quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Super-Heróis da vida real



Vestir uma fantasia e sair por aí combatendo o crime. É o sonho de infância de muitas pessoas, incluindo  a minha. Para a maioria, é algo totalmente ridículo, mas para quem cresceu lendo Histórias em Quadrinhos ou vendo seriados de tv e desenhos animados sobre super-heróis, a ideia de levar uma vida mais emocionante, como um vigilante combatente do crime, chega a ser muito interessante.  Ao menos viver em um mundo onde os super-heróis existam já seria o suficiente para essas pessoas. 
      
Os vigilantes mascarados retratados na ficção são símbolos de justiça, ética e, acima de tudo, esperança. Como nerd que sou, imagino que o mundo insosso no qual vivemos, repleto de corrupção e injustiças, seria muito mais interessante de se viver com a presença de pessoas motivadas a combater o mal ativamente, independente de leis ou regras formuladas muitas vezes por aqueles que às infringem.
        
Pois é, para a surpresa de muitos, inclusive a minha, eles existem. No melhor estilo Kick-Ass e Watchmen, os heróis fantasiados existem no mundo real. E eles estão espalhados em vários lugares do mundo, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

O que é preciso para ser um super herói da vida real? Segundo o site Worldsuperheroregistry.com , é uma pessoa que pratica boas ações ou combate o crime enquanto está fantasiado como um super-herói. Eles existem de verdade e tem perfis em redes sociais e sites de relacionamento, mas por que é que alguém ia se meter em uma fantasia e se chamar de “super herói da vida real”? Segundo eles, são vários os motivos. Cada um tem o seu, mas a maior parte deles quer inspirar outras pessoas a fazerem o que eles fazem – não necessariamente com máscara – quer divulgar uma ideia ou atitude que considera correta ou acha que este é um meio mais divertido de fazer serviços sociais.
        
Claro que existem algumas limitações, mas a ideia é legal. As crianças tendem a prestar mais atenção numa pessoa fantasiada de super herói do que em um ser humano normal. 
        
E quem pode ser um super herói na vida real? Na verdade, qualquer pessoa pode ser. É preciso, porém, atentar para alguns detalhes – você tem que ser um super herói com atividades heroicas documentadas e não pode revelar sua identidade de jeito nenhum.

Conheça alguns dos super-heróis da vida real.

Phoenix Jones


Phoenix Jones patrulha as ruas de Seattle, nos EUA, com o objetivo de ajudar a combater o crime. Além dele, mais nove heróis mascarados já foram identificados pela polícia da cidade. Muitos são parados por cidadãos que pedem autógrafos, mas Phoenix Jones diz que não é isso que o motiva.

Phoenix tem até um esconderijo. Dentro de uma loja de quadrinhos, ele tira as roupas de civil comum, veste um uniforme à prova de balas, pega a arma de eletrochoques e gás lacrimogênio, e sai patrulhando as ruas da cidade para evitar que crimes aconteçam. 
Recentemente, o herói esteve envolvido em uma confusão, e acabou preso. Ele compareceu de máscara na audiência no tribunal e foi obrigado a revelar sua identidade secreta. Seu nome verdadeiro é Ben Fodor. Ele também é conhecido por ser lutador de MMA (artes marciais mistas).



Statesman



Statesman patrulha as ruas de Birmingham, na Inglaterra. O herói é um executivo de banco que decidiu ajudar a combater o crime na cidade inglesa. Ele afirma que tenta equilibrar a impopularidade de seu trabalho durante o dia salvando pessoas à noite, segundo a agência "Barcroft Media" e se vangloria de ter ajudado a prender um traficante e a frustrar um assalto. Para exercer suas atividades secretas durante a noite, o "super-herói" diz para amigos e familiares que tem jogos de pôquer quatro vezes por semana.

Flecha Negra


  
Depois do surgimento de statesman, o jornal inglês "The Sun" descobriu, pelo menos, 16 "heróis" da vida real na Inglaterra. O grupo conta, inclusive, com uma mulher, a "Flecha Negra", que se dedica a salvar animais de estimação de abusos. Ela esconde sua identidade com uma máscara.



