sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desobediência civil



Desobediência civil é uma forma de protesto a um poder político (seja o Estado ou não), geralmente visto como opressor pelos desobedientes. É um conceito formulado originalmente por Henry David Thoreau e aplicado com sucesso por Mahatma Gandhi no processo de independência da Índia e do Paquistão.

Aspectos gerais
O autor americano Henry David Thoreau foi o pioneiro a estabelecer a teoria relativa dessa prática em seu ensaio de 1849, originalmente intitulado "Resistência ao Governo Civil", que mais tarde reintitulou "Desobediência Civil". A idéia predominante abrangida pelo ensaio era de auto-aprovação e de como alguém pode estar em boas condições morais enquanto "escraviza ou faz sofrer um outro homem"; então não precisamos lutar fisicamente contra o governo, mas sim não apoiá-lo nem deixar que ele o apóie estando você contra ele. Este ensaio exerceu uma grande influência sobre muitos praticantes da desobediência civil. No ensaio, Thoreau explicitou suas razões porque se recusara a pagar seus impostos, como um ato de protesto contra a escravidão e contra a Guerra Mexicana.


Vale ressaltar, no entanto, que antes de Thoreau, existiram outros que, através de teorias próprias mas acessórias a outras teses principais que também esposaram atos que demonstram atos de desobediência civil, como faz Antígona, na peça Grega de Sófocles. Também outros teóricos, em especial do Iluminismo trataram de possibilidades de desobediência quando apresentavam suas teses de cunho político e jurídico acerca da formação do Estado e da submissão do povo a este, como Hobbes, Jean-Jacques Rousseau e Kant. Contudo, Thoreau, foi o primeiro a tratar especificamente da desobediência à ordem instituída. A desobediência civil serviu como uma tática principal aos movimentos nacionalistas em antigas colonias da África e Ásia, antes de adquirirem a liberdade. O mais notável, Mahatma Gandhi, usou a desobediência civil como uma ferramenta anti colonialista. Martin Luther King, líder do movimento dos direitos civis dos Estados Unidos nos anos da década de 1960, também adotou as técnicas da desobediência civil e ativistas anti-guerra, tanto durante quanto depois da Guerra do Vietnã, também agiram igualmente.

Paradas de demonstração de opinião e protestos, como as campanhas anti-guerra que ocorreram contra a invasão ao Iraque não são necessariamente desobediência civil, pois muitos cidadãos que dessas campanhas participam continuam apoiando o governo de outras formas.


Muitos dos que praticam a desobediência civil o fazem desprovidos de crença religiosa e o clero frequentemente participa ou lidera ações de desobediência civil. Por exemplo: os irmãos Berrigan nos Estados unidos, são padres que já foram diversas vezes presos em atos de desobediência civil em manifestações contra a guerra.

Buscando uma forma ativa de resistência, aqueles que praticam a desobediência civil escolhem deliberadamente por quebrar certas leis, seja formando piquetes pacíficos ou ocupando ilegalmente algum prédio. Fazem isso na expectativa de que serão presos, ou até mesmo atacados pela autoridade. Existem métodos já estudados de como reagir a ataques e tentativas de prisão, de maneira que possam fazê-lo sem resistência, passivamente, sem problemas para as autoridades.
Aspectos jurídicos

A Desobediência Civil, de acordo com alguns teóricos juristas brasileiros e estrangeiros, como Maria Garcia, Machado Paupério e Nelson Nery da Costa, é uma das formas de expressão do Direito de Resistência, sendo esta uma espécie de Direito de Exceção que, embora tenha cunho jurídico, não necessita de leis para garanti-lo, uma vez que se trata de um meio de garantir outros direitos básicos. Ele tem lugar quando as instituições públicas não estão cumprindo seu fiel papel e quando não existem outros remédios legais possíveis que garantam o exercício de direitos naturais, como a vida, a liberdade e a integridade física.

Além da Desobediência Civil, também são exemplos de resistência o Direto de Greve (para proteger os direitos homogêneos dos trabalhadores) e o Direito de Revolução (para resguardar o direito do povo exercer a sua soberania quando esta é ofendida).
Referências Bibliográficas

* COSTA, Nelson Nery. Teoria e Realidade da Desobediência Civil
* GARCIA, Maria. Desobediência Civil - Direito Fundamental
* THOUREAU, Henry David. A Desobediência Civil.

