Quando tive a ideia de criar um blog para postar os conteúdos e outros assuntos abordados em aula, eu não tinha uma boa ideia de título para o blog. A sociologia havia se tornado disciplina obrigatória, e os alunos constantemente perguntavam: "Pra que estudar sociologia?". Outros colegas professores também abordavam o assunto sem a menor cerimônia. "Pronto, mais uma matéria para encher linguiça".
Para combater esses ataques à importância da minha disciplina, comecei a escrever no quadro, abaixo da data: Sociologia - A Melhor Matéria. O pessoal ria achando que eu não estava levando a sério a disciplina que eu lecionava e na qual era formado. Mas com o passar do tempo, perceberam que eu estava falando seríssimo. Trazia assuntos do dia-a-dia, realizava atividades "estranhas" até então na escola, como um trabalho de etnografia no cemitério à noite, ou uma campanha do Abraço Grátis que mobilizou toda a cidade, tendo inclusive sendo matéria do jornal da região. Na escola, durante o recreio, as turmas realizavam Flash Mobs - vinham vestidos de zumbis, com capas de chuva amarelas, faziam guerras de travesseiros. Estavam aprendendo como o mundo funciona de maneira dinâmica e divertida, sem perder o foco na teoria (práxis marxiana, é claro). O título do blog saiu daí, dessa afirmação que até mesmo quando eu esquecia de por no quadro, os alunos lembravam e anotavam em seus cadernos, ao lado da data.
Aqui, o estudante pode encontrar a teoria estudada em sala de aula, os assuntos do momento abordados por um ponto de vista crítico e respeitoso (sem essa de ficar em cima do muro) e é claro, os resultados de seus trabalhos escolares, que são muito caprichados.
Me sinto orgulhoso por estes dois anos. Muitos são os elogios a este blog e o número de acessos vem crescendo constantemente. Então, parabéns para o Sociologia - A Melhor Matéria e para todos os que vem aqui sempre em busca de alguma lampejo sociológico.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
VOCÊ SABE O QUE É FUNK DE VERDADE ?
"A maioria das pessoas que escuta a palavra "funk" logo pensa no ritmo dançante que domina o Rio de Janeiro e faz "cachorras e popozudas" rebolarem, mesmo que as letras das músicas sejam pornográficas ou as insultem. Mas pouca gente sabe que, na verdade, este gênero musical chama-se "miami bass" e é bem diferente do conceito original de FUNK.
O verdadeiro funk nasceu nos anos 1930, nos EUA, como uma vertente mais dançante da soul music, e inicialmente não tinha nada de eletrônico. Era sim, um ritmo tocado com banda, que influenciou e foi influenciado pelo rock, mas nunca perdeu sua identificação com a comunidade negra - ao contrário do rock, que foi "adotado" pelos brancos.
O verdadeiro funk tem como principal expoente o imortal James Brown, que faleceu no Natal de 2006, logo após completar 50 anos de carreira, mas deixou sua herança em influências que vão do próprio soul ao rock e, principalmente, ao rap, que o tem como uma espécie de "guru". O verdadeiro funk não é pornográfico, mas sim nasceu como forma de exaltar o orgulho negro e fazer dançar. Uma das máximas de James Brown é "Say it loud, I'm black and I'm proud" ("Diga alto: sou negro e tenho orgulho disso"), lema que tornou-se a trilha sonora preferida do Movimento Black Power.
Outros nomes praticamente desconhecidos dos "funkeiros" de hoje também ajudaram a fazer do funk original um dos ritmos mais dançantes dos anos 70: The Meters, Sly & The Family Stone, Gap Band, Wilson Pickett, George Clinton (que criou as bandas Funkadelic e Parliament), Bootsy Collins, The Fatback Band e The Propositions, entre muitos outros. Só no final dos anos 70 é que alguns elementos eletrônicos foram incorporados ao funk e o principal nome desta fase foi Roger Troutman (Zapp), criador do talkbox (sintetizador vocal muito utilizado na atualidade).
