quarta-feira, 23 de junho de 2010

Trabalho Flash Mobs - 1º Ano

Atenção turmas, tragam na aula combinada o material necessário para a realização do Flash Mob:
101 - Follow Me (não precisa trazer nada)
102 - Freeze (não precisa trazer nada)
103 - Pica-pau (trazer capa de chuva amarela)
104 - Zombie Walk (tragam roupas e maquiagem para se parecerem com zumbis)
105 - Pillow Fight (trazer travesseiro)
106 - Vuvuzela (trazer corneta tipo vuvuzela)

Pérolas do Galvão Bueno


Adriano e Sorin vão na mesma bola!” (Os outros 20 jogadores devem estar com uma bola cada um)

“O Adriano tá com uma disposição, correndo o campo todo, parece um LEÃO ENJAULADO.” (Hã?)

“Chutou com a perna que não era a dele.” (Devolve agora…)

“O juiz mora aqui do lado, no Uruguai. Se ele apitar mal, vai todo mundo ligar pra casa dele.” (Isso, passa o número agora)

“Quando eu falar Rodrigo, interpretem Roger.” (É código?)

Esse Gonzales tem idade pra ser pai do Robinho. Tá com 32 anos e o Robinho tem (a partir daqui ele começa a falar mais devagar, meio pensando na besteira que está dizendo) vinte e um…”

“É duro pro goleiro jogar com o campo molhado, porque a bola quando bate na água ganha velocidade!” (Sim, Galvão… Se você chutar uma bola na praia de Copacabana, ela vai parar na África) ”

“O Brasil correu o risco de sofrer NOVAMENTE o segundo gol.” (Aí não tem problema… o problema é se fosse o terceiro)

“GOOOOOL! Éééééééé do SÃO CAETANOOOOOO!” (Final da Copa do Brasil 2004, no Maracanã, primeiro gol do SANTO ANDRÉ sobre o Flamengo)

“E André Heller Afasta o perigo.”(O nome do zagueiro do Flamengo era Fabiano Eller, e o André Heller joga Vôlei.)

Em uma partida de vôlei: “A Seleção de Cuba gosta de jogar na frente no placar.” (Por quê será?)

Em uma partida de vôlei: “Uma bela paralela cruzada.” (O QUÊ???)

Em uma partida de vôlei: “E os jogadores estão entrando em CAMPO.” (Mostra o campo então, não a QUADRA)

“Na Hungria, quando tem nuvem assim no céu, é sinal que vai chover.” (No resto do planeta também!)

“Luz vermelha, lá vem a verde!” (Que verde? Na Fórmula 1, para largar, as luzes vermelhas se apagam, e eles partem!)

“Rapaz, o Montoya passou a menos de 0,5 cm do carro do Shumacher… se é que existe menos de 0,5 cm.” (Dêem uma régua para ele)

“Amigo, aqui não está só chovendo, está caindo água!” (UAU! Que coisa impressionante!)

“E depois do jogo, assistam a mais um capítulo inédito de “VALE A PENA VER DE NOVO.”

Bem amigos da Rede Globo. Estamos aqui em Buenos Aires, no Equador…” (Onde?)

“Vai ser o primeiro torneio oficialmente oficializado pela FIFA.” (Ah, bom. Então assim, sim)

Nessa tarde de Fla-Flu, Flamengo e Fluminense estarão entrando em campo daqui a pouco…” (Ufa! E o cara da portaria ainda tentou me enganar, dizendo que esse Fla-Flu era entre Santos e Cruzeiro)

“O potencial energético do Palestra Itália está reduzido a sua metade.” (Que será que ele quis dizer?)

“O estádio tem esse nome (Zerão) porque fica situado bem no Trópico de Câncer, que divide o Hemisfério Sul do Hemisfério Norte. Onde será que foi o gol? Na parte sul ou na parte norte?.” (Sim Galvão… então a linha do equador divide o Equador em leste e oeste, né?)

“Alô Maceió!!!… Ou qualquer outra cidade, tirando São Paulo.” (Não precisa tentar ser simpático, narra o jogo e pronto. Ou melhor: pára de narrar jogo!)

CALA A BOCA, GALVÃO!

Cala a boca, Galvão!

Campanha convoca boicote à TV Globo em jogo do Brasil na Copa

Esta madrugada “bombou” no twitter a palavra de ordem #diasemglobo, que estimula as pessoas a verem o jogo entre Brasil e Portugal, sexta-feira, em qualquer emissora que não a Globo. Não é uma campanha de “esquerdistas”, de “brizolistas”, de “intelectuais de esquerda”. É a garotada, a juventude. Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Também não é uma campanha inspirada na popularidade de Dunga, que nunca tinha sido nenhuma unanimidade nacional. Na verdade, isso só está acontecendo porque um episódio sem nenhuma importância — um técnico de futebol e um jornalista esportivo terem um momento de hostilidade — foi elevado pela própria Globo à condição de um “crime de insubordinação” inaceitável por ela.
As empresas Globo ontem, escandalosamente, passaram o dia pressionando a Fifa por uma “punição” a Dunga. Atônitos, os oficiais da Fifa simplesmente perguntavam: “mas, por que?”
A edição do jornal do grupo Globo, hoje, só não beira o ridículo porque mergulha nele, de cabeça. O ódio a qualquer um que não abaixe a cabeça e diga “sim, senhor” a ela é tão grande que ela não consegue reduzir o episódio àquilo que ele realmente foi — uma bobagem insignificante.

Não, ela se levanta num arreganho autoritário e exige “punição exemplar” para técnico da seleção. Usa, logo ela, uma emissora de tanta história autoritária e tão pródiga em baixarias, a liberdade de imprensa e os “bons modos” como pretextos, como se isso ferisse seus “brios”.
Há muita gente bem mais informada do que eu em matéria de seleção que diz que isso se deve ao fato de Dunga ter cortado os privilégios globais no acesso aos jogadores. E que isso lhe traria prejuízos, por não “alavancar” a audiência ao longo do dia.
Lembrei-me daquele famoso direito de resposta de Brizola à Globo, em 1994.
Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos que dominou o nosso país.
Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios.É apenas o temor de perder o negócio bilionário que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.
Pois o arreganho autoritário da Globo, mais do que qualquer discurso, evidenciou a tirania com que a emissora trata o evento esportivo que mais mobiliza os brasileiros mas que, para ela, é só um milionário negócio.
Dunga não é o melhor nem o pior técnico do mundo, nunca foi um ídolo que empolgasse multidões. A sociedade dividia-se, como era normal, entre os que o apoiavam, os que o criticavam e os que apenas torciam por ele e pela seleção.
A Globo acabou com esta normalidade. Quer apresentá-lo como um insano, um louco incontrolável. Nem mesmo se preocupa com o que isso pode fazer no ambiente, já naturalmente cheio de tensões, de uma seleção em meio a uma Copa do Mundo. Ela está se lixando para o resultado deste episódio sobre a seleção.
De agora em diante, a Globo fará com Dunga como que fez, naquela ocasião, com a Passarela do Samba, como descreveu Brizola naquele “direito de resposta”: “quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.”
Vocês verão – ou não verão, se seguirem a campanha #diasemglobo – como, durante o jogo, os locutores (aquele um, sobretudo) farão de tudo para dizer que a Globo está torcendo para que o Brasil ganhe o jogo. Todo mundo sabe que, quando se procura afirmar insistentemente alguma coisa que parece óbvia, geralmente se está mentindo.
Eu disse no início que esta não é uma campanha dos políticos, dos intelectuais, da “esquerda” convencional. Não é, justamente, porque estamos, infelizmente, diante de um quadro em que a parcela politicamente mais “preparada” da sociedade desenvolveu um temor reverencial pelos meios de comunicação, Globo à frente.
Políticos, artistas, intelectuais, na maioria dos casos – ressalvo as honrosas exceções – têm medo de serem atacados na TV ou nos jornais. Alguns, para parecerem “independentes e corajosos”, até atacam, mas atacam os fracos, os inimigos do sistema, os que se contrapõem ao modelo que este sistema impôs ao Brasil.
Ou ao Dunga, que acabou por se tornar um gigante que nem é, mas virou, com o que se faz contra ele. Eu não sei se é coragem ou se é o fato de eu ser “maldito de nascença” para eles, mas não entro nessa.
O que a juventude está fazendo é o que a juventude faz, através dos séculos: levantar-se contra a tirania, seja ela qual for. Levantar-se da sua forma alegre, original, amalucada, libertária, irreverente e, por isso mesmo, sem direção ou bandeiras “certinhas”, comportadas, convencionais.
A maravilha do processo social aí está. Quem diria: um torneio de futebol, um técnico, uma rusga como a que centenas ou milhares de vezes já aconteceu no esporte, viram, de repente, uma “onda nacional”.
Uma bobagem? Não, nada é uma bobagem quando desperta os sentimentos de liberdade, de dignidade, quando faz as pessoas recusarem a tirania, quando faz com que elas se mobilizem contra o poder injusto. Se eu fosse poeta, veria clarins nas vuvuzelas.
Essa é a essência da juventude, um perfume que o vento dos anos pode fazer desaparecer em alguns, mas que, em outros, lhes fica impregnado por todas as suas vidas. E a ela, a juventude, não derrotam nunca, porque ela volta, sempre, e sempre mais jovem. E é com ela que eu vou.