Linchamento


QUINHENTOS MIL CONTRA UM -Linchamento é fruto de um Estado débil. No ranking do horror, São Paulo, Salvador e Rio lideram

POR: Flávia Tavares - O Estado de São Paulo



SÃO PAULO - No fim de semana passado, três homens suspeitos de roubo foram linchados na periferia de Salvador. No sábado, Emílio Oliveira Silva e Michael Santa Izabel, acusados de saquear residências da vizinhança, foram linchados por mais de 30 pessoas. Emílio foi morto a pauladas. Domingo, a vítima foi um homem de identidade desconhecida. Ele também foi perseguido por mais de 30 moradores, que o acusavam de roubar uma TV. Morreu no local, a 200 metros de onde Emílio e Michael foram atacados. Na noite de segunda-feira, em Ribeirão Preto (SP), o estudante Caio Meneghetti Fleury Lombardi, que invadiu um posto de gasolina, atropelou o frentista Carlos Pereira Silva e tentou fugir, sofreu uma tentativa de linchamento. Por fim, na quinta-feira, um adolescente da Fundação Casa (ex-Febem) foi linchado até a morte por outros internos, em Franco da Rocha (SP).

Foram cinco casos noticiados em 6 dias. Não se trata de uma epidemia - em nosso contexto, é algo normal. José de Souza Martins, sociólogo e colaborador do Aliás, estuda linchamentos há quase 30 anos e documentou 2 mil casos. Ele faz uma estimativa surpreendente: no Brasil, possivelmente o país que mais lincha no mundo, há 3 ou 4 casos por semana. Geralmente, nas periferias das cidades, com São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro à frente.

A análise minuciosa de como se dão essas atrocidades é dolorosa, mas reveladora. Mais de 500 mil brasileiros e brasileiras, incluindo crianças, participaram de linchamentos nos últimos 50 anos - e quase ninguém foi punido. A seqüência de agressões vai do apedrejamento à mutilação. Não é uma questão de pura maldade: é a população agindo, equivocadamente, onde a Justiça não atua.

José de Souza Martins, de 69 anos, professor de sociologia da Faculdade de Filosofia da USP, está lançando dois livros - uma reedição ampliada de Sociabilidade do Homem Simples (Ed. Contexto) e o inédito A Aparição do Demônio na Fábrica (Ed. 34), ambos sobre a cultura operária. Na entrevista a seguir, ele discorre sobre o fenômeno do linchamento, tema que pretende, em breve, transformar em livro.

O Brasil é o país que mais lincha no mundo?

Possivelmente. Isso nos últimos 50 anos, período que minha pesquisa abrange. Não dá para ter certeza, porque linchamento é o tipo de crime inquantificável. Mesmo os americanos, quando tentaram numerar seus casos, tiveram fontes precárias. O linchamento é um crime altruísta, ou seja, um crime social com intenções sociais. O linchador age em nome da sociedade. É um homem de bem que sabe que está cometendo um delito e não quer visibilidade. Por outro lado, no Código Penal brasileiro não existe o crime de linchamento, somente o homicídio. Então, ele não aparece nas estatísticas. Os casos são diluídos. Estimo que aconteçam de 3 a 4 linchamentos no País por semana, na média. São Paulo é a cidade que mais lincha. Depois, vêm Salvador e Rio de Janeiro.

Que análise o senhor faz de um país habituado ao linchamento?

As sociedades lincham quando a estrutura do Estado é débil. Há momentos históricos em que isso acontece. Na França, depois da 2ª Guerra Mundial, quando não havia uma ordem política, havia a tonsura (a raspagem dos cabelos) de mulheres que tiveram relações sexuais com nazistas. Era uma forma de estigmatizar, para que ela ficasse marcada. O linchamento original, nos Estados Unidos, tinha essa característica.

O que configura um linchamento?

É uma forma de punição coletiva contra alguém que desenvolveu uma forma de comportamento anti-social. O anti-social varia de momento para momento e de grupo para grupo. Na França, ter traído a pátria era um motivo para linchar. No caso da Itália, aconteceu o mesmo. No Brasil, é o fato de não termos justiça, pelo menos na percepção das pessoas comuns. Nesse caso do atropelamento de um frentista em Ribeirão Preto, por exemplo, o delegado decidiu inicialmente por crime culposo (depois mudou para doloso). As pessoas que tentaram linchar o rapaz acreditavam que não haveria justiça, já que a pena seria mais leve por conta da atenuante.