O Brasil também teve nomes representativos do verdadeiro funk. O maior deles, sem dúvida, foi Tim Maia, principalmente em sua fase denominada "racional". Jorge Ben também se aventurou no ritmo, fundindo-o ao samba - ritmo que ficou conhecido como "samba-rock" e também teve força com a banda Black Rio. Gérson King Combo (considerado o 'James Brown brasileiro'), Tony Tornado, Toni Bizarro e Ladi Zu também grafaram seus nomes na história do funk brasileiro.
O 'FUNK CARIOCA'
- Por que, então, o miami bass é conhecido como "funk"?
A resposta é simples. Na fase áurea do funk, este era o ritmo tocado nos muitos bailes para negros que eram organizados no Brasil, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estes eventos ficaram conhecidos como "bailes funk".
O tempo passou e estes bailes nunca deixaram de ser realizados, mas o ritmo tocado nas pistas mudou. No caso específico dos cariocas, o miami bass caiu no gosto popular e, como as festas continuavam sendo chamadas de "bailes funk", naturalmente a trilha sonora passou a ser chamada de "funk".
Finalizando, além de merecer respeito, o verdadeiro funk não pode ter sua história apagada por causa da desinformação propagada pela mídia - ou por DJs que não conhecem a verdadeira história musical."
O verdadeiro funk nasceu nos anos 1930, nos EUA, como uma vertente mais dançante da soul music, e inicialmente não tinha nada de eletrônico. Era sim, um ritmo tocado com banda, que influenciou e foi influenciado pelo rock, mas nunca perdeu sua identificação com a comunidade negra - ao contrário do rock, que foi "adotado" pelos brancos.
O verdadeiro funk tem como principal expoente o imortal James Brown, que faleceu no Natal de 2006, logo após completar 50 anos de carreira, mas deixou sua herança em influências que vão do próprio soul ao rock e, principalmente, ao rap, que o tem como uma espécie de "guru". O verdadeiro funk não é pornográfico, mas sim nasceu como forma de exaltar o orgulho negro e fazer dançar. Uma das máximas de James Brown é "Say it loud, I'm black and I'm proud" ("Diga alto: sou negro e tenho orgulho disso"), lema que tornou-se a trilha sonora preferida do Movimento Black Power.
Outros nomes praticamente desconhecidos dos "funkeiros" de hoje também ajudaram a fazer do funk original um dos ritmos mais dançantes dos anos 70: The Meters, Sly & The Family Stone, Gap Band, Wilson Pickett, George Clinton (que criou as bandas Funkadelic e Parliament), Bootsy Collins, The Fatback Band e The Propositions, entre muitos outros. Só no final dos anos 70 é que alguns elementos eletrônicos foram incorporados ao funk e o principal nome desta fase foi Roger Troutman (Zapp), criador do talkbox (sintetizador vocal muito utilizado na atualidade).
O Brasil também teve nomes representativos do verdadeiro funk. O maior deles, sem dúvida, foi Tim Maia, principalmente em sua fase denominada "racional". Jorge Ben também se aventurou no ritmo, fundindo-o ao samba - ritmo que ficou conhecido como "samba-rock" e também teve força com a banda Black Rio. Gérson King Combo (considerado o 'James Brown brasileiro'), Tony Tornado, Toni Bizarro e Ladi Zu também grafaram seus nomes na história do funk brasileiro.
O 'FUNK CARIOCA'
- Por que, então, o miami bass é conhecido como "funk"?
A resposta é simples. Na fase áurea do funk, este era o ritmo tocado nos muitos bailes para negros que eram organizados no Brasil, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estes eventos ficaram conhecidos como "bailes funk".
O tempo passou e estes bailes nunca deixaram de ser realizados, mas o ritmo tocado nas pistas mudou. No caso específico dos cariocas, o miami bass caiu no gosto popular e, como as festas continuavam sendo chamadas de "bailes funk", naturalmente a trilha sonora passou a ser chamada de "funk".
Finalizando, além de merecer respeito, o verdadeiro funk não pode ter sua história apagada por causa da desinformação propagada pela mídia - ou por DJs que não conhecem a verdadeira história musical."