Entomo



Este é Entomo, ele é de Nápoles na Itália e é detetive, combatente do crime, ativista e ambientalista. Diz ter empatia paranormal com todos os insetos


Ghost


Ghost é um super herói de Salt Lake City, nos EUA e ele faz parte do Black Monday Society. Para ele, não importa se as pessoas riem deles - o que importa é que eles estão nas ruas, fazendo justiça.




Amazonia



Amazonia é de Nova York, mas age na Flórida, ao lado das Vixens Of Valour e combate a agressão de idosos.



Menganno 



Com um escudo e um visual parecidos com o do Capitão América, Menganno vem patrulhando de moto as ruas da parte leste da cidade de Lanús, na Grande Buenos Aires, há mais um ano e dando conselhos de cidadania. 




Black Monday Society



Oni, Ghost e seus amigos da Black Monday Society faz patrulhas em Salt Lake City


Death´s Head Moth



Death´s Head Moth é uma figura bem conhecida na Comunidade do super-herói da vida real. Ele combate o crime e ajuda os desfavorecidos.   Ele às vezes atua com outras equipes de Super-heróis e é um membro ativo do grupo Great Lakes Heroes.


Insignis



Insignis patrulha as ruas de Salt Lake City com outros membros do grupo de super-heróis The Black Monday Society.


Raposa de fogo



Raposa de fogo patrulha as ruas de Michigan e diz que a atual apatia da humanidade é um sinal de como as pessoas estão perdidas. 



THANATOS (The Dark avenger)



Thanatos é um herói bastante conhecido em sua cidade, Vancouver, e fornece ajuda aos desabrigados da cidade. 


Motor Mouth



Motor Mouth patrulha a área da baía de São Francisco e outras regiões da California, ajudando aqueles que precisam e combatendo o crime. 



Nostrum



Nostrum patrulha as ruas de Louisiana.

www.myspace.com/114705618                                 


Oni



Oni patrulha as ruas de Salt Lake City com outros membros  do grupo Black Monday Society.



The Eye




The Eye patrulha as ruas de Mountain View, California. Um combatente do crime que utiliza vários meios eletrônicos.



NYX



NYX patrulha as ruas do Kansas, mas em breve se mudará para Nova York.

“Eu sou NYX, mascarada protetora da noite”...


Geist



Geist, quer significa “Espírito” em alemão, ajuda os desabrigados  e outros necessitados e patrulha as ruas de Rochester, Minnesota. 




Escorpião Verde



Escorpião verde patrulha as ruas do Arizona e Novo México.
“Estou aqui para mascar chiclete e chutar traseiros”. 



Dreizehn



Dreizehn é bem conhecida na comunidade de heróis da vida real. Ela trabalha para manter as ruas do Texas seguras para os inocentes. 


SuperHero



SuperHero tem vários treinamentos na Marinha dos EUA, Academia de polícia, além de ser lutador de boxe. É um super-herói da vida real cujas ações foram sancionadas pela polícia de Clearwater. Além de ajudar a polícia na cidade, atua nas estradas, onde já salvou a vida de várias vítimas de acidente de carro.


Life




Life é um dos organizadores da comunidade de Super-heróis da vida real e fundador do grupo Superheroes Anonymous.

“Eu sou Life: um super-herói que luta por justiça, paz e faço o meu melhor para consertar o nosso mundo”.


Capitão Ozônio



Capitão Ozônio é um ativista que luta protestando a favor de causas ambientais. É bem conhecido na comunidade de super-heróis da vida real. 


Citizen Prime



Cirizen Prime patrulha as ruas do Arizona e trabalha para promover a cidadania e inspirar o público.