Qual o perfil de quem é linchado?

Em geral, é linchado o pobre, mas há várias exceções. Há uma pequena porcentagem superior de negros em relação a brancos. Se um branco e um negro, separadamente, cometem o mesmo crime, a probabilidade de o negro ser linchado é maior.

Que criminoso é mais vulnerável?

O linchado pode ser desde o ladrão de galinha até o estuprador de criança. Sem dúvida, os maiores fatores são os casos de homicídio. Se a vítima do assassino é uma criança ou um jovem, ou se houve violência sexual, os linchamentos são freqüentes. Há muitas ocorrências por causa de roubo, especialmente se o ladrão é contumaz. Acredito que tenha sido o caso dos rapazes em Salvador. A própria população estabelece uma gradação da pena que vai impor ao linchado. Esta é a dimensão de racionalidade num ato irracional.

Como funciona essa gradação?

Um ladrão de galinha vai sair muito machucado - e pode acontecer de ele morrer. Mas o risco de ser queimado é mínimo. Com o estuprador é o contrário. Há também uma escala de durabilidade do ódio. Se um ladrão sobreviver durante 10 minutos de ataque, está salvo. Tem havido muitas tentativas de linchamento em acidentes de trânsito. Mas normalmente a polícia chega logo e evita o ataque.

Mulheres são linchadas?

É raríssimo. Nos 2 mil casos que estudei, há dois ou três em que uma mulher foi a vítima. Agora, há muitas mulheres linchadoras no Brasil. Mulheres e crianças.

Quem são os linchadores no Brasil?

Não há tanto uma divisão de ricos e pobres. De modo geral, os linchamentos são urbanos. Ocorrem em bairros de periferia. Porém, há linchamentos no interior do País, onde quem atua é a classe média. O caso mais emblemático é o de Matupá, no Mato Grosso. O linchamento foi filmado e passado pela televisão, no noticiário. Três sujeitos assaltaram o banco, a população conseguiu linchá-los e queimá-los vivos. Isso foi a classe média. E quando a classe média lincha, a crueldade tende a ser maior, porque ela tem prazer no sofrimento da vítima. O pobre é igualmente radical, porém é mais ritual na execução do linchamento.

Qual é a diferença entre um linchador cruel e um ritual?

No caso de Matupá, por exemplo, o prazer de quem linchou foi ver sofrer. Os três nem sequer cometeram um crime contra a comunidade. Já o pobre lincha quando a condição humana é violada. É uma punição sacrificial da vítima do linchamento pelas vítimas que ele causou. Isso não exclui a crueldade, mas ela é diferente. A idéia, nesses casos, é punir o corpo e a alma. Há um caso no sertão da Bahia, na região de Monte Santo. Um rapaz estupra e mata uma professora da região. Ele é preso num quartel. Naquela noite, uma pequena multidão chega de caminhão ao quartel, rende os soldados, tira o sujeito da cadeia e o leva para o local do crime. No caminho, vão mutilando o rapaz. Chegando lá, ele ainda está vivo, mas é uma pasta. O moço é queimado vivo, que é como a maior parte dos linchamentos acaba no Brasil. Ou seja, ele teve de derramar seu sangue onde foi derramado o sangue de sua vítima.Aparentemente, é um ritual de troca do sangue. Como ele derramou o de uma pessoa inocente, de uma mulher presumivelmente virgem - o que agrava a dimensão simbólica e a sacralidade do corpo violado -, ele foi queimado. Na crença popular, quem morre desfigurado por violência não encontra o caminho da eternidade. O cego, especialmente. Por isso, é comum que arranquem os olhos do linchado.

A característica ritual desses linchamentos é uma invenção brasileira?

Levantei muito material sobre os EUA, onde a cultura é protestante. Lá, o caráter ritual não aparecia. A execução de negros, por exemplo, era sumária, por enforcamento. Inclusive, depois se fotografava o linchado e produziam-se cartões-postais com essas imagens. Era um ato para mostrar quem mandava.

O linchamento já foi usado como pena instituída?