Texto extraído do site www.humbertodiscofunk.com
Gérson King Combo
Fernanda Abreu
terça-feira, 24 de maio de 2011
Quatro mentiras sobre o ambiente
Escrito por Eduardo Galeano |
19/05/2011 |
1- Somos todos culpados pela ruína do planeta.
A saúde do mundo está feito um caco. “Somos todos responsáveis”, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade.
Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao “sacrifício de todos” nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras – inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio – não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.
Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20% da humanidade comete 80% das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, “faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades”. Uma experiência impossível.
Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.
2- É verde aquilo que se pinta de verde.
Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. “Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas”, esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.
Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.”
O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência vai dispor de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente.
O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete.
A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.
3- Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.
Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas… As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco-92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.
No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.
A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil.
Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.
4- A natureza está fora de nós.
Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: “Honrarás a natureza, da qual tu és parte.” Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo.
Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão.
Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer.
Eduardo Galeano, escritor, é autor de, entre outros, "As veias abertas da América Latina".
sábado, 21 de maio de 2011
Filme: Bróder impressiona com retrato complexo da periferia - Portal Vermelho
A câmara persegue desesperadamente três garotos que correm por entre as vielas e corredores estreitos do Capão Redondo. No entanto, aqui, eles não estão fugindo da polícia ou de traficantes. Trata-se de uma brincadeira, uma disputa para ver quem chega primeiro ao local combinado. É com essa visão lúdica da periferia que Jeferson De faz sua ótima estreia com Bróder. O longa se diferencia dos demais filmes de favela do cinema brasileiro.
Por Leonardo Vinicius Jorge
Após premiação da crítica no festival de Paulínia e de ganhar quase tudo em Gramado, a produção chegou ao circuito comercial neste 21 de abril e dá novo fôlego ao cinema nacional, fugindo um pouco do óbvio e dos temas batidos que foram se acumulando nos últimos anos.Na história, três amigos de infância se reencontram depois de um período de distanciamento: Pibe (Sílvio Guindane) decidiu sair do Capão Redondo e se tornou corretor de imóveis, mas passa por problemas financeiros; Jaiminho (Jonathan Haagensen) virou jogador de futebol na Espanha e promessa de futuro craque da seleção brasileira; Macu (Caio Blat) continuou no bairro e está prestes a entrar no mundo do crime ao aceitar que sua casa seja o cativeiro de uma criança que será sequestrada.
Os três decidem aproveitar a festa de aniversário de Macu para reforçar a amizade e passar o dia juntos, passeando pelo bairro no qual cresceram. Mas a coisa complica quando os traficantes da área decidem aproveitar a passagem de Jaiminho para sequestrá-lo. É nessa hora que Macu precisará decidir qual atitude tomar: proteger o amigo ao custo de comprar uma dívida com os criminosos ou usar a situação como prova de sua coragem para entrar no grupo dos traficantes.
Capão Redondo em cena
Bróder é cheio de acertos, a começar pela escolha do Capão Redondo como locação. O bairro da Zona Sul da capital paulista não é apenas um ambiente para a história, mas um personagem do filme, além de servir como microuniverso do Brasil das contradições e das facetas multiculturais.
As situações mostram que Jeferson De tem muito mais dor de cabeça do que Spike Lee na hora de fazer críticas sociais e raciais. E a família de Macu mais uma vez mostra o homem da casa como um elemento fraco, simbolizando a ausência do Estado – uma metáfora frequente no cinema nacional.
Mas a interessante história (elaborada por Jeferson De em parceria com Newton Cannito), o olhar diferenciado e os belos planos e enquadramentos não seriam suficientes para sustentar o filme se não houvesse uma perfeita química entre os atores, e o elenco não decepciona.
Além da sempre competente Cássia Kiss, que interpreta a sofrida Dona Sônia, mãe de Macu, e Ailton Graça, no papel do padrasto inseguro e alcoólatra, Bróder funciona por conta de sua trinca de protagonistas.