domingo, 20 de junho de 2010

COPA, SOCIOLOGIA E CIDADANIA


O Brasil é penta. Penta! Penta! Hexa é o que buscamos nesta copa do mundo. Ao Dunga competirá o comando da seleção que tem a obrigação de trazer o hexa - é assim que fazemos a leitura com base nas torcidas espalhadas pelo país.
Nelson Rodrigues tratava o nosso futebol na relação de que quando o Brasil joga, mais parece a pátria de chuteiras. Somos todos, uns mais outros menos, meio técnicos de futebol, inclusive muitas mulheres, o que outrora não acontecia. Realmente, o futebol é instigante e mexe conosco na medida em que a gente vai se aprofundando nas suas nuances. Enquanto esporte coletivo presta-se muito bem às simulações sociológicas em seus conceitos de grupo, status e expectativas sociais, sanções positivas e negativas, liderança, cultura, cooperação, interação, dentre outros de menos significação simbólica.
Uma partida de futebol se desenvolve em função das expectativas colhidas acerca do adversário: suas táticas, seus atores e seus papéis, principalmente seu conjunto na composição do entrosamento. Há equipes que jogam abertas, outras fechadas; já outras adotam estilos mais conservadores ou até mistos. No futebol mais moderno, o estilo compartilhado tem sido o mais buscado pela grande maioria de técnicos, como no caso de Dunga da nossa seleção. Jogadores "fominha" como se chama aquele que só dribla e quer fazer tudo sozinho, andam um pouco fora do contexto. Evidentemente que as diferenças individuais são responsáveis pela explicitação dos talentos, pois talento é um conceito particular que muito pode contribuir com o coletivo. Numa decisão acirrada de copa do mundo, ou de campeonatos regionais, o jogador de talento pode fazer a diferença na medida em que ele, na hora certa, surpreende a tática do técnico adversário, pois como dissemos, talento é próprio, individual.
A seleção brasileira sempre sofre um pouco diante do exagero das expectativas a ela creditados. Afinal, somos os melhores do mundo pela quinta vez e isto é motivo de júbilo. Contudo, a lógica do futebol brasileiro quando se trata de seleção vai além: serve um pouco de "ópio" para encobrir mazelas sociais, como foi o caso do governo Garrastazu Médici. Outros casos no Brasil são igualmente identificados neste sentido e serviu em várias ocasiões para o governo tomar medidas impopulares (em surdina) em função do momento em que vivíamos COPA DO MUNDO.
Atualmente, diante o excelente momento por que passa nosso país, principalmente na economia, sentimos que o frisson nos toma a todos em função da seleção. Mas a gente não ignora que, mesmo assim, nos bastidores, a politicagem acontece, embora sem maior dimensão como anteriormente. O técnico Dunga, meio turrão, meio nariz empinado, define a seleção e não aceita sugestões da opinião pública. Resultado: "afogou Ganso e Pato". Neste sentido, as nossas expectativas são francas atiradoras do acaso. Se formos Hexa, Dunga será "santificado", se não, execrado! Mas faz parte desse conjunto de amor efêmero que  a agente desenvolve e em pouco tempo já esquece.
Certamente que desejamos mais um título. Mas é bom não esquecermos tantos recordes negativos que temos no nosso dia-a-dia, como a violência, a fome, a mortalidade infantil, corrupção, a falta de saneamento, altos impostos, pouco acesso ao SUS, precária rede pública de educação, etc. Seria sonhar demais se a gente pudesse algum dia, contar com tantos brasileiros torcendo como o fazem pelo HEXA, mas em função de que fossemos campeões de cidadania e votando para eleger parlamentares comprometidos com as causas sociais. Quem sabe um dia, a gente marque esse gol de placa!
O universo social é eminentemente simbólico. Seu substrato sociológico se estabelece nos processos sociais da cultura. O futebol para os brasileiros é quase que "religião", talvez uma razoável explicação para aquilo que podemos chamar de "nivelamento social". No geral, as classes sociais se entendem muito bem quanto o assunto é futebol, principalmente entre os torcedores do mesmo time. Um fato merecedor de registro é o crescente interesse das mulheres pelo futebol. Talvez estejam descobrindo que se trata de um esporte racional, matemático, ao mesmo tempo emocionante e criativo. O Futebol feminino no Brasil está cada vez mais sendo incentivado pela CBF e pelas Federações Estaduais.
Podemos afirmar que isto é um aspecto muito positivo, principalmente porque nosso modelo atual de sociedade tem primado pelas relações individualizadas, egoístas. O futebol, não. Pode até acontecer jogadas fenomenais, verdadeiros shows, mas os nossos técnicos preferem o futebol resultado. Se houver um misto entre os dois, então é um grande espetáculo para todos.
CARLOS SENA
Publicado no Recanto das Letras em 16/06/2010
Código do texto: T2323513

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Texto de Carlos Sena - csena51@hotmail.com)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Reflexões