Existe uma tradição antiga de vários países, especialmente asiáticos e árabes, em que a punição para determinados crimes é o linchamento por apedrejamento. Mas reservamos o termo para o início da sociedade moderna, em que surge a figura da multidão "indiferençada". O típico linchamento é na rua. Se há um assalto e alguém grita, forma-se uma multidão que não tem identidade. Quem passa por ali ataca. Não há planejamento.

As pessoas têm consciência do que estão fazendo?

Muitas vezes, não. E há casos comprovados disso. Um rapaz negro foi linchado na periferia do Rio e, quando a polícia chegou, havia uma velhinha da vizinhança, tipo vovozinha, com uma colher tentando arrancar os olhos do rapaz. A polícia teve enorme dificuldade para tirá-la de cima do morto. Foi preciso levá-la para o hospital e medicá-la para que voltasse a si. A multidão passa a ser outro sujeito.

Estamos todos sujeitos a participar de um linchamento?

Se você tem valores bem fundamentados, não vai participar de um linchamento. Ele envolve pessoas cuja referência social é frágil. O problema é que elas são maioria no Brasil. Estima-se que 500 mil brasileiros tenham participado de linchamentos nos últimos 50 anos. Não é um número pequeno.

Como agem os linchadores?

Inicialmente, corre-se atrás do linchado. A vítima sempre corre, mesmo armada. É tudo muito covarde, porque as pessoas não atacam com as mãos. Primeiro, estonteiam a vítima com pauladas e pedradas. Arrastar a pessoa é comum, sempre pelos pés, que é mais uma forma de degradar. O passo seguinte é a mutilação. Em caso de crime sexual, há a castração e, às vezes, ela é seguida por atos ainda mais humilhantes, como o de colocar o pênis do rapaz em sua própria boca. Por fim, queima-se o sujeito, vivo ou morto.

Esse tipo de imagem nos leva àquela velha questão: intrinsecamente, o homem é mau?

Não diria isso. Mas a camada de civilização é muito fina. Tudo o que a gente chama de civilização, esse conjunto de valores, é muito frágil. Basta um acontecimento que rompa essa seda para que o ser humano primitivo que está ali, embutido não de maldade, mas de instintos, venha para fora. Porém, mesmo na reação instintiva, há regras.

Há picos de linchamento no Brasil?

Sim. Pegando os últimos 50 anos, logo após o fim da ditadura militar, o sentimento da população era de que a ordem havia acabado e que tudo era incerto. E esse clima não acabou. Outro pico foi no fim da ditadura de Getúlio Vargas. E há um detalhe interessante. Quarta e quinta-feira são os dias de pico. Em geral, há poucos linchamentos aos domingos e segundas-feiras.

Por quê?

Provavelmente, porque nossos linchamentos são urbanos e, no meio da semana, as pessoas estão no pico do estresse, mais frágeis para resistir à tentação.

Punir quem lincha é uma forma de reprimir os linchamentos?

Quem mata tem que ser punido. Não punir significa estimular. Mas é difícil punir. Há um caso curioso no oeste de Santa Catarina, mais ou menos 20 anos atrás. Um rapaz foi linchado e levou uns 20 dias para morrer. Antes disso, conseguiu identificar 23 linchadores. Eles foram a julgamento. Os jurados absolveram 22 acusados. Só condenaram um: o mais pobre. Ele foi condenado a 7 anos de prisão. É complicado levar a julgamento, porque o júri tende a ter simpatia pelos linchadores.

Há mais casos de pessoas que foram presas por linchamento?

Sim, mas só um caso de condenação efetiva que eu conheça.

O fato de o linchamento não ser tipificado altera os números de violência no Brasil?

O número de assassinatos e tentativas de assassinato que não ocorrem por meio de linchamento é muito maior do que os que são provocados por linchamento. Então, isso não afeta significativamente os números de violência. Afeta, sim, a quantificação de linchamentos no Brasil. Há períodos em que acontecem mais e há períodos, de algumas semanas, em que nada acontece.

Quando?

No mês da Copa de 98, por exemplo, o Brasil não registrou nenhum linchamento. Poucas horas depois do último jogo da seleção brasileira, aconteceu um linchamento, que não tinha nada a ver com a partida. Isso confirma que há momentos, como a Copa do Mundo e a morte de grandes ídolos, como foi a do Ayrton Senna, em que a sociedade brasileira comunga. A desordem deixa de existir, porque há um sentimento que prevalece sobre o conjunto da diversidade e das adversidades. O Brasil só é Brasil nesses momentos.