Como o próprio diretor brinca, Bróder é sobre a família do Zé Pequeno (personagem do filme Cidade de Deus), é sobre como esses garotos se tornam “Zés Pequenos” diariamente. Aliás, há outro paralelo entre o filme de Jeferson De e de Fernando Meirelles: é em Bróder que conhecemos o verdadeiro “Trio Ternura”. Veja abaixo o trailer:
sexta-feira, 13 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
Smurfs Comunistas...
Alguém sabe oque significa Smurf ? S.M.U.R.F= Socialist Men Under Red Father/Homens socialistas sob o comando do "Papai Vermelho". Isso mesmo minha gente, os carinhas azuis eram nada mais que uma velha e boa propaganda comunista. Criados em 1958 pelo desenhista belga Peyo (Pierre Culliford), um apaixonado pelo comunismo teve a ideia de mostrar os preceitos da doutrina comunista para as crianças através de um desenho animado. Vamos a os fatos:
1- Todos os Smurfs vivem em uma floresta e trabalham em conjunto, todos se vestem iguais (túnica e calça branca) uma clara referência à igualdade pregada no comunismo.
2- São comandados pelo "Papai Smurf", que também veste túnica e calça, mas na cor vermelha e que possui um grande influência nas decisões dos demais e tem uma grande barba branca ( livre referência a Marx).
3- Gargamel e Cruel, os vilões da série, queriam capturar os Smufs para transformá-los em ouro. A dominação do mais frágil e a exploração de sua mão de obra são o que permitem que o conceito da mais-valia, de Karl Marx, seja possível.
4- O único smurf que discorda das opiniões, o Gêni, é sempre expulso da aldeia no final de cada episódio (referência a Leon Trotsky). O personagem chega a ter até os oculos iguais a do lider exilado e depóis assassinado supostamente a mando de Stálin. Assim como Trotsky, Gênio fazia o que dava na telha e colocava os Smurfs em maus lençóis.
5-Não tem o Smurf padre (ateísmo).
6- Todos tem uma função própria para o bom andamento da sociedade (tem o pintor,o inventor, o engenheiro etc...).
7- Nenhum smurf se mete na atividade do outro (conceito básico de que você e bom no que sabe fazer).
8-Mostravam- se sempre felizes e todos trabalhavam.
Jogador da NBA ataca “celebração” dos EUA pela morte de Bin Laden
Enquanto a maioria das pessoas demonstrava apoio as Estados Unidos após o anúncio de que Osama Bin Laden, apontado como o responsável pelos ataques aos americanos em 11 de setembro de 2001, havia sido encontrado e morto pelo serviço secreto de seu país, o ala do time de basquete da NBA Milwaukee Bucks, Chris Douglas-Roberts, criticou os americanos que comemoravam a morte do terrorista.
Alguns famosos mostraram apoio ao presidente americano, Barack Obama, que anunciou a morte do terrorista – como o ala do Miami Heat e duas vezes MVP da NBA em seguida, LeBron James: “Uau! As palavras de Obama movem a Terra e são inspiradoras”, comentou, em sua página oficial do Twitter. O craque Ronaldo, recém-aposentado, se conteve em repassar uma mensagem de um jornal carioca, avisando da morte do terrorista.
Douglas-Roberts, no entanto, atacou o povo americano. “Isto é uma celebração?”, comentou o atleta em seu Twitter, depois de todas as televisões mostrarem a multidão que estava na frente da Casa Branca, comemorando a morte de Bin Laden. “Seria isto o início de uma grande guerra religiosa? Espero que não (balançando minha cabeça)”, continuou.
Em seguida, sendo vítima de muitas críticas e atacado por muitos seguidores, o jogador desabafou. “Eu sou o idiota? Você é cristão. Deus ficaria feliz com você comemorando a morte?”, questionou, ao ser insultado. “Foram necessárias 919.967 mortes para matar este cara. Foram necessários dez anos e duas guerras para matar este cara. Nos custou aproximadamente US$ 1,9 trilhões para matar este cara. Mas estamos vencendo (sarcasmo)”, disse.