"Deixe o mundo mudar você e você poderá mudar o mundo."
Che Guevara

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Flash Mobs

Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou meios de comunicação social.
Uso do termo
Ou seja, o Flashmob é uma ação que começa do nada, junta as pessoas e, como se juntaram, vão embora e se separam, assim como se ninguém sabe de onde surgiram. O uso do termo flash mob data de aproximadamente 1800, porém não da maneira como o conhecemos hoje. O termo foi usado para descrever um grupo de prisioneiras da Tasmânia baseado no termo flash language para o jargão que estas prisioneiras utilizavam. Ainda nesta época o termo australiano flash mob foi usado para designar um segmento da sociedade, e não um evento, não demonstrando nenhuma outra similaridade com o termo moderno ou os eventos descritos por ele.
Mobilizações na História
Sabe-se que as mobilizações de pessoas são, historicamente, um recurso muito usado, em manifestações políticas. A história está repleta delas, como por exemplo, a Revolução Francesa, onde o povo, para pressionar a monarquia francesa, tomou de assalto a fortaleza-prisão da Bastilha e invadiu o palácio das Tulherias, fazendo a família real refém.
O mesmo aconteceu com os bolcheviques na Rússia, que pretendiam a formação de uma aliança entre operários e camponeses para colocar fim a autocracia czarista.
Contemporaneamente, em meados de 1968, Paris foi palco de uma revolta estudantil, cujas consequências ultrapassaram em muito as fronteiras da França. Convidado para palestrar na Universidade de Paris X (Paris Oeste - Nanterre La Défense), o psicanalista Wilhelm Reich foi vetado pela administração universitária, o que provocou um protesto organizado por estudantes, que acabaram por tomar o controle da universidade em maio daquele ano. O maio de 1968 é considerada uma das maiores mobilizações políticas do século XX, marcando o início de uma série de revoltas em vários países do mundo, cujas consequências são sentidas até os dias atuais. O movimento ampliou-se, ultrapassando a esfera do movimento estudantil e incorporando reivindicações de outros grupos sociais, e transformando-se simbolicamente em ponto de ruptura dos paradigmas vigentes até então, nas sociedades ocidentais.
Happening
Happening é um evento ou situação que surpreende e envolve as pessoas. Pode acontecer em qualquer lugar e sob qualquer circunstância. O termo apareceu pela primeira vez nos meses de inverno no hemisfério norte de 1959, publicado na revista literária de Rutgers University. O mais importante evento foi o “Poetry Incarnation”, de Albert Hall em 11 de junho de 1965, quando uma platéia de sete mil pessoas prestigiou e participou das performances de alguns vanguardistas jovens poetas britânicos e americanos. Allan Kaprow foi o primeiro a dar ao termo o significado de uma forma de expressão artística.
O Primeiro Flash Mob
O primeiro flash mob foi organizado via e-mail (com o endereço themobproject@yahoo.com, criado para este fim), pelo jornalista Bill Wasik, em Manhattan. Mandando o e-mail para 40 ou 50 amigos (de maneira que eles não soubessem que o evento fora planejado pelo próprio jornalista), Bill convidou as pessoas a aparecerem em frente à loja de acessórios femininos Claire’s Acessories. Segundo ele, "A ideia era de que as próprias pessoas se tornassem o show e que, apenas respondendo a este e-mail aleatório, essas pessoas criassem algo" em um mob anônimo e sem liderança.
No entanto, a loja foi avisada antes do acontecimento e a polícia foi acionada, evitando que as pessoas ficassem na frente da loja, frustrando os planos do primeiro mob.
O segundo mob aconteceu em 3 de junho de 2003, na loja de departamentos Macy's. Wasik e amigos distribuiram flyers para pessoas que passavam nas ruas, indicando quatro bares em Manhattan, onde elas receberam instruções adicionais sobre o caráter e o lugar do evento, minutos antes do seu início. – para evitar o mesmo problema que ocorreu com o primeiro.
Mais de 100 pessoas juntaram-se no 9º andar de tapetes da loja de departamento, reunindo-se em volta de um tapete caro. Qualquer um aproximado por um vendedor foi avisado a falar que as pessoas reunidas no andar viviam juntas em um depósito nos arredores de Nova York, que estavam procurando por um “tapete do amor” e que todos faziam suas decisões de compra em grupo.
Mobs Populares
Pillow Fight
A famosa guerra de travesseiros ganhou um novo formato quando passou a integrar o quadro de flash mobs. Nela, pessoas combinam pela Internet, um determinado local e horário e levam consigo seus travesseiros para guerrear com pessoas desconhecidas. O Pillow Fight, vem sendo praticado em várias cidades do mundo.
Subway Party
Uma Subway Party (festa no metrô), nada mais é do que um grupo de pessoas que se juntam, no estilo flash mob, para promover festas dentro dos vagões dos trens metropolitanos de grande cidades como Nova Iorque. Combinado o dia e o horário, os participantes apenas aguardam que um determinado número de pessoas se reúna para que então todos entrem no vagão (geralmente o último) e troquem presentes, ouçam música, dancem, enfim, façam uma festa.
Existem dois tipos de Subway Party: a primeira ocorre na hora do rush e tem o objetivo de “descontrair as pessoas”. Porém ela é muito criticada por atrapalhar as pessoas que fazem uso do transporte público, causar atrasos e incomodar os usuários. A outra acontece no fim na noite e os participantes chegam até a decorar o vagão do trem para uma verdadeira festa, que algumas vezes pode até ser a comemoração de alguma data como o Halloween. Conforme o trem vai passando as estações o número de participantes também aumenta, já que as pessoas vão sendo convidadas a fazerem parte da festa.
Zombie Walk
Consiste em pessoas que se juntam para passar algum tempo caracterizadas como zumbis e agindo como tal, dispersando-se em seguida. Esta é outra forma de flash mob que está crescendo pelo mundo e atrai cada vez mais pessoas.
Improv Everywhere
O Improv Everywhere é um dos grupos mais famosos no meio dos flash mobs. Começou por acaso, sem o propósito de fazer flash mobs. Charlie Todd, o fundador, foi confundido com o cantor americano Ben Folds e mesmo desmentindo o desentendido, aceitou a insistência das pessoas que o confundiram e cantou para o grupo como se fosse o próprio cantor. A partir desse momento, Charlie percebeu que poderia criar eventos mobilizando pessoas, primeiramente utilizando sua rede de contatos, e assim vários flash mobs foram organizados pela Improv Everywhere. Um dos mais famosos é o Frozen Grand Central, realizado em Nova York que, no encontro de 200 pessoas, cronometradamente, fingiram estar congeladas e assim ficaram por um minuto, gerando uma enorme discussão. Além desse flash mob organizado totalmente pela internet e sem pagar nada para os participantes, a Improv Everywhere já organizou flash mobs como o No Pants, o encontro de pessoas sem calças no Metrô (mesmo causando problemas com a polícia local) e O MP3 Experiment, no qual os participantes baixaram um mp3 e só ouviram no dia do encontro no parque. Nesse arquivo de áudio havia instruções para uma gincana, cujo objetivo era encontrar uma outra pessoa.
Aplicações sociais
No mundo inteiro, flash mobs vêm ganhando cada vez mais aspectos políticos e não apenas para mudar a rotina ou modificar o meio urbano. Na Rússia, por exemplo, um grupo de pessoas se reuniu ao redor de um caixão e deram-se as mãos em luto formando um quadrado, declarando a “morte da democracia em 2003. Por lá, pela repressão às revoltas ou protestos ser intensificada, flash mobs são preferências cada vez mais aceitas por serem organizadas rapidamente, atraírem muitas pessoas e depois se dispersa tão rápido quanto apareceu, impedindo a ação da polícia muitas vezes.
Um flashmob em desafio ao governo foi organizado na Bielorússia por volta de 2006 que consistia em um grande grupo de pessoas tomando sorvete próximo ao centro da cidade, em contestação a uma lei aprovada em assembléia que proíbe manifestações no país. Mesmo com as pessoas deixando o local depois da realização do pequeno protesto, alguns jovens ainda foram presos.
Na Espanha, após os atentados terroristas nos trens metroviários em 11 de março de 2004, vários espanhóis enviaram via SMS mensagens pedindo para que dois dias depois se reunissem para uma mobilização em favor dos mortos pelo ataque terrorista, e nessas mensagens a repetição da palavra “pásalo” (repasse, em espanhol) tornou-se um ícone desse mob. O resultado veio no dia 13 de março, onde as pessoas se reuniram de maneira espontânea protestando contra o governo por ocultar dados sobre o atentado terrorista. Ficou também conhecida como “La rebelion de los SMS”.
Popularização
A revista Wired News escreveu um artigo sobre o segundo mob e blogueiros espalharam pela internet —– através do país e do mundo —– de forma interessante e diferente do que o criador do movimento havia imaginado. Segundo Bill Wasik, o movimento era antimanifestação e antipolítico —– uma crítica cínica à atmosfera cultural de conformidade e de sempre querer fazer parte da “próxima moda grandiosa”. No entanto, em outros lugares o mob começou a caracterizar-se como happening, expressando oposição à corporações e decisões políticas, tornando-se realmente um movimento em si para desorganizar e romper espaços grandes e comerciais.
A popularização do movimento deu-se principalmente pelo sucesso da internet. Segundo Bill, as pessoas gostaram de flash mob por ter um componente online, permitindo-as verem as comunidades virtuais manifestarem-se fisicamente e literalmente.
Ainda segundo Bill, a mídia ajudou a espalhar o flash mob, através da imprensa norte-americana com incessantes artigos, taxando-o como movimento. O termo é freqüentemente usado para qualquer forma de smart mobs como protestos, ataque de negação de serviço de internet colaborativo; assim como aplicando em estratégia de marketing, como por exemplo aplicando em aparências promocionais de uma cantora poupou através de campanhas publicitárias.
Curiosidades
Nascido do flash mob este movimento também acontece quando pessoas comunicam-se via Internet ou algum meio de comunicação móvel e juntam-se a fim de atingir um mesmo objetivo, porém o Urban Playground quer simplesmente usar o espaço urbano para promover encontros onde as pessoas possam divertir-se, como uma batalha de bolhas de sabão, uma gigantesca luta de travesseiros, um piquenique e outros.
Este movimento diferencia-se de um flash mob pois as pessoas não permanecem no local por alguns instantes e logo depois dispersam-se; estes eventos podem durar horas, o que dá mais chance de que os participantes se conheçam. Há também um objetivo por trás das reuniões, que é fazer com que as pessoas pratiquem atividades e percam os hábitos sedentários, fazendo do urban playground parte da cultura das pessoas.
Oprah Flash Mob Dance
No dia 10 de setembro o grupo Black Eyed Peas quebrou o recorde de maior flash mob da história, ao reunir cerca de 21 mil fãs na Avenida Michigan, em Chicago, nos EUA para comemorar a passagem da 24ª temporada do programa de Oprah Winfrey na TV. O grupo preparou uma surpresinha para ela ao tocar o grande hit I Gotta Feeling com uma coreografia inacreditável envolvendo toda essa multidão. Tudo começa com uma garota dançando sozinha na frente do palco, logo depois toda a multidão começa a fazer a mesma coreografia. Oprah (que não sabia de nada), ficou chocada com o que estava vendo, enquanto gravava tudo em seu celular. A apresentadora então gritou: "Isso é tão legal!! É a coisa mais legal que eu já vi...Chicago eu amo vocês!!!!!!" Durante a entrevista que o grupo deu após a apresentação, o lider do grupo Will.i.am contou que chamou 800 fãs para ajudar na coreografia, que depois foi passada para as mais de 20 mil pessoas presentes na hora. Sobre isso Will falou: "Eu não pensei que ia ser assim tão espetacular...Você fala sobre a participação da platéia, mas tudo foi além...Isso é tão incrivel...É a melhor apresentação que já fizemos!" A apresentação foi tão bem recebida nos EUA que após a exibição do programa, a música I Gotta Feeling que estava em 4º lugar no iTunes, voltou ao topo da parada da loja virtual, garantindo assim pelo menos mais uma semana no topo da Billboard Hot 100, onde a música já se encontrava em primeiro há 11 semanas.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Sociologia de Max Weber

Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, na Turíngia, a 21 de abril de 1864. A Turíngia hoje faz parte da Alemanha. Mas, em 1864, fazia parte dos domínios prussianos, dessa potência que foi a perplexidade e a obsessão de toda a vida de Weber. Seu pai, grande industrial têxtil na Alemanha, pertenceu ao partido liberal-conservador; sua mãe era de família de professores liberais e humanistas.
Weber se tornou eminente professor universitário, jornalista influente, historiador, economista, filósofo e, principalmente, sociólogo. Marcou-o o estigma de uma enfermidade psíquica, que constituiu impedimento ao initerrupto exercício do magistério universitário.
Weber estudou direito nas universidades de Heidelberg, Gottingen e Berlim,
adquirindo competência profissional em história, economia e filosofia.
Weber morreu em 1930.
A Epistemologia Weberiana
A epistemologia weberiana pode ser compreendida como resultado a articulação de
suas premissas com uma afirmação aparentemente antitética. As premissas são:
1. o conhecimneto só é possível a partir de referência a valores e interesses;
2. valores e interesses não podem ser validados ou hierarquizados segundo critérios objetivos. A afirmação é a seguinte: é possível alcançar um conhecimento objetivo, universalmente válido, científico, no sentido mais forte da palavra.
A questão então é entender como é possível para Weber, partindo das duas premissas indicadas, chegar a essa última afirmação. Talvez a melhor estratégia seja considerar, inicialmente, as próprias premissas.
O que est;á sendo chamado aqui de premissas da epistemologia weberiana, são na verdade as duas perspectivas básicas que definem a concepção de Weber no que se refere à relação entre conhecimento , com realidade e valores. Seguindo uma orientação claramente neokantiana, weber assume, de forma radical e com todas as implicações daí decorentes, o postulado da existência de uma separação clara entre os planos do conhecimento e da realidade, cuja transposição é sempre parcial, provisória e, sobretudo, mediada por uma série de categorias e construções
conceituais definidas conforme os valores e interesses de quem busca o
conhecimento.
A realidade é entendida como algo infinito, que pode ser apreendido a partir de
inúmeros ângulos, mas jamais na sua totalidade ou essência.
A concepção de sociologia de Max Weber
As características do paradigma sociológico weberiano só se definem à luz da visão de mundo mais ampla de weber, dentro da qual de articulam uma concepção específica sobre o que é a realidade sócio-histórica e uma reflexão profunda sobre a natureza do empreendimento científico.
Talvez o ponto central da perspectiva weberiana seja o reconhecimento de que a realidade humana não possui um sentido intrínseco e unívoco, dado de modo natural e definitivo, independentemente das ações humanas concretas. Weber pressupõe que a realidade é infinita e sem qualquer sentido cognoscível imanente. Seriam os sujeitos humanos que estabeleceriam recortes na realidade e se posicionariam distante deles conferindo –lhes sentido.
Weber assume essa perspectiva de modo radical. Orientado por ela, procura excluir das Ciências Sociais qualquer proposição que busque definir de modo geral e substantivo qual a lógica da história, qual a dimensão estrutural determinante da sociedade ou qual o sentido último subjacente às ações individuais.
Todas essas definições suporiam a existência de uma realidade atemporal, naturalmente dada, subjacente e determinantes dos fenômenos empíricos. Weber não apenas não acredita na existência desses determinantes a históricos do comportamento humano, como defende que não seria possível defini-los de um modo objetivo, verificável segundo as regras da ciência.
Quando Weber afirma enfaticamente que a Ciência Social que ele pretende praticar é uma “Ciência da realidade”o que ele esta querendo acentuar ;e, em grande medida, esse compromisso com a análise de realidades empíricas concretas, tornadas significativas por agentes historicamente situados.