Que papel a polícia desempenha nos linchamentos?

A polícia militar tem sido exemplar na proteção da vítima de linchamento. Inclusive, expondo-se a perigos. Às vezes, diante de evidências de que vai ocorrer um linchamento, a polícia se omite para permitir que ele ocorra. Mas, em geral, isso vem da polícia civil. Quando o delegado coloca um preso em determinada cela, pré-julga o criminoso e não o isola, ele está participando do linchamento que aquele preso pode sofrer na cadeia.

De onde vem o termo linchamento?

De um tal juiz Lynch, que atuava no oeste dos EUA, no século 18. Ele não era um juiz de verdade. As cidades que estavam nascendo ali não tinham lei. Quem violava as regras que estavam na consciência das pessoas era punido com o linchamento, que lá consistia em recobrir o corpo do fulano de betume e colocar penas de galinha nele, obrigando-o a desfilar pelo povoado, para todos saberem que ele deveria ser evitado. Era um linchamento moral e físico. No Brasil, já linchávamos no século 16. É o registro mais antigo que tenho.

Nos EUA, o linchamento esteve muito associado ao racismo. É surpreendente que, em tão pouco tempo, o país possa eleger um negro?

Os linchamentos dos EUA eram feitos principalmente entre pobres - pobres brancos linchando pobres negros. O governo Roosevelt criou alternativas para brancos e negros, com o desenvolvimento econômico. Além disso, as mulheres, que eram usadas como desculpa para linchar, fizeram um movimento lindíssimo e desarmaram a predisposição dos maridos. O último linchamento de que tenho notícia lá foi uns 10 anos atrás, de negros linchando um negro. As mudanças econômicas e as guerras, que abriram a possibilidade de um negro ser general, foram importantes. Os americanos já têm a Condoleezza Rice no governo, uma mulher muito culta. E isso abre caminho para o Barack Obama. Ainda há muito racismo, mas nada que mobilize multidões.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Campanha do desarmamento quer superar marca de um milhão de armas

Inicia em maio a nova campanha do desarmamento. A meta do governo é superar os números anteriores, quando foram recolhidas mais de 1 milhão de armas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Abraço Grátis 2010

Abraço Grátis 2010

Abraço Grátis 203 2010

Vídeos dos trabalhos de Sociologia - 2010

Ufa! Demorou mais que eu queria, mas finalmente consegui postar os vídeos dos trabalhos de 2010. Estão no meu canal do Youtube. Confiram:

http://www.youtube.com/user/cleberfcduarte

sábado, 16 de abril de 2011

O massacre no Realengo e a proibição da venda de armas

A comoção nacional provocada pelo assassinato a tiros de 12 crianças, e ferimento de outras 12, na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, no Rio de Janeiro, recoloca em debate uma questão que foi submetida a referendo em 2005 e, sob forte artilharia da direita e dos setores mais conservadores, foi decidida a favor daqueles que apoiam a comercialização de armas: a questão da proibição ou não da venda de armas de fogo.

Foi uma decisão que o senador José Sarney (PMDB-AP) quer corrigir. Ele anunciou a intenção de convocar um plebiscito, para ocorrer em outubro, que voltará a perguntar aos brasileiros: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”.

O massacre ocorrido no Rio de Janeiro, no último dia 7, envolve um conjunto de circunstâncias trágicas que vão desde a saúde mental do próprio criminoso, que se suicidou, até a facilidade ao acesso (mesmo ilegal) a armas e munições. A existência de obstáculos ao comércio da violência certamente cercearia ou dificultaria a realização daquele ato insano cometido contra os alunos, meninos e meninas, daquela escola.

O Estatuto do Desarmamento aprovado em 2003 previa a proibição da venda de armas de fogo – um item que, para entrar em vigor, dependia da aprovação num referendo que o próprio Estatuto marcou para 2005.

A campanha em defesa do comércio das armas de fogo ocorreu num momento de violento ataque conservador contra o presidente Lula e foi um divisor de águas que alinhou os conservadores e a direita entre os que defendiam a revogação daquela proibição. A propaganda foi fortemente emocional, baseada principalmente no argumento discutível do direito do cidadão escolher o procedimento que julgue melhor para sua própria defesa contra roubos ou mesmo ameaças de morte.