Muito criticado, o jogador continuou dando sua opinião pelo microblog, afirmando ser contra “uma guerra de dez anos” e, principalmente, a “morte de inocentes diariamente”. “Só estou dizendo o que eu sinto. Para todos me apoiando, estou bem. Eu tenho uma pele muito grossa. O que eu sinto não mudou nem um pouco. De qualquer maneira, que Deus abençoe a América”, finalizou.
Fonte: Terra
Douglas-Roberts, no entanto, atacou o povo americano. “Isto é uma celebração?”, comentou o atleta em seu Twitter, depois de todas as televisões mostrarem a multidão que estava na frente da Casa Branca, comemorando a morte de Bin Laden. “Seria isto o início de uma grande guerra religiosa? Espero que não (balançando minha cabeça)”, continuou.
Em seguida, sendo vítima de muitas críticas e atacado por muitos seguidores, o jogador desabafou. “Eu sou o idiota? Você é cristão. Deus ficaria feliz com você comemorando a morte?”, questionou, ao ser insultado. “Foram necessárias 919.967 mortes para matar este cara. Foram necessários dez anos e duas guerras para matar este cara. Nos custou aproximadamente US$ 1,9 trilhões para matar este cara. Mas estamos vencendo (sarcasmo)”, disse.
Muito criticado, o jogador continuou dando sua opinião pelo microblog, afirmando ser contra “uma guerra de dez anos” e, principalmente, a “morte de inocentes diariamente”. “Só estou dizendo o que eu sinto. Para todos me apoiando, estou bem. Eu tenho uma pele muito grossa. O que eu sinto não mudou nem um pouco. De qualquer maneira, que Deus abençoe a América”, finalizou.
Fonte: Terra
domingo, 1 de maio de 2011
Classes sociais: a contradição entre o capital e o trabalho
O Brasil tem hoja uma estrutura de classes típica do modo de produção capitalista na qual predomina largamente os trabalhadores assalariados que, para obterem seus meios de sobrevivência, precisam vender sua força de trabalho ao capital. Nesta situação, o que é mesmo a chamada “nova classe média”?
Por José Carlos Ruy e Umberto Martins
A ideia de uma nova classe média virou lugar comum na mídia e no discurso de muitos políticos. Há uma espécie de comemoração pelo fato de milhões de brasileiros terem registrado uma melhora em sua renda e ascendido a padrões de consumo mais elevado. Muitos políticos se apresentam como pais desta promoção, entre eles tucanos como Fernando Henrique Cardoso, ansiosos por pegar uma carona no prestítio dela derivado.Objetivo ideológico
Mas, concretamente, o que é que aconteceu mesmo? Na década de 1990 o discurso mais comum era aquele que desvalorizava a classe operária e dizia que o trabalho havia perdido a centralidade na produção moderna, e que o proletariado já não teria o papel histórico de agente da mudança que o marxismo clássico havia atribuido a ele.
A concepção corrente de “classe média” parece ter o mesmo objetivo: desvalorizar a luta de classes no capitalismo e os trabalhadores, encarados como “classe média”, uma espécie de amortecedor de conflitos, incapaz de um projeto próprio e independente e genuinamente reformista, vivendo imersa em fantasias consumistas .
É preciso examinar esta questão um pouco mais de perto. Aclassificação de uma população por critérios de renda e acesso ao consumo obedece principalmente a uma necessidade de mercado mas tem também uma função política que não se resume apenas às previsões de desempenho eleitoral . Ela também busca identificar também, no conjunto da população, aquela parte que pode servir – para segurança das classes dominantes - de amortecedor na luta de classes. Segmento que é transformado assim em alvo preferencial do esforço cultural e propagandístico (ideológico, portanto) de construção do consenso em torno da sociedade tal como ela está organizada.
Critérios mercadológicos
As regras usadas neste esforço segmentam a população pela capacidade de consumo. No Brasil elas foram definidas pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa que anualmente atualiza o chamado Critério Brasil (CCEB, Critério de Classificação Econômica Brasil), que é umais usado. E que a ABPE define como “um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns ítens domiciliares de conforto e grau escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população. O critério atribui pontos em função de cada característica domiciliar e realiza a soma destes pontos. É feita então uma correspondência entre faixas de pontuação do critério e estratos de classificação econômica definidos por A1, A2, B1, B2, C1, C2, D, E. Isto é, examina a posse de bens de consumo como televisão em cores,
rádio, banheiro, automóvel, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira, freezer, se a família tem empregada mensalista, qual ograu de instrução do chefe de família e a renda familiar.