A Sociologia de Karl Marx

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.
O Marxismo, como ficou conhecido seu pensamento, é uma teoria social, econômica e política baseada na sua obra e seus seguidores. As ramificações da doutrina marxista podem ser encontradas em âmbitos filosóficos, econômicos, históricos, políticos e na maioria das ciências sociais.
Marx pretendia revelar as leis inerentes ao desenvolvimento do capitalismo. Para ele, cada época histórica se caracterizava por um modelo de produção específico correspondente ao sistema de poder estabelecido e, portanto, com uma classe dirigente em permanente conflito com a classe oprimida. Assim, a sociedade medieval era dominada pelo modelo de produção feudal no qual a classe dos proprietários obtinha a mais valia de uma população rural dependente da terra. As transições do sistema de escravidão para o feudalismo e desse último para o capitalismo se deram quando as forças produtivas (ou seja, os grupos relacionados com o trabalho e os meios de produção como as máquinas) não podiam continuar desenvolvendo-se com as relações de produção existentes entre as distintas classes sociais. Assim, a crise que afetou o feudalismo quando o capitalismo necessitava de uma crescente classe trabalhadora produziu a eliminação das bases legais e ideológicas tradicionais que mantinham os servos presos à terra.
A relação fundamental do capitalismo, baseada em salários, parte de um contrato entre partes juridicamente iguais. Os detentores do capital (capitalistas) pagam os trabalhadores (o proletariado) salários em troca de um determinado número de horas de trabalho. Essa relação disfarça uma desigualdade real: os capitalistas se apropriam de parte da produção dos trabalhadores.
O atrativo do marxismo reside no fato de ter proporcionado um poderoso respaldo intelectual à indignação moral produzida por significativas desigualdades do capitalismo e a esperança de que um sistema condenado à extinção terminaria por desaparecer.
Em 1847 Mark escreveu com Engels o Manifesto Comunista, cujas teses constituem a base do materialismo histórico. Nesse texto explica-se que o sistema econômico dominante em cada época histórica determina a estrutura social e a superestrutura política e intelectual de cada período. Desse modo, a história da sociedade é a história das lutas entre os exploradores e os explorados. A conclusão é que a classe capitalista será derrotada e suprimida por uma revolução mundial da classe operária que conduzirá ao estabelecimento de uma sociedade sem classes.
Depois de ser expulso da Alemanha, Marx procurou refúgio em Londres. Nessa cidade, elaborou a base doutrinária da teoria comunista, apresentada em três volumes e denominada Das Kapital (1867-1894; O capital), uma análise histórica e detalhada da economia do sistema capitalista, e na qual a classe trabalhadora é vista como explorada pela classe capitalista que se apropria do ‘valor excedente’ (mais-valia) produzido por aquela (ver Capital). A experiência revolucionária da Comuna de Paris também foi estudada por Karl Marx.
Em 1864, participou da criação, em Londres, da Primeira Internacional. Foi depois da morte de Marx que seu pensamento começou a prosperar dentro do movimento operário. Essa concepção passou a ser denominada marxismo ou socialismo científico. Essas doutrinas foram retomadas por Lenin, no século XX, e passaram a ser o núcleo da teoria e a práxis do bolchevismo e da Terceira Internacional.
Kautsky, Karl Johann (1854-1938), teórico marxista alemão, um dos primeiros líderes do Partido Social-Democrata de seu país. Foi amigo e discípulo de Karl Marx e Friedrich Engels. Se opôs ao regime soviético posterior à Revolução Russa. Defendeu as doutrinas revolucionárias opostas ao revisionismo de Eduard Bernstein, com quem manteve uma acirrada disputa. É autor de Teorias sobre a mais-valia (4 volumes, 1905-1910).
Salários, em economia, preço pago pelo trabalho, relativos a todos os pagamentos que compensam os indivíduos pelo tempo e o esforço dedicados à produção de bens e serviços. O salário nominal recebido não reflete os rendimentos verdadeiros; as deduções salariais para pagar os impostos sobre a renda, os pagamentos da Assistência Social, as pensões, as quotas aos sindicatos e os prêmios dos seguros reduzem os rendimentos reais dos trabalhadores.
Uma variante da teoria ricardiana é a teoria dos salários de Karl Marx, que afirmava que em um sistema capitalista a força de trabalho raramente recebia uma remuneração superior à do nivel da própria subsistência. Segundo ele, os capitalistas se apropriavam da mais valia gerada pelos trabalhadores, acrescentando-as aos próprios benefícios. Tal como aconteceu com a teoria de David Ricardo, o tempo tem-se encarregado de refutar a visão de Marx.
Quando foi demonstrada a invalidade da teoria do salário de subsistência, foi dada maior atenção à procura de trabalho como principal determinante do nível de salários. John Stuart Mill propugnava pela denominada teoria do fundo de salários para explicar a forma pela qual a demanda de trabalho, definida como a quantidade de dinheiro que os empresários estão dispostos a pagar para contratar trabalhadores, determinava o nível salarial.
Exploração (sociologia), pagamento ao proprietário de um fator de produção (trabalho, energia) em troca de uma quantia inferior ao valor do produto.
A ideologia marxista estabelece a teoria do valor do trabalho, que por sua vez abriga o conceito de mais-valia: o capitalista, como proprietário dos meios de produção, retém parte da produção do trabalhador.
Existem muitas formas de exploração tanto política, como social e econômica. Marx não só estudou a exploração em termos econômicos, como também as conseqüências sociais e políticas do mercado do trabalho humano.
Especulação, compra ou venda para obter lucros. Utiliza-se para descrever a atividade dos agentes econômicos que operam nos mercados de matérias-primas ou monetários com o único propósito de obter mais-valias; ao contrário daqueles que operam nesses mercados devido à sua atividade empresarial — um produtor de café solúvel ou um importador que tem de pagar em moeda estrangeira. Os especuladores vivem das flutuações dos preços das matérias-primas ou das unidades monetárias de cada país, procurando obter lucros comprando a preços de mercado quando existem expectativas de aumentos de preços; suas ações afetam o mercado, pois são um dos determinantes da procura.
MAIS-VALIA
Na economia marxista, valor do que o trabalhador produz menos o valor de seu próprio trabalho (dado pelo custo de seus meios de subsistência).
A mais-valia mede a exploração dos assalariados pelos capitalistas e é a fonte do lucro destes.
Marx acredita que o Valor de Troca depende da quantidade de trabalho despendida, contudo, a quantidade de trabalho que entre no valor de toca é a quantidade socialmente necessária (Quantidade que o Trabalhador Gasta em média na Sociedade, e que obviamente, varia de Sociedade para Sociedade).
Como facilmente pressupões, Marx defendia a teoria da exploração do trabalhador.
Marx dizia que só o trabalho dava valor às mercadorias, a tal Mais Valia, que referi no trabalho sobre Karl Marx.
Equipamentos, não davam valor, apenas transmitiam uma parte do seu valor às mercadorias, não contribuindo portanto para a formação de valor.
Pelo contrário, o Homem através do seu trabalho fazia com que as matérias primas e os equipamentos transmitissem o seu valor ao bem final, e ainda por cima criava valor acrescentado (Por exemplo, no Capital Marx falava do exemplo das fiandeiras, que pegavam no algodão e o transformavam por exemplo em camisolas, criado um valor acrescentado que só mesmo o Trabalho Humano pode dar).
Para Marx existe uma apropriação do fruto do Trabalho, que contudo não pode ser considerado um roubo pelo Capitalista, porque ao fim ao cabo, o Trabalhador está a ser pago para fazer aquele trabalho.
O Valor é formado tendo em conta o seu custo em termos de trabalho, desse valor o Capitalista apropria-se da Mais Valia através da utilização do seu Capital.
Toda esta teoria da repartição do Rendimento, leva-nos para um conceito fundamental em Marx que é precisamente o da Mais Valia .
Mais Valia
Portanto Marx afirmava que a força de trabalho era transformada em mercadoria, o valor de força de trabalho corresponde ao Socialmente necessário.
Tudo estaria bem, contudo o valor deste Socialmente Necessário é um problema.
Na realidade o que o trabalhador recebe é o salário de Subsistência, que é o mínimo que assegura a manutenção e reprodução do trabalho.
Mas apesar de receber um salário, o trabalhador acaba por criar um valor acrescentado durante o processo de produção, ou seja, fornece mais do que aquilo que custo, é esta diferença que Marx chama de Mais Valia.
A Mais Valia não pode ser considerado um roubo pois é apenas fruto da propriedade privada dos meios de produção.
Mas, os Capitalistas e os proprietários, procuram aumentar os seus rendimentos diminuindo o rendimento dos trabalhadores, é pois esta situação de exploração da Força de Trabalho pelo Capital que Marx mais critica.
Marx critica a essência do Capitalismo, que reside precisamente na exploração da força de trabalho pelo Produtor Capitalista, e que segundo Marx, um dia haverá de levar à revolução social."
Portanto Marx afirmava que a força de trabalho era transformada em mercadoria, o valor de força de trabalho corresponde ao Socialmente necessário.
Tudo estaria bem, contudo o valor deste Socialmente Necessário é um problema.
Na realidade o que o trabalhador recebe é o salário de Subsistência, que é o mínimo que assegura a manutenção e reprodução do trabalho.
Mas apesar de receber um salário, o trabalhador acaba por criar um valor acrescentado durante o processo de produção, ou seja, fornece mais do que aquilo que custo, é esta diferença que Marx chama de Mais Valia.
A Mais Valia não pode ser considerado um roubo pois é apenas fruto da propriedade privada dos meios de produção.
Mas, os Capitalistas e os proprietários, procuram aumentar os seus rendimentos diminuindo o rendimento dos trabalhadores, é pois esta situação de exploração da Força de Trabalho pelo Capital que Marx mais critica.
Marx critica a essência do Capitalismo, que reside precisamente na exploração da força de trabalho pelo Produtor Capitalista, e que segundo Marx, um dia haverá de levar à revolução social.

A Sociologia de Èmile Durkheim

Émile Durkheim (1858-1917) integra o grupo de cientistas sociais considerados fundadores da sociologia. Em 1893 ele publicou sua tese de doutoramento, intitulada De la Division du Travail Social, estudo em que aborda a interação social entre os indivíduos que integram uma coletividade maior: a sociedade.
Trata-se de um tema central no pensamento sociológico de Durkheim, cujo principal interesse é desvelar os fatores que possibilitam a coesão (unidade, estabilidade) e a permanência (ou continuidade) das relações sociais ao longo do tempo e de gerações. Dentro da perspectiva sociológica durkheimiana, a existência de uma sociedade só é possível a partir de um determinado grau de consenso entre seus membros constituintes: os indivíduos. Segundo Durkheim, esse consenso se assenta em diferentes tipos de solidariedade social. Solidariedade mecânica
Em De la Division du Travail Social, Durkheim esclarece que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada num grau de consenso entre os indivíduos e que ele designa de solidariedade. De acordo com o autor, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.
A solidariedade mecânica prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social.
Solidariedade orgânica
De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.
A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim emprega alguns conceitos das ciências naturais, em particular da biologia (muito em uso na época em que ele começou seus estudos sociológicos) com objetivo de fazer uma comparação entre a diferenciação crescente sobre a qual se assenta a solidariedade orgânica.
Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o direito.

A Sociologia de Auguste Comte


O POSITIVISMO
(NA VISÃO DE AUGUSTE COMTE)


Auguste Comte (1798-1857), nascido em Montpellier, França, tornou-se discípulo de Saint-Simon, de quem sofreu enorme influência. Sua principal característica foi a devoção aos estudos e à filosofia positivista.
A definição de Auguste Comte quanto à sociologia é de que ela deve ser vista como uma ciência da sociedade, denominando-a, inicialmente de "física social".
Baseando-se na definição de que a sociologia é uma ciência da sociedade, bem como apoiando-se no conselho dos pensadores iluministas do século XVIII, que afirmavam que podemos entender as leis da sociedade humana aplicando-se os instrumentos da ciência, Auguste Comte insere uma nova teoria da sociedade, denominada "positiva".
A "teoria positiva" partia do princípio de que os homens deveriam aceitar a ordem existente, não devendo contestá-la. Assim, também, ao ser humano cabe "revelar" o mundo não existindo a possibilidade de "mudá-lo".
O objetivo da sociologia, portanto, é definir o que a sociedade é e não dizer o que ela deveria ser.
O positivismo está alicerçado na prática da coleta de dados sobre determinada sociedade, cuja análise será feita através da constatação e confirmação desses dados.
É composto pela experimentação, pelo pragmatismo e pelo empirismo.
Não basta, portanto, a apresentação de idéias vagas, sem consistência, e, principalmente, sem fundamentação.
Para Auguste Comte as leis estabelecidas pela ciência deverão ser aceitas, não podendo haver nenhum tipo de contestação quanto ao que elas afirmam ou impõem.
A crença no que de fato existe é primordial.
A verdade científica trata dos fenômenos ou fatos dominantes ou constantes, não tendo como objetivo atingir as causas, limitando-se apenas a constatar a "ordem que reina no mundo".
A evolução do intelecto e da consciência do homem só serão possíveis se este voltar-se para o passado, portanto, a ciência deve revelar uma ordem e permitir a ação do homem, caso contrário, sua existência de nada valeria.
As leis da natureza são sólidas, verdadeiras. Trata-se do mundo intelegível, motivo pelo qual Auguste Comte diz que o homem não deveria estar preocupado com as questões futuras, nem prender-se a detalhes.
Para Auguste Comte havia uma hierarquia na natureza, podendo compor-se de fenômenos simples ou complexos, sendo de natureza orgânica ou inorgânica, inerente aos seres vivos e ao homem.
Sua visão era de que o mundo poderia ser interpretado partindo-se do princípio de que havia um condicionamento que era feito pelo inferior ao superior, porém não havia como determiná-lo, ou seja, os fenômenos da vida ou fenômenos sociais eram condicionados, porém não determinados pelos fenômenos químicos e físicos.
A Sociologia, segundo Comte, deve exercer uma espécie de magistratura espiritual, pois todas as ciências se voltam para ela, por representar o nível mais alto de complexidade, de nobreza e de fragilidade.