Isto é, macaqueando a realidade violenta da sociedade norte-americana, a direita e os conservadores propagaram a ideia da privatização (ou individualização) da defesa pessoal, desconsidera-o como um direito de todos e um dever do Estado.

O resultado do referendo foi avassalador, e uma derrota significativa para os setores democráticos e não violentos, que defendiam a proibição do comércio de armas. Os defensores deste comércio alcançaram 59 milhões de votos (64%), contra os 33 milhões (36%) que votaram pela proibição da venda de armas.

Em consequência, nos cinco anos seguintes a venda legal de armas cresceu 81%. Em 2004, antes do referendo, foram vendidas 63 mil pistolas e revólveres. Dois anos depois da vitória do “não”, esse número pulou para 134 mil! E continuou crescendo, de tal forma que em cinco anos, entre 2005 e 2010, chegou a mais de 635 mil.

Levantamentos feitos pela organização Viva Rio mostram que devem existir 16 milhões de armas no Brasil, sendo 14,5 milhões em poder de civis. Metade delas seriam armas ilegais ou clandestinas. Para piorar, o preço das munições e das próprias armas no mercado negro é muito baixo, como diz a secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário. "Uma bala custa R$ 5. Uma arma no mercado clandestino custa R$ 50 ou R$ 100. É possível vivermos com isso? Não, não é possível", reage a ministra, que apoia a convocação de um novo plebiscito sobre o assunto.

Este é um problema grave. Armas compradas legalmente podem ser roubadas (a audácia dos assaltantes chega inclusive a assaltar quartéis e delegacias!) irrigando um mercado negro florescente no qual tiveram origem as armas usadas no massacre da Escola Municipal Tasso da Silveira.

E as campanhas de desarmamento tem resultados que podem ser considerados irrisórios. O próprio deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o campeão da “bancada da bala” na Câmara dos Deputados, admite que nos últimos quatro anos apenas 500 mil armas foram retiradas de circulação voluntariamente nas campanhas de desarmamento ocorridas.

Neste sentido, a proposta do senador José Sarney merece apoio. Ela é uma homenagem às vítimas do insano atirador da Escola Municipal Tasso da Silveira.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Linguagem falada humana surgiu na África

O continente africano parece ser mesmo o berço de basicamente tudo que se refere a espécie humana, inclusive da linguagem falada. Uma análise dos sons usados na comunicação humana feita pelo pesquisador Quentin Atkinson, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, indica que ela nasceu apenas uma vez, na África.

O trabalho foi feito com base em 504 línguas diferentes, e mostrou que há uma maior diversidade de fonemas nas línguas africanas e uma menor, na fala dos povos da América do Sul e do Pacífico. “Eu sabia que uma das evidências que dão suporte à origem do homem moderno na África é a diminuição da diversidade genética com o aumento da distância da África", explicou Atkinson ao iG.

De acordo com ele, isto se encaixa no chamado "modelo do efeito fundador", no qual populações que se expandem por novos territórios passam por períodos de gargalo - épocas de diminuição do tamanho da população - durante os quais há uma perda de diversidade.

"Esta teoria prevê que a diversidade deveria ser maior no ponto de origem da expansão”, prossegue o pesquisador. E completa: “Eu sabia que as linguagens têm um menor número de fonemas (usam menos sons) em populações pequenas, e pensei que seria interessante verificar se havia um efeito fundador linguístico, e onde ele colocaria a origem da linguagem”.

A diminuição do número de fonemas não pode ser explicada, segundo Atkinson, por outros fatores, como mudança demográfica, e é uma forte evidência de que a origem de todas as línguas humanas modernas ocorreu na África. Publicado na revista Science desta quinta-feira, 14, o resultado surpreendeu o próprio pesquisador, que esperava que a distribuição dos fonemas ao redor do mundo fosse aleatória.

“Em vez disso, há estas claras diferenças regionais[...] e elas levam a uma origem na África, como vemos com os genes”, afirmou.

“Gosto da ideia de que todas as línguas vêm de uma mesma origem", comentou. "Do ponto de vista de que a linguagem é um marco da identidade cultural, isto significa que, como nossa herança genética, ela provém da África."

Fonte: Portal iG