Somados os pontos obtidos pela posse destes bens, serviços e capacidades, define-se os segmentos em A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. Por exemplo, a renda mensal em 2009 incluia valores como 11.480 reais (Classe A1) a 1459 reais (C1) ou 680 reais (D). Com estes critérios, a distribuição da população em 2009 era de 0,5% (A1), 4% (A2), 28,4% (B1 e B2), 48,8% (C1 e C2), 17,1% (D) e 1,1% (E).
A fragilidade deste critério, entretanto, é visível quando, nos níveis mais altos (A e
B) podem se encontrar patrões e empregados que por ventura alcancem a mesma pontuação medida pela posse de bens.
“Classe média, eu?”
É uma distorção nítida que provocou a reação da manicure carioca Josineide Mendes Tavares em 2008 quando foi procurada pela revista Época (quando foi divulgada pela primeira vez a tese do predomínio da “classe média” entre os brasileiros), “Classe média, eu?”, duvidou, com razão – ela é uma trabalhadora que prestava serviços a domicílio, com renda mensal entre 1.500 a 2.000 reais, moradora da Rocinha, no Rio de Janeiro, e cuja percepção de pertencimento de classe a coloca entre os trabalhadores e não entre aqueles setores tradicionalmente considerados com parte do “andar de cima”.
Os próprios trabalhadores percebem a inadequação de uma maneira de ver a estratificação social que permite distorções deste tipo. Afinal, a maneira mais tradicional – que o povo vê como oposição entre “ricos” e “pobres” – é aquela que se baseia no controle das máquinas, ferramentas e demais meios de produção. O senso comum aponta assim para uma verdade científica sistematizada pela primeira vez por Karl Marx e Friedrich Engels há mais de 150 anos e que se tornou uma ferramenta política na luta contra o capitalismo: qualquer avaliação válida para se compreender as classes sociais decorre da compreensão da maneira como ocorrem as relações sociais de produção e da posição das pessoas dentro delas.
Centralidade do trabalho
Marx e Engels, procuraram compreender os fundamentos sociais concretos da divisão entre os homens recusando todo subjetivismo e colocando o trabalho no centro da análise. Partindo da contradição objetiva entre trabalhadores diretos e proprietários dos meios e instrumentos de produção, procuraram aqueles fundamentos nas relações sociais de produção que envolvem, em seu âmbito, a cooperação e o conflito, e também a produção e distribuição da riqueza produzida. Para eles, as classes sociais se definem pela posição de cada um nestas relações de produção e na estrutura social que a organiza.
Esta definição foi desenvolvida por Lênin. "Chama-se classes a grandes grupos de pessoas que se diferenciam entre si pelo seu lugar num sistema de produção social historicamente determinado, pela sua relação (as mais das vezes fixada e formulada nas leis) com os meios de produção, pelo seu papel na organização social do trabalho e, consequentemente, pelo modo de obtenção e pelas dimensões da parte da riqueza social de que dispõem. As classes são grupos de pessoas, um dos quais pode apropriar-se do trabalho do outro graças ao fato de ocupar um lugar diferente num regime determinado de economia social" (“Uma grande iniciativa”. In Lênin, V. I. Obras escolhidas, V. 3. São Paulo, Alfa Omega, 1980). Aqui, classe social é encarada a partir de um conjunto de situações: o lugar ocupado no sistema de produção, a relação com os meios de produção, o papel na organização social do trabalho, e o modo de obtenção e tamanho da parte da riqueza social. Nesta definição, sem lugar para subjetivismos, a renda é apenas um dos traços explicativos de uma realidade mais complexa e que inclui outros elementos.