A humanidade é o único referencial para se obter as informações necessárias quanto aos conhecimentos e métodos existentes.

Portanto, a Sociologia é a ciência do entendimento, pois para se entender o espírito humano será necessário observar sua atividade e sua obra na sociedade, através dos tempos.
O modo de pensar e a atividade do espírito são solidários com o contexto social, estando vinculados a uma determinada época de cada pensador.
Para Auguste Comte o homem precisa amar algo que seja maior do que ele, pois a sociedade necessita de um poder espiritual, ou seja, o homem deve amar aqueles, que de alguma maneira, perpetuaram suas idéias ou ideais e que, com isso, colaboraram para com a humanidade.
Desta feita, a sociologia passa a ser uma abordagem científica para compreender a vida social do homem, como também uma perspectiva que se preocupa com a natureza do ser humano, o significado e a base da ordem social e as causas e conseqüências da desigualdade social.
A sociologia é, portanto, uma tentativa de compreender o ser humano em grupo. Concentra-se em nossa vida social.
Não enfoca a personalidade do indivíduo como a causa do comportamento, mas examina a interação social, os padrões sociais e a socialização em processo (origem e desenvolvimento das sociedades.
Auguste Comte pretende, com sua "teoria social", separar definitivamente toda e qualquer influência proveniente da filosofia, da economia ou da política, enfocando somente um aspecto para objeto de estudo, "o social", que deve ser analisado sem tais influências.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Manifesto do Partido Comunista - desenho

Noções Básicas sobre o Poder

1) O que é o “poder”?

O termo poder é empregado abundantemente, numa grande variedade de acepções. No entanto, nos interessa apenas compreender que poder é fazer valer por qualquer meio a sua vontade.
PODER É FAZER VALER A SUA VONTADE

2) Os elementos do poder

Podemos observar que o poder pode ser exercido por dois meios:
coerção: obrigar a outros, pela força ou imposição, que façam aquilo que desejamos;
influência: fazer com que os outros ajam como se fosse por vontade própria, por persuasão.

FORMAS DE EXERCÍCIO DO PODER: COERÇÃO ou INFLUÊNCIA

3) O que nos permite exercer o poder?

Para compreendermos bem o que é o poder devemos compreender o que nos permite exercê-lo, ou melhor, aquilo que nos dá a capacidade de dominar. Recurso é tudo o que nos dá esta condição ou capacidade. Podemos afirmar, então, que têm mais poder aqueles que têm mais recursos.
4) Os recursos do poder

Podemos afirmar que existem vários tipos de recursos:
econômicos (poder econômico);
simbólicos (imagem pessoal, cargos à disposição de um político para distribuição entre partidos que o apoiem, informação, conhecimento, posição ocupada na organização social etc.);
subjetivos (qualidades pessoais, competência);
coercitivos (poder militar, poder de polícia, censura).

5) As estratégias do poder

Basta possuir os recursos para que alguém exerça poder? Claro que não! Só é recurso aquilo que pode ser usado agora. Se não está disponível, não vale. E mais, para exercermos poder precisamos ter vontade para isso. Por fim: não basta termos recursos, precisamos saber usá-los ou, em outras palavras, precisamos de uma estratégia. Neste momento encontramos os elementos que nos permitem analisar o poder enquanto alocação de recursos.

6) Autoridade

A estrutura social é composta de uma rede de posições sociais, cada qual vinculada a um certo grau de poder. Ou seja, as posições são recursos. Dão aos indivíduos que as ocupam a capacidade de fazer valer sua vontade. Posições elevadas na estrutura social implicam influência ou controle sobre os outros membros do grupo ou sociedade. Quando há divergência, normalmente ganham os que estão em posições superiores. Obviamente existem outros recursos que podem ser introduzidos – por exemplo, armas, dinheiro, inteligência, conhecimento, beleza, força física etc. –, mas sempre que existe organização, as posições são recursos fundamentais.
E como estamos falando de uma hierarquia social, devemos lembrar que a classe social também é uma posição. Esta posição de classe também dá poder ao indivíduo que a ocupa. As classes mais privilegiadas da sociedade possuem mais poder que as menos favorecidas. Assim, podemos afirmar que o poder também emana da riqueza. Mas devemos ter o cuidado para não tomarmos isto em absoluto; é que o papel da riqueza na relação de poder é relativo: ela não é a única e nem a mais importante fonte de poder.
Sabemos que a posição de um indivíduo num grupo social qualquer ou de um grupo no interior da sociedade é um recurso que lhe permite fazer valer sua vontade. No entanto, o que dá legitimidade à posição de alguém, isto é, o que dá a alguém o direito de ocupar tal posição? O que dá autoridade a alguém que ocupa uma certa posição, isto é, o direito de exercer poder sobre o outro? (Atenção: sempre que usamos a palavra “legitimidade” estamos nos referindo ao direito de alguém fazer alguma coisa!)
Ao poder que emana da posição num grupo ou na sociedade, chamamos de AUTORIDADE.

O poder pode fundamentar-se sobre muitas bases como no medo, nas promessas ou no dinheiro. Mas nada é tão permanente e estável quanto a autoridade. A posição que constitui uma autoridade considerada legítima pelos demais membros do grupo. Significa, em essência, que alguém tem o direito de comandar outros, e esses outros têm obrigação de obedecer. E isso a partir de um consenso de todos os integrantes do grupo; a partir do reconhecimento do próprio grupo.

7) Os fundamentos da legitimidade da dominação

Agora veremos as três possíveis fontes da autoridade que podemos encontrar em qualquer relação humana. Na realidade, estes três tipos de dominação existem misturados. Ora vamos perceber a predominância de um, ora de outro.

a) Dominação Tradicional

A autoridade tradicional é um poder baseado na tradição, nos costumes e em valores arraigados em nosso modo de ver o mundo. Obedece-se por fidelidade. A autoridade tradicional tem origem numa visão sobre o “modo de ser das coisas, que devem ser assim porque sempre foram assim”; ou, em outra palavras, a posição de quem dirige e sua autoridade para dirigir surge do próprio reconhecimento do grupo devido a uma tradição, normalmente longa.

b) Dominação Legal-racional

A autoridade de tipo legal-racional tem origem na estrutura social formalizada em lei. Neste caso as posições são descritas em uma constituição; quem quer que ocupe posições de liderança ou mando recebe o direito de comandar de um estatuto ou de uma constituição escrita. Os demais membros do grupo tem a obrigação de obedecer porque concordam com as leis estabelecidas.
A autoridade legal-racional caracteriza-se por seguir um estatuto, estar inserida numa organização burocrática, manifestar-se em relações formais e possuir um quadro administrativo. A relação é do tipo superior e funcionário e segue uma disciplina do serviço, baseada na competência profissional.

c) Dominação Carismática

Às vezes surge na sociedade um indivíduo extraordinário que reúne a sua volta numerosas pessoas que o admiram e reverenciam. Isto caracteriza a autoridade carismática, que depende mais das qualidades pessoais do indivíduo que assume a liderança e do reconhecimento que ele obtém dos demais membros do grupo ou da sociedade. A autoridade de tipo carismática caracteriza-se por uma relação entre o líder e seus discípulos ou apóstolos. O líder é determinado por faculdades mágicas, revelações, heroísmo, carisma, poder intelectual ou oratória. Obedece-se exclusivamente o líder enquanto seu carisma subsiste.

8) Alguém não tem poder?