Doutor Discórdia



Doutor Discórdia atua nas ruas de Indianapolis.        



terça-feira, 16 de outubro de 2012

The Walking Dead e a Sociologia

A série americana que bateu todos os recordes de audiência da TV a cabo na terra do Tio Sam, The Walking Dead, uma adaptação cinematográfica das histórias em quadrinhos de Robert Kirkman vem conquistando fãs brasileiros e traz alguns elementos interessantes para discutirmos a representação da vida pós-apocalíptica.  Para quem nunca assistiu, o enredo principal é o seguinte: o protagonista (xerife de uma pequena cidade) acorda de um coma e se depara com o hospital e a cidade vazia. Ele descobre que um surto – sabe-se lá do quê –infectou quase toda a população e as pessoas que morreram viraram zumbis, restando apenas poucos sobreviventes agora. Sem energia e sem telecomunicações o mundo vira um caos e qualquer barulho pode atrair uma população de zumbis que arrancam suas tripas a luz do dia. Em um dos episódios ele consegue encontrar sua família (mulher e filho) que estão junto de um grupo de pessoas buscando o apoio mútuo como fator de sobrevivência.

Os sobreviventes habitam agora o cenário depois do apocalipse, e que parece bem pior do que o juízo final cristão. Aliás, tal lugar é a inversão dos sonhos revolucionários. O “novo” é bem pior do que o antigo. A Nova Jerusalém dos cristãos (ou o comunismo) passa mais próxima da descrição do Inferno de Dante. Mas nem tudo mudou. A sociedade ainda tem classes. E são duas: os vivos e os mortos-vivos. Os vivos são a minoria nada privilegiada agora, mas a guerra (a luta de classes) continua.

A rediscussão dos valores “humanos” é significativamente enfatizada na série. Num mundo assim (como o nosso?) ser “bonzinho” pode representar a morte. Esse aspecto é bem trabalhado quandoum avarento recusa comida a recentes (des)conhecidos e, também, quando o fazendeiro reluta em abrigar o grupo em sua casa. Esse mesmo fazendeiro é também um veterinário metido a médico que acredita que os membros de sua família que viraram zumbis não morreram, mas só ficaram doentes, por isso ele “guarda” dentro do celeiro seus familiares “doentes” e outros zumbis que entram em sua fazenda. O ponto de vista dele nos põe a pensar melhor sobre a possibilidade de salvar aquelas pessoas antes de liquidá-las de vez com um tiro na cabeça e ressalta também nosso apego ao corpóreo. É interessante porque os espectadores da série não aceitam tamanha “burrice” (altruísmo?) do médico-veterinário. A maioria dos personagens da série pensa igual. Mas existe um senhor no grupo que questiona se os vivos já não perderam sua humanidade há muito tempo e se não ficaram tão cruéis quanto os zumbis que querem seu sangue.

 O princípio do bem-viver (ética) e os valores morais religiosos já não valem mais nada nesse horizonte, representam antes um atraso onde o maquiavelismo passa a ser a bola da vez. E de fato, o público passa a admirar o mais maquiavélico, o anti-herói, que é representado por Shane, amigo do xerife, também um ex-policial que num dos episódios “mata um vivo” para servir de isca para os zumbis e enquanto ele pode escapar ileso.

A verdade é que a mudança das condições no ambiente favorecem aspectos da personalidade antes considerados problemáticos, como a agressividade e a frieza para matar. Os anormais se tornam normais. Trazendo para nossa realidade podemos exemplificar o caso das pessoas com Síndrome de Down, sabe-se que elas possuem um cromossomo a mais, num determinado par que faz com que sejam sexualmente estéreis, mas em determinadas condições ambientais onde a emissão de radiação é maior a situação muda de figura, pois nesses casos são eles que podem reproduzir e, nós os normais, só assistiremos a perpetuação da espécie. A biologia postula que essa criação é como um plano B da espécie humana. Contudo, no caso de Shane, o aspecto é muito mais cultural do que biológico, desde o primeiro episódio ele apresenta traços históricos significativos de potencialidade para matar.

A questão da solidão também é algo para se pensar no mundo “pós-fim do mundo”. Afinal, os casais ficam bastante propícios para se apaixonarem e para fazer sexo, é claro. É o que acontece com um casal que relembra a piada de Adão e Eva no paraíso. “Existem poucas pessoas no mundo e nunca se sabe quando morreremos, então é melhor gastarmos essa caixa de camisinhas logo” - a moça bonita diz para o entregador de pizzas coreano.