Complexidade do tema
Outros aspectos, fundamentais para a teoria marxista incluem a articulação da definição de classes sociais com a luta política (toda a história é a história da luta de classes, escreveram Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista, de 1848), a consciência de classe que se forja na luta política e se concretiza num programa para atender os interesses dos trabalhadores e num partido que seja o instrumento e guia de sua luta, e também o desenvolvimento da divisão do trabalho que exige novas funções para atender às novas necessidades da produção e da distribuição dos produtos do trabalho.
Neste sentido, o próprio Marx compreendeu (como deixou registrado em obras como O Capital e Teorias da Mais Valia) que a evolução capitalista poderia romper com uma visão simplista que opõe de forma dicotômica a burguesia (em suas diferentes facções) e o proletariado compreendido como operário de fábrica. O desenvolvimento da produção burguesa levará à diminuição do número de trabalhadors diretamente ligados à produção e ao crescimento da chamada “classe média”, escreveu ele. Chegou a dizer, polemizando com Thomas Malthus, que este seria o “curso da socieade burguesa”. Não que Marx tenha deixado de lado a ideia fundamental de uma polarização entre proprietários e trabalhadores, mas ela ocorreria num padrão abstrato mais alto: a contradição fundamental entre o capital e o trabalho. E incluiu as chamadas “classes médias” nesta polarização: ela seria formada pelos "servidores do público" (grupos profissionais, magistrados, artistas de diversões) que têem “um papel crescentemente significativo na manutenção da sociedade burguesa”, e também pelos pequenos produtores, empregados no comércio, atacadistas, lojistas, os que "mandam em nome do capital" (como gerentes e seus assistentes, supervisores, secretários, guarda-livros, funcionários), e finalmente o grupo "ideológico" formado por advogados, artistas, jornalistas, clero e funcionários do Estado. Note-se que a definição de classe média, neste caso, nada tem a ver com a concepção do “mercado”, cujo principal critério é a renda.
A situação em que se encontra a produção capitalista na maior parte dos países no limiar do terceiro milênio, e mais de século depois da produção de Marx e Engels, confirma aquela previsão baseada na análise genial da lógica que predomina na produção capitalista. Num texto publicado em 2005 os professores da Univesidade de Campinas José Dari Krein e José Ricardo Gonçalves (“Mudanças Tecnológicas e seus Impactos nas Relações de Trabalho e no Sindicalismo do Setor Terciário”. In: Dieese/Cesit (Org.). O Trabalho no Setor Terciário: Emprego e Desenvolvimento Tecnológico. São Paulo: Dieese, 2005) enfrentaram a questão “o que é classe média, hoje?”
Encontraram uma “classe média” muito diferente daquela que frequenta o imaginário, e mais próxima dos trabalhadores comuns. Ao analisar o inchaço do setor de telemarketing mostraram que, em 2003, ele tinha quinhentos mil trabalhadores, enquanto em São Paulo, entre 1997 e 2003 o número de empregados do florescente setor de telecomunicações caiu de 21 mil para menos de sete mil. Entre os bancários, houve queda semelhante, no país: passou de 890 mil trabalhadores no começo da década de 1990 para menos de 400 mil em 2003. Isto é, houve uma forte compressão num setor significativo da classe média tradicional (como os bancários) ao mesmo tempo em que aumentou a parcela representativa de uma moderna “classe média” com menor qualificação (com renda mais baixa e condições de trabalho mais precárias), como os operadores de telemarketing.
Outro setor profissional que explodiu foi o dos motoqueiros. Em todo o país o número de motocicletas pulou de 692 mil em 2001 para 1,6 milhão em 2007. Só em São Paulo existem entre 3,5 mil e 8 mil empresas de motofrete, mas só 400 estão credenciadas na prefeitura. Na cidade, calcula-se que existam entre 140 mil e 300 mil motoboys, mas só 18 mil têm carteira assinada, e 40 mil são autônomos. A imensa maioria (entre 80 mil a 240 mil) trabalha em condição irregular (ver Tânia Caliari e Rafael Hernandes, “Motoboys, o exército da salvação”, in Retrato do Brasil, nº 15). Na verdade, o que se vê hoje é uma classe bem mais heterogênea do que na fase inicial do capitalismo ou do capitalismo concorrencial, pré-imperialista.