O poder encontra-se em todos os casos de interação social. O poder está diluído. Mas – e isto é importante que fique claro – as pessoas ou os grupos não compartilham o mesmo poder. O poder é uma relação assimétrica, quer dizer, entre desiguais.
Dizemos freqüentemente que “fulano” tem poder e “beltrano” não. Não está correto.  Nem todos têm a mesma quantidade de recursos, a mesma vontade ou a mesma capacidade de usá-los, de modo que uns acabam dominando e outros tornam-se dominados. Entretanto, todos possuem algum recurso, o que acaba desequilibrando a relação de poder existente. Por isto ninguém domina totalmente, nem para sempre.

Nenhuma influência........... Alguma influência........... Controle

             A escala do poder

O resultado do exercício do poder é a influência, ou seja, levar os outros na direção em que se deseja. Às vezes, o resultado é o controle, que é conseguir o que se quer sem quase nenhuma resistência por parte dos outros. Vemos assim, que o poder segue um continuum, de nenhuma influência, passando por alguma influência, até o controle total da situação.
Sempre que as pessoas interagem, lançam mão de recursos que usam nesta interação. Cada qual tenta por sua maneira influenciar a direção dos acontecimentos e da interação. Por isso dizemos que quase sempre as relações sociais se dão por meio de conflitos, mas nem sempre e nem freqüentemente por meio de conflitos abertos ou violentos. Conflito deve ser compreendido aqui como esse jogo de influências mútuas, a tensão existente em toda relação humana. E nem sempre consegue-se totalmente o que se quer. O oposto do poder é a impotência. Ser impotente significa que alguém não tem controle sobre a situação, que é incapaz de resistir eficazmente quando outros exercem o poder e que não tem capacidade de influenciar a direção da organização social, inclusive da sociedade. A relação de poder é uma necessidade humana. Como o deus Jano, da mitologia greco-romana, ele possui duas faces: capaz do “Bem” e do “Mal”.
Uma outra fonte de poder na sociedade é a organização dos indivíduos em torno de objetivos comuns. Como a sociedade é composta de vários grupos com interesses distintos, é importante um mínimo de organização para que seus interesses sejam, de fato, alcançados. De modo que o poder também emana da organização das pessoas; as que estiverem melhor organizadas têm maior oportunidade de fazer valer sua vontade do que as não organizadas. Isto é importante especialmente no caso das democracias.
Sempre que se trata de coordenar atividades coletivas surge o problema do poder. Mas o exercício do poder está sujeito a algumas condições que têm por efeito limitar o campo de ação dos que dele dispõem. A própria necessidade de mobilização de recursos para que se exerça o poder depende de uma negociação prévia e implica uma dependência daquele que exerce poder. Por isso podemos dizer, ainda, que o poder é sempre uma negociação, um sistema de reciprocidade, ou seja, de trocas. De modo que, qualquer que seja o caso, não somos impotentes perante o poder, pois a relação de poder é sempre parcialmente controlada, não só por aqueles que a exercem, mas também por aqueles sobre quem ela se exerce.

10) O poder tem ética?

O poder tem uma ética própria, ou seja: os fins justificam os meios. Dito desta forma parece um absurdo. Hoje em dia pensamos que apenas técnicos e especialistas deveriam assumir posições de comando na sociedade. Outros acreditam que os homens públicos deveriam ser escolhidos pela sua moral. Não importa se o líder ou o homem público é um especialista ou uma pessoa íntegra e de moral elevada, pois o exercício do poder possui suas regras que, caso não sejam seguidas, derrubam aqueles que não as seguem. A relação de poder possui uma ética específica, própria. O jogo do poder, por diversas vezes, impõe certas regras que a moral individual rejeita. Ora, façamos a distinção: uma coisa é a moral pessoal – a ética privada – e outra coisa é a moral pública – a ética pública. Nós confundimos constantemente as duas. Isto não quer dizer que não devemos fazer uma reflexão ética sobre o poder; ao contrário, devemos refletir muito seriamente sobre os usos que são feitos dos recursos de poder. Em síntese, podemos afirmar que existem dois modos de ver esta questão, duas concepções éticas que orientam a política: uma pensa que a ética do poder está relacionada aos seus objetivos, é uma ética relacionada aos fins que se deseja alcançar e não está subordinada a valores morais; a outra pensa que a ética do poder está subordinada a valores morais e deve sempre se perguntar para o benefício de quem se está exercendo o poder.
 

terça-feira, 8 de junho de 2010

O discurso político

O discurso político é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objectivos sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afectos e sentimentos.
O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o cidadão da "pólis" (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo na "ágora" (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante palavras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para convencer o povo.
O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias, os seus valores e projectos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução, através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito.

discurso político. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-06-08].Disponível em http://www.infopedia.pt/$discurso-politico

Homem Primata - Titãs

Fábrica - Legião Urbana

O Operário em Construção - Vinícius de Moraes

Era Ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

Cândido Portinari, Operário
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer o tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, Cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que a sua marmita
Era o prato do patrão
Que a sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que o seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que a sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
-"Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
E o operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca da sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! -disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem pelo chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

Se os tubarões fossem homens - Bertold Brecht


Bertold Brecht foi um dramaturgo alemão de elevada consciência política. Seus poemas sempre exporam a situação social do povo diante dos poderosos.

Quando crescer vou ser sociólogo

Entenda como trabalha o pesquisador que estuda a sociedade humana

Na colméia, cada abelha tem uma função. A rainha põe os ovos que irão gerar operárias e zangões. As operárias são comandadas pela rainha e constroem os favos do ninho, fazem sua limpeza e alimentam as larvas. Já os zangões vivem apenas o tempo de fecundar a rainha. Mas como sabemos disso tudo? Não foi uma abelha que contou! Essas informações são descobertas por pesquisadores que vivem observando a natureza. Graças à curiosidade deles é possível saber como diversos animais se organizam e se relacionam, o que comem, qual a função de cada membro dentro do seu grupo… Enfim, muitos pesquisadores estudam a vida animal, mas será que alguém estuda a vida dos homens?
Sim, e esta tarefa cabe ao sociólogo! Ele estuda a sociedade, mais precisamente a sociedade humana, ou seja, um grupo de pessoas que vive no mesmo espaço e segue as mesmas regras. De acordo com sua área de interesse, ele pode analisar a sociedade brasileira ou a de outro país, ou ainda diferentes grupos dentro de uma sociedade: índios, mulheres, crianças, e por aí vai. A cada grupo que estuda, destaca como seus membros se relacionam, quais são suas diferenças, seus problemas, em que acreditam, o que consomem e como se organizam. Conhecer os costumes de cada grupo é o primeiro passo para compreender seu modo de vida e a sociedade humana de maneira geral.
Com esse objetivo, o sociólogo também faz trabalhos de campo, ou seja, vai até onde seu objeto de estudo está. “Para entender como a Polícia funciona, por exemplo, o sociólogo pode somente entrevistar alguns de seus membros ou até ingressar na instituição. É a chamada observação participante”, explica Michel Misse, professor de sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Conflito Cidadania e Violência Urbana (NECCVU).
O que não falta é tema para ser analisado pelo sociólogo. Ele estuda instituições como a escola, a família, a Igreja, o governo e até fenômenos sociais como a pobreza e a violência. A intenção é sempre a mesma: entender o comportamento do homem em sociedade e acompanhar sua transformação com o passar do tempo. Assim como os temas de estudo, os locais de trabalho também variam. “O sociólogo pode dar aulas em colégios e universidades, ou ainda ser pesquisador em projetos específicos de empresas privadas, organizações não-governamentais, organismos públicos ou órgãos internacionais. Uma atividade não prende a outra”, explica Michel Misse. Mas depois de entrevistas e pesquisas, como as informações conseguidas pelo sociólogo são utilizadas nesses tais projetos específicos em que ele trabalha?
Para saber, é só prestar atenção em um exemplo prático. Kátia Sento Sé Mello, por exemplo, é professora de sociologia da Faculdade Hélio Alonso (Facha-RJ), pesquisadora do NECCVU e também participa do projeto de criação de um curso para formar a Guarda Municipal de uma cidade. Neste trabalho, ela entrevistou guardas municipais e autoridades da Secretaria de Segurança Pública para saber o que eles esperavam do curso. O trabalho não parou por aí! Após analisar essas informações e fazer muita pesquisa em livros, foram selecionadas as disciplinas mais importantes a serem ensinadas no curso em questão. Viu só? O conhecimento das pessoas envolvidas teve grande utilidade nesse caso.
Quer ver outro exemplo? Imagine que uma empresa pretende lançar um produto qualquer e contrata um sociólogo. O que ele pode fazer? Ora, se o sociólogo conhece os costumes e os gostos da população local, pode, nesse caso, contribuir para que o produto lançado atenda às necessidades da população.
E será que basta gostar de fazer pesquisas, entrevistar pessoas e — pronto! — temos um sociólogo? Nem sempre. Michel Misse conta que para ser um sociólogo é preciso criatividade, gosto pela leitura e curiosidade pelos problemas sociais. O bom profissional também quer contribuir para a melhoria das condições humanas, é contra a injustiça e trabalha bastante. Kátia Mello também dá sua dica: “Quem pretende ser sociólogo deve acreditar que o conhecimento auxilia a transformação das pessoas”.
E foi uma vontade de transformar o mundo que levou Michel e Kátia a fazerem faculdade de Ciências Sociais — curso dividido em Sociologia, Antropologia e Ciência Política, onde a escolha por uma dessas opções se dá no terceiro ano. Mas a vocação não vem da infância, não! Michel queria ser jornalista e Kátia pretendia cursar Letras. Na adolescência, o desejo de entender a sociedade em que viviam foi mais forte e — pimba! — viraram sociólogos. E a vontade de mudar o mundo, ainda existe? “É uma tarefa difícil, mas na sociologia vi que a melhor maneira de transformar o mundo é compreendê-lo e fazer os outros compreenderem também”, confessa Michel. Kátia completa: “Continuo achando que é possível mudar o mundo, mas com esclarecimento”. Está dado o recado! Se você sente o mesmo que eles, quem sabe não vai ser sociólogo quando crescer?!?