Por que a série nos atrai tanto? Acredito que pelo fato dela expor de maneira extrema e caricatural a sociedade contemporânea na luta pela sobrevivência do mais esperto, utilizando seja quaisquer armas disponíveis. A ausência das leis e a descrença na religião exacerbam o desejo pela ausência de punição e controle em nossa sociedade disciplinar onde não existe mais umsuper-ego castigador e a consciência está livre (para matar?). Em contrapartida, essa sociedade de The Walking Dead pode ser lida como o inverso também, como aquela que nos atrai por mostrar quão mais animada pode ser a vida longe da apatia cotidiana que nos cerca. Seríamos então nós os zumbis dos tempos safados? Parasitas se alimentando do sangue dos outros e perambulando pelas avenidas movimentadas como seres desprezíveis. Será que nos reconhecemos nos zumbis ou nos vivos?

Mesmo os personagens se questionando se vale a pena estarem vivos num lugar desses e alguns escolhendo o suicídio, existe um determinado princípio básico continua valendo para os dois mundos: a autopreservação da vida. Bergson conta que o organismo vivente faz de tudo para se manter vivo, que ele reluta mesmo diante da escolha “cultural” (ou psicológica) de se aniquilar. Diz-se que alguém que tenta suicídio por enforcamento só morre se não houver possibilidade alguma do organismo se salvar mesmo que o cérebro não queira. Se por acaso os pés tocarem no chão um pouco que seja, o suicida pode desmaiar e recuperar a consciência logo depois. A vida nua (zoé), ou seja, a vida despossuída de cultura faz de tudo para manter sua sobrevivência. Mas a vida cultural às vezes joga contra o instinto. É o caso do suicídio que Durkheim classificou bem toscamente de egoísta, altruísta e anômico. Todos culturais. Não se sabe de animais que se suicidam.

Em algumas culturas a desonra pode levar o indivíduo à escolha do suicídio (como o haraquiri e a falência financeira), a luta pela nacionalidade ou por uma causa (os kamikazes, os homens-bombas, os regicidas confessos, os auto imolados e o recente caso do cidadão grego), a morte de alguém ou desilusão por algo que com o qual escolheu levar vida em função (o caso do marxista André Gorz que cometeu suicídio após a morte da esposa), mas uma situação em especial chama muito a atenção: o suicídio coletivo. Tenho dois exemplos ilustrativos. O caso dos índioskaiowas (no centro-oeste do Brasil), que suicidaram em protesto às invasões dos brancos em suas terras e a impotência diante da situação, tal acontecimento mereceu referência numa musica da banda Sepultura (irônico e trágico). Agora, sem dúvida, o mais espantoso, que chamou atenção de todo o mundo, foi o obscuro suicídio coletivo na Guiana inglesa em 1978, onde a participação de um líder religioso, Jim Jones (imagem a esquerda), foi preponderante. As centenas de corpos espalhados no chão lembram o cenário de The Walking Dead. E o que seria de nossas crenças religiosas e científicas se eles resolvem levantar? Fiquem com o vídeo do suicídio coletivo da Guiana que por ser “real” incomoda muito mais que o terror fictício.


Fonte: http://tempossafados.blogspot.com.br/2012/04/walking-dead-uma-perspectiva-da-vida.html

domingo, 14 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tribos Urbanas - Nerds