Falso conceito
O falso conceito de “classe média” usado pela mídia e pelo marketing obscurece o fato de que a mobilidade social dos pobres ocorreu principalmente pela incorporação, durante o governo Lula, de milhões de trabalhadores desempregados às atividades produtivas, bem como o aumento da massa salarial e dos salários, começando pelo mínimo. A mobilidade social significou, essencialmente, um movimento no interior da classe trabalhadora. Se julgarmos a realidade social pelos critérios marxistas, que diverge radicalmente das concepções dominantes, o que vem sendo chamado de “nova classe média” na verdade é a classe trabalhadora, que vive da venda de sua força de trabalho, ganha salários que cresceram nos últimos anos mas ainda são baixos.
Estima-se em cerca de 15 milhões o número de novos postos de trabalho formais gerados entre 2002 a 2010, derrubando a taxa de desemprego aberto nas seis maiores regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife) dos 13% de 2003 para 6,5% em 2011, d acordo com o IBGE.
Informalidade
É uma classe trabalhadora que vive um crescimento no emprego formal (que incluia 34,5% dos trabalhadores em 2008) mas se encontra, em sua maioria (cerca de dois terços do total), na informalidade, desemprego e subemprego e em atividades definidas como “conta própria”. Isto revela um mercado de trabalho fortemente marcado ou deformado pela informalidade, no qual o capital domina o trabalho usando diferentes formas jurídicas de contratação.
Em 2009, 42,9% da população ocupada trabalhavam nas atividades classificadas como serviços; 17,8% no comércio; 17% nas atividades agrícolas (de 21,1% para 17%); 14,7% na indústria de transformação; 7,4% na construção. O setor terciário empregava 60,7%. O crescimento dos empregados no comércio é notável, passando de 2.263.000 em 1970, quando eram menos da metade do pessoal ocupado na indústria (5.263.000), para mais de 15 milhões em 2009, superando a indústria de transformação. Este é, contudo, um sinal do crescimento do contingente da classe trabalhadora: dos 39,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada, 7,3 milhões são comerciários, ou seja, 18,6% da força de trabalho formal, segundo dados do Ministério do Trabalho. É uma categoria superexplorada: trabalha em média mais de 44 horas por semana, recebe baixos salários, e há grande taxa de informalidade.
Polarização
Um perfil das classes sociais no Brasil elaborado a partir de dados fornecidos em 1998 pelo professor Waldir Quadros, da Unicamp, permite uma visualização aproximada da situação contemporânea. Segundo aqueles dados a classe dominante era formada pela burguesia, com 15,3% do total (5,5% de patrões mais 9,8% de profissionais que fazem parte da burguesia), 71,6% de assalariados (incluindo 8,6% de profissionais e trabalhadores autônomos de classe média, 7% da classe média assalariada , 47,5% de trabalhadores que ele chamou de operários e classe média inferior, 3,3% de trabalhadores domésticos, 3,2% de assalariados rurais, 2% de trabalhadores rurais temporários e 10,3% de “autônomos” (9,1% “Conta própria”, 0,7% de “Autônomos”, 0,5% de rurais autônomos) havendo ainda 2,8% de outros ou sem ocupação declarada (dados retirados de Waldir Quadros, A nova classe média. Cit In Folha de S Paulo, 7/10/2001).
São dados já antigos. Mas eles revelam uma polarização nítida na estrutura de classes brasileira, opondo um claramente majoritario contingente de assalariados a um minoritário número de empregadores: os assalariados eram quase três quartos do total (71,6%) deixando entrever o predomínio númerico, em nossa estrutura social, daqueles que, separados dos meios e instrumentos de produção, só podem obter os bens necessários à sua sobrevivência se conseguirem vender sua força de trabalho à minoria de 5,5% formada pelos donos do capital.
É a estrutura de classes de um país onde o modo de produção capitalista é hegemônico e onde a contradição social fundamental se dá, como Marx havia assinalado há mais de cem anos, entre o capital e o trabalho.
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