Fonte: Ciência Hoje das Crianças 129, outubro 2002, Elisa Martins,Ciência Hoje/RJ

Introdução à Sociologia: cotidiano e interação social

1. Somos “bichos” sociais
Os seres humanos são de “natureza” social, vivem dentro de padrões sociais e são socializados para aprenderem esses padrões. Mas a primeira pergunta que nos cabe é: o que é esta “natureza social” do ser humano? Para respondermos a isso devemos desenvolver o raciocínio seguinte.

a) Os seres humanos possuem um organismo biológico “incompleto”. Isto significa que se não houvesse cultura, se não aprendêssemos com outras pessoas o que precisamos para nos orientar na vida, seríamos uma monstruosidade, um caso psiquiátrico clássico, um caos. Alguns animais já nascem andando e fazendo coisas necessárias a sua sobrevivência, mas o ser humano não, ele precisa aprender. Nascemos com um organismo ainda em formação e sem sabermos falar, andar, nos comportar. Isso aprendemos na vida social. É por isso que podemos até mesmo afirmar que a necessidade da vida social e da cultura para o ser humano possui um fundamento biológico. O ser humano possui uma abertura para o mundo que lhe possibilita ser qualquer coisa que escolher. Mas por ter um organismo incompleto e por ter essa capacidade de aprender, essa plasticidade (sua abertura para o mundo), se não vivesse em grupo e aprendesse com o grupo, os seres humanos sucumbiriam aos desafios da natureza. Essa abertura precisa ser relativamente fechada por meio de padrões de conduta e formas de pensar que ele aprende na vida social. O ser humano é um ser que possui uma enorme plasticidade, isto é, capacidade para se moldar a condições bem diversas de vida.
b) Temos poucos instintos, porém temos instituições sociais. O ser humano possui alguns instintos básicos referentes à sobrevivência, à sexualidade etc. Mas diferentemente de outras espécies animais, seus instintos ajudam muito pouco. Ele não pode depender de uma programação genética que, a rigor, não possui. Devido a essa abertura para o mundo, devido a ter um organismo biológico extremamente generalista, isto é, capaz de adaptações numa escala ampla, devido a não ter muitos instintos, o ser humano supre essa carência com a construção de instituições sociais que regem as mais diversas áreas de sua vida por meio de ritos e normas específicas: o casamento, o Estado, a justiça etc.
c) Desde o nascimento dependemos de outros para sobreviver. É preciso que outros nos alimentem e protejam do perigo. E também que nos dêem afeto e amor, que nos ensinem a ter auto-estima, elementos essenciais para o crescimento. Isso se aplica aos bebês e às crianças pequenas, mas também a toda nossa vida. Estamos sempre aprendendo com o grupo.
d) Aprendemos com outros a sobreviver. Quando nascemos, não sabemos como sobreviver. O instinto não ajuda muito. Nossas ações são aprendidas; emergem da interação com outros: pais, amigos, professores, ídolos da televisão, estranhos, livros etc. Aprendemos a falar, a amar, como e quando lutar, trabalhar e nos divertir. Aprendemos a falar o que pensamos, a nos defender e fazer comida. A vida é aprender a resolver problemas com que nos defrontamos. Esse é um processo contínuo. Assim, temos de aprender também a viver quando nos aposentamos, e até mesmo aprender a morrer.
e) Passamos a vida inteira num grupo social. Todos nós nascemos em uma sociedade, e raramente a deixamos. Vivemos nela a vida toda. Muitos nascem e morrem sem ter tido contato com outro grupo social. Vivemos em uma comunidade organizada. Trabalhamos e nos divertimos em muitos grupos formais e informais. Cada um possui regras que devemos seguir ou códigos de conduta e comunicação; cada um nos socializa. Muitos dão sentidos a nossa vida (pensem no caso de uma pessoa religiosa, onde seu trabalho na igreja é sua vida; ou ainda em pessoas que fazem de seu trabalho e de sua empresa o seu projeto de vida). Não é possível imaginarmos que os grupos dos quais participamos não influem em nosso modo de ser na vida.
f) Muitas de nossas qualidades individuais dependem de interação. Cada um de nós desenvolve idéias, princípios, valores, objetivos, interesses, talentos, emoções e tendências para atuar no mundo que dependem da nossa história de vida. É a interação que direciona essas qualidades individuais. Até para ser um indivíduo precisamos da vida social. Se observarmos outras sociedades, veremos que a idéia de indivíduo não existe para todas. O indivíduo concreto, empírico, de fato existe. Porém, o indivíduo enquanto construção moral e jurídica, enquanto sujeito, não existe para todas as sociedades. Como nós o pensamos, ele é uma construção ocidental moderna. Nossas sociedades permitem diferenciações até ao nível individual. Somos diferentes uns dos outros também por termos uma história diferente, pois ninguém é socializado da mesma forma.
g) Desenvolvemos um Eu e uma dimensão simbólica. Os símbolos e o Eu são qualidades humanas que mudam nossa interação com o meio e com os outros. Em vez de simplesmente reagir a estímulos, de meramente sermos condicionados por outros, nós nos tornamos seres ativos devido a essas qualidades. Seres humanos não são robôs. Os símbolos (que são tudo aquilo que representa outra coisa, como as palavras) são fundamentais para a vida social e humana, pois é por meio deles que nos comunicamos e desenvolvemos nossa capacidade de pensar. O Eu é nossa capacidade de pensarmos sobre nós mesmos e de criarmos uma identidade. Podemos até dizer que o Eu é nossa identidade, aquilo que acreditamos que somos, como nos percebemos. A vida social não seria possível sem essas qualidades. Mais que isto, essas qualidades humanas somente podem ser desenvolvidas pela interação entre os indivíduos, ou seja, na vida social. E são aprendidas e desenvolvidas pela socialização. São essas qualidades que nos permitem resolver problemas, são elas que explicam a diversidade de costumes entre os seres humanos e são elas também que nos permitem ser autônomos. Isto significa que é justamente porque dependemos de outros no início de nossa vida que conquistamos um certo de espaço de autonomia, ainda que limitada pelas normas sociais.
h) Somos atores sociais. Isto significa que, gostando ou não, constantemente ajustamos nossas ações àqueles que nos cercam. Sim, tentamos, às vezes impressionar os outros, nos comunicar com eles, influenciá-los, evitá-los ou, no mínimo, ajustamos nossas ações de modo a poder fazer o que desejamos sem sermos importunados por essas pessoas. Contudo, como vivemos em meio a outros indivíduos, nossas ações são formadas tendo-os em mente. O que quer dizer: agimos orientados pelas expectativas e comportamentos dos outros. A vida social é, em grande medida, um sistema de reciprocidade, de relações que se constituem por expectativas recíprocas, pelas tentativas de manipulação das impressões por meio do desempenho de papéis sociais. Somos atores sociais, temos de levar em consideração as ações dos outros quando atuamos, pois não vivemos no isolamento. O que fazemos, em grande medida, resulta ou é influenciado pelo que fazem as pessoas à nossa volta. Mas dizer que somos atores sociais também é afirmar que somos, em parte, livres e que atuamos e influenciamos uns aos outros. Que somos capazes de escolhas, ainda que essas escolhas sejam sempre limitadas e contextualizadas.