A série de TV "The Big Bang Theory" explora o universo nerd

Nerd é um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensas atividades intelectuais, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras atividades mais populares. Por essa razão, um nerd muitas vezes não participa de atividades físicas e é considerado um solitário pelas pessoas. Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia.
Etimologia
A expressão é utilizada desde o final da década de 1950 no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Também há uma versão na qual a palavra derivaria de Northern Electric Research and Development (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia Northern Electric do Canadá, hoje Nortel), ou seja, atribuída àqueles indivíduos que trabalhavam no laboratório de tecnologia, que eram dados a passar noites em claro nas suas pesquisas. Na década de 1960 difundiu-se a sua conotação pejorativa, aplicado a pessoas com inteligência geralmente acima da média, com alguma dificuldade em se relacionar socialmente, e que não obedece aos padrões da sociedade - principalmente físicos e intelectuais - tornando-se uma pessoa marginalizada, tímida e solitária. Atualmente, no entanto o termo nerd vem sendo usado por determinados grupos relacionados a interesses específicos como forma de se identificarem.
Outra possível origem da palavra vem do hábito de alguns estudantes do MIT (Massachussets Institute of Technology ou Instituto de Tecnologia de Massachusetts; em português) de chamar alguns alunos de "knurd" (a palavra vem de "drunk", bêbado em inglês, escrito ao contrário).
Estereótipo
Segundo uma definição de Lia Portocarrero Amancio,
"…é o rapaz (ou moça) que nutre alguma obsessão por algum assunto a ponto de a) pesquisar; b) colecionar coisas; c) fazer música; d) escrever sobre (normalmente acompanhado de pesquisa); e) não sossegar enquanto não descobrir como funciona; f) não dormir enquanto o programa não rodar."
Segundo Paul Graham, "Existe uma relação entre ser esperto/inteligente e ser nerd, ou melhor, há uma correlação inversa maior ainda entre ser nerd e ser popular. Se ser esperto parece fazer a pessoa não popular" de forma análoga vem a conotação pejorativa.
Os Nerds são conhecidos por um determinado estereótipo, muito divulgado em filmes ou desenhos animados, que geralmente não correspondem a realidade total. Eles não têm um padrão próprio de vestuário e podem ser muito sociáveis se se sentirem confortáveis no ambiente.
Apesar de serem uma Tribo Urbana, pode ser difícil reconhecê-los no dia-a-dia pois, ao contrário das outras tribos, não tem um estilo facilmente reconhecível à primeira vista, porém com um convívio prolongado, é possível claramente diferenciá-los. Tampouco gostam dos mesmos tipos de música, e nem todos frequentam os mesmos lugares (apesar de uma grande parte frequentar convenções de quadrinhos e ficção científica ou mesmo, preferirem ficar em casa envolvidos em suas atividades).
Mas é importante ressaltar que nem sempre os nerds querem isso para suas vidas, uma certa faixa da respectiva população nerd busca mudar para o grupo considerado antônimo dos nerds, os populares, fazendo-os usar o seu dom para isso, a inteligência, desse modo o nerd analisa todo o funcionamento da sociedade e por que ela é assim. Isso costuma acontecer com os adolescentes, que por terem tido uma infância controlada pelos pais, não souberam como agir com a sociedade no começo da adolescência, ficando assim sozinha, tendo que apelar para coisas do mundo nerd.
Sub-grupos
Há muitos 'sub-grupos' de nerds. Dentre eles, destacam-se:
·         Geeks, em alguns lugares também chamados de tecnonerds, são os nerds cujo interesse volta-se especialmente para a tecnologia, ciência e informática;
·         Gamers, os jogadores compulsivos de vídeo games;
·         Retro-Gamers, jogadores que gostam ou preferem vídeo games e jogos antigos;
·         Cards Gamers, os jogadores compulsivos de Cards Games (Yu-Gi-Oh, Magic, Pokemon);
·         Board Gamers, os jogadores compulsivos de jogos de tabuleiro modernos (Carcassonne, Coloretto, Descobridores de Catan, Puerto Rico), ou jogos tradicionais como (Stratego e Xadrez);
·         RPGistas, os jogadores de Role playing games (RPG), normalmente sobre temas medievais;
·         Fanbase ou Fandom, um grupo caracterizado por ser fã de uma obra, ou conjunto de obras específicas como:
·         Lord of the Rings Fans, do universo de O Senhor dos Anéis;
·         Star Warriors, do universo de Star Wars;
·         Trekkers' ou Trekkies, do universo de Star Trek;
·         Babylon V'ers, de Babylon 5
·         eXcers, de Arquivo X;
·         Battlestar Galactica
·         Trekdom
·         Narnianos, fãs de As Crônicas de Nárnia;
·         Pottermaníacos, fãs de Harry Potter
·         Gaters, do universo de Stargate
·         Otaku, fãs de Animes/mangás, de desenhos Japoneses e convenções de Cosplay, onde se dizem interessados pela cultura e língua japonesas.
·         Fanboy, são os nerds aficcionados em uma determinada marca ou produto, (vale lembrar que algumas vezes fanboys não são bem vistos pelos gamers ou no mundo dos videogames, por defenderem muitas vezes, por exemplo, um determinado console, desprezando os outros), são alguns tipos de fanboys:
·         Caixistas, são os obcecados pela Microsoft e seus produtos.
·         Sonystas, são os obcecados pela Sony e seus produtos.
·         Nintendistas, são os obcecados pela Nintendo e seus produtos.
·         Pcistas, são os obcecados por computadores como plataforma de jogos.
·         Fan fiction
·         Fanon (fiction)
·         Fanposter
No Brasil
No Brasil, chama-se CDF o indivíduo inteligente que se dedica muito aos estudos. Usa-se a sigla ou acrônimo "CDF" significando "Cabeça-de-ferro" ou "Crânio-de-Ferro" devido aos extensos períodos que a pessoa fica estudando. O que é confundido por muitos com o Nerd, onde este pesquisa, estuda seu objeto de apreciação, e o CDF se concentra em matérias escolares (Matemática ou Ciências, por exemplo). Enquanto os Nerd encaixam-se nos naturalmente interessados em ciências e computação - podendo mesmo não ir bem na escola, uma vez que muitos se consideram autônomos o suficiente na aprendizagem a ponto de não se preocuparem com a organização de cadernos ou o dever de casa - os CDFs costumam referir-se a jovens que tem a escola/faculdade como ponto central de suas vidas; e assim estudando excessivamente e ocasionalmente nem mesmo motivados pelo desejo de aprender, mas sim de agradar seus pais e professores.

