Foi apenas mais tarde que surgiu também a desigualdade entre os chefes das diversas famílias.
O desenvolvimento da troca – conseqüência da crescente subdivisão do trabalho – contribuiu para essa situação.
O emprego do ferro aumentou a variedade dos instrumentos e utensílios.
A agricultura extendeu-se, igualmente, graças à introdução do arado com grades de metal.
Outras culturas vieram juntar-se àquela dos cereais que, então, já existia.

Como um mesmo indivíduo não podia mais realizar sozinho um trabalho tão variado, efetuou-se a segunda grande divisão social do trabalho. O trabalho manual – o artesanato – separou-se do trabalho da agricultura.
A diferença entre ricos e pobres surge paralelamente à diferença criada entre homens livres e escravos.
Da segunda grande divisão social do trabalho resultou uma nova cisão da sociedade em classes.
A desproporção entre os bens dos chefes de famílias individuais destruiu os antigos agrupamentos comunistas em todos os lugares onde se haviam mantido até então e, com eles, desaparece o trabalho em comum da terra, por conta das coletividades.
O solo próprio para o cultivo foi distribuído entre as famílias particulares, a princípio, em caráter provisório e, mais tarde, em caráter definitivo.
É o que nos ensina Friedrich Engels.

Realizou-se, assim, a transição da propriedade coletiva à propriedade privada dos meios de produção e de distribuição.
A crescente densidade da população, devida à produtividade do trabalho, acrescida ao fortalecimento dos laços entre as diferentes tribos, conduziu, pouco a pouco, à fusão de numerosos clãs e tribos, dando origem aos povos.

Por outro lado, a desagregação da comunidade primitiva, a crescente desigualdade entre os seus membros e, sobretudo, a aplicação generalizada do trabalho escravo, levaram à formação do Estado, organismo de manutenção e da opressão da classe explorada pela classe exploradora.
Sob a pressão das forças produtivas que o havia engendrado, o comunismo primitivo decompôs-se, sendo substituído por
uma nova sociedade, dividida em classes.

Os adversários do moderno socialismo e comunismo revolucionários afirmam que o comunismo primitivo jamais existiu.
Segundo alegam, a propriedade privada sobre os meios de produção e de distribuição, bem como a divisão da sociedade em classes, haveriam sempre existido, desde o princípio da vida social.
Esforçam-se por demonstrar que a propriedade privada é inseparável da própria natureza humana, não podendo existir outra espécie de propriedade.
Empenham-se por provar que a sociedade sempre esteve dividida em classes, sendo inconcebível uma sociedade sem classes sociais.
A burguesia e seus agentes intelectuais, em sua luta contra o socialismo e comunismo modernos, estão interessados em negar o comunismo primitivo.
Já em 1845, Marx e Engels demonstraram em sua obra, intitulada “A Ideologia Alemã”, que o comunismo primitivo foi a primeira forma de sociedade.
Trinta anos depois, em 1877, independentemente das investigações efetuadas por Marx e Engels, o sábio norte-americano Lewis Henry Morgan, em sua obra intitulada ”A Sociedade Antiga ou Investigações das Linhas do Progresso Humano desde a Selvageria através do Barbarismo até à Civilização” chegou à mesma conclusão, depois de estudar, detidamente, as tribos selvagens e semi-selvagens da América do Norte e das Ilhas do Pacífico.
Vestígios de comunismo primitivo subsistem ainda em nossos dias, entre certos povos, sob a forma de comunismo agrário: as comunidades rurais possuem terras em comum e distribuem os lotes, em caráter perpétuo, entre seus membros.
A existência do comunismo primitivo enquanto fase inicial do desenvolvimento de todos os povos da humanidade não pode ser posta em dúvida.