Sociólogo explica o fenômeno das Tribos Urbanas

Entrevista do sociólogo, pesquisador e professor de história contemporânea da Uni Sant’Anna e Unifai Marcos Horácio Gomes Dias, no blog Conexão Tribo

1 - Qual o principal motivo que leva as pessoas a criarem  uma tribo?
A sensação de pertencerem a um grupo e constituírem uma identidade. Estar com os seus iguais significa ter aceitação e existir enquanto indivíduo.
2 - Você acha que a tribo causa uma forma de “isolamento social”?
Depende do ponto de vista. Estes grupos podem isolar as pessoas da sociedade hegemônica, daquela no qual a moral predominante exige regras para trabalho, casamento e conduta sexual. Por outro lado, a tribo socializa o indivíduo em outro grupo com normas e condutas de comportamento. É muito difícil o ser humano estar isolado socialmente.
3 - A expressão “tribo urbana” foi criada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli. Você não acha que esse termo é um pouco preconceituoso, tendo em vista que antes a palavra tribo era utilizada pra se referir apenas aos indígenas?
Acho que não! Este termo refere-se a um agrupamento de pessoas ou indivíduos. Indica que existe uma sociabilidade que não é igual ao modelo europeu e americano de Estado-Nação, ordem jurídica, organização capitalista do trabalho etc. Como os indígenas americanos e os agrupamentos africanos não seguem estas regras, serviram de modelo e exemplos para os estudiosos entenderem os diversos grupos da própria sociedade ocidental.
4 - Qual a tribo que mais influenciou gerações?
Não existe uma específica. Existem várias: hippies, roqueiros, gays, góticos, religiosos, modernos, emos etc.
5 – Qual a tendência das tribos urbanas para os próximos anos?
As tribos geralmente seguem a tendência acima, mas as tribos religiosas têm aumentado de forma galopante.
6 – Qual o verdadeiro objetivo das tribos urbanas? Será esse fenômeno apenas um modismo?
Elas vem de encontro a uma insatisfação em relação a sociedade que se vive. Existe um descrédito naquilo que aprendemos como importante e bom: Estado-Nação, ordem jurídica, organização capitalista do trabalho, sistema educacional, divisões sexuais etc. Elas tentam criar uma sociabilidade que não leva em consideração os padrões da sociedade hegemônica.  Podem até seguir uma determinada moda, mas irão existir sempre.
Em sua opinião, qual a influência das tribos urbanas para a sociedade atual?
Permitem que indivíduos diversos se expressem, divulgam modas e, ao mesmo tempo, servem como vitrine para o capitalismo criar novas mercadorias.
8 – Você acha que o crescimento das novas mídias favorece o crescimento das tribos urbanas?
Sim!!! Mais do que isso, servem para a divulgação dessas tribos.
– Para Maffesoli, uma particularidade das tribos urbanas é o caráter volátil de seus vínculos internos, o que tanto torna sua dinâmica social muito rica, como enfraquece as ligações entre os membros, comprometendo o engajamento em projetos cooperativos de maior duração. Você concorda com essa afirmação?
Sim, pois estes pequenos grupos se articulam por meio de regras e normas. Dessa maneira, criam uma insatisfação constante naqueles que entendiam esta tribo como uma possibilidade de libertação ou de vida alternativa. O grupo acaba não respondendo aos anseios de cada desejo individual e assim não se torna coeso, impossibilitando qualquer luta política. Por outro lado, a própria vida contemporânea que exige um individualismo extremo e satisfação imediata dos desejos impossibilita uma cultura voltada para alianças e relações interpessoais. Por muitas vezes, o indivíduo procura uma tribo em busca de regras e normas de conduta, pois se sente tão perdido neste caos da civilização, que prefere se juntar a um grupo que tenhas normas e regras.
10 – Você considera o fenômeno das tribos urbanas como o maior movimento de massa da juventude?
Não sei se é o maior, mas é o que é possível neste momento.
  *Marcos Horácio: Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1995), Pós – Graduação Lato Sensu em Arte e Cultura Barroca pelo Instituto de Filosofia Arte e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (1999), mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (2000) e é doutorando em História pela PUC-SP (2008). Atualmente é professor titular do Centro Universitário Assunção, professor titular do Centro Universitário Sant’Anna  e foi sócio-proprietário da Trilhos Consultoria em História, Cultura e Comunicação. Tem experiência como docente na área de História e Comunicação Social, com ênfase em Estética, História da Arte, História Contemporânea, Teoria da Comunicação e Sociologia, atuando também nas seguintes disciplinas: Patrimônio Cultural, Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira e Antropologia.

Tribos Urbanas

As tribos urbanas, também chamadas de subculturas ou subsociedades (ou metropolitanas ou regionais) são constituídas de microgrupos que têm como objetivo principal estabelecer redes de amigos com base em interesses comuns. Essas agregações apresentam uma conformidade de pensamentos, hábitos e maneiras de se vestir. Um exemplo conhecido de tribo urbana são os punks. A expressão "tribo urbana" foi criada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, que começou usá-la nos seus artigos a partir de 1985. A expressão ganha força três anos depois com a publicação do seu livro O Tempo das Tribos: O declínio do individualismo nas sociedades de massa. Segundo Michel Maffesoli, o fenômeno das tribos urbanas se constitui nas "diversas redes, grupos de afinidades e de interesse, laços de vizinhança que estruturam nossas megalópoles. Seja ele qual for, o que está em jogo é a potência contra o poder, mesmo que aquela não possa avançar senão mascarada para não ser esmagada por este".

Proxemia
As tribos reforçam "um sentimento de pertença" e favorecem "uma nova relação com o ambiente social".
A proxemia das tribos é uma faca de dois gumes. Ela pode, por um lado, ser expressa pela tolerância. Um exemplo disso é a tribo dos clubbers. Incentivados pela filosofia P.L.U.R. - Peace, Love, Unity & Respect - os frequentadores das raves são incitados a respeitar o "meio ambiente e outras pessoas, independente de credo, raça, religião, gostos e opiniões". A outra face dessa "homossocialidade" tribal é a exclusão do "diferente" a partir da violência, coisa bem presente no fanatismo e no racismo de algumas tribos. Os boneheads em geral enquadram-se aí, tendo como inimigos declarados os negros, estrangeiros, gays, comunistas e militantes ativistas de extrema-esquerda (anarcopunks e redskins, por exemplo).
Fluidez & Estabilidade
Maffesoli destaca algo paradoxal nas tribos urbanas. Elas são instáveis e "abertas", podendo uma pessoa que participa delas "evoluir de uma tribo para a outra". Por outro lado, essas tribos alimentam um sentimento de exclusividade e um "conformismo estrito" entre seus